O
próximo domingo, dia 26, marca as celebrações, no Brasil, do dia do goleiro. O Bahia
sempre me pareceu muito bem servido nessa posição. Quando me atrevo a realizar
a hercúlea tarefa de escalar uma seleção dos melhores jogadores do Tricolor que
vi jogar, ciente de todo tipo de injustiça, costumo promover um revezamento
entre três nomes com a camisa 1 do meu escrete: Ronaldo Passos, Jean e Emerson.
Ronaldo
foi o primeiro goleiro que lembro de ter acompanhado no Bahia. Ele, que esteve
no clube durante praticamente toda a década de 1980, era considerado baixo para
a posição, mas compensava com uma impulsão que impressionava. Na campanha do
título brasileiro de 1988, começou como titular, sofreu uma lesão, mas retornou
na fase final, quando foi fundamental para a conquista. É apontado pelos
companheiros como decisivo nos confrontos contra o Sport, pelas
quartas-de-final. Brilhou demais também na decisão contra o Inter, em Porto
Alegre.
A
segunda estrela teve contribuição decisiva também de Sidmar, que assumiu a
titularidade após a lesão de Ronaldo. Teve atuações memoráveis naquela
competição, até deixar o clube antes da fase final, por questões contratuais.
Se
Ronaldo dominou a década de 1980, grande nome da posição nos anos 1990 foi
Jean. O primeiro da família a fazer sucesso na meta tricolor, anos antes de ver
o próprio filho, homônimo, se destacar na mesma posição. Ele estreou em 1992.
Em 1994, fez uma temporada espetacular, fundamental no título baiano do
inesquecível gol de Raudinei e um dos principais nomes da posição no Brasileiro
quando o Bahia chegou entre os oito melhores. Foi bem também em 1995 e 1996.
Após um ano no Cruzeiro retornou em 1998, conquistando o título baiano.
Emerson
chegou ao clube em 2000, ano seguinte à conquista da Copa do Brasil pelo
Juventude, quando chamou a atenção e foi carrasco do Tricolor no confronto
pelas quartas-de-final. Foi muito bem principalmente em suas três primeiras
temporadas. Na segunda, em 2001, foi o melhor goleiro do Brasileiro. Deixou o
clube no final de 2005. Era um líder nato, além de ser muito tranquilo e seguro.
Também
sou fã de outros arqueiros que guardaram muito bem a nossa meta. Nessa coluna,
já externei a minha admiração por dois estrangeiros dos anos 1990. O uruguaio
Rodolfo Rodríguez (1993 e 1994) e o camaronês William Andem (1997).
Na
primeira década do novo milênio, outros nomes tiveram curtos, mas bons
momentos. Como Márcio, revelado na base do clube, que teve seu grande momento
em 2004. Marcelo se destacou em 2009 e 2010. Fernando Leal chegou em 2008 ao
clube e foi titular no acesso para a Série A em 2010, depois da suspensão de
Renê.
Na
década atual, Marcelo Lomba foi o primeiro a se destacar. Titular de 2011 a
2014, passou um ano na Ponte Preta e retornou em 2016, mas não conseguiu
repetir o rendimento anterior e deixou o clube. Muriel chegou e foi fundamental
no acesso para a Série A em 2016. No ano seguinte, Jean, o filho, que fez uma
temporada irretocável. Não poderia também deixar de destacar Douglas (desde
2018) e Anderson (desde 2016), atuais principais goleiros do elenco tricolor.
Faço
aqui também menção a outros grandes arqueiros que defenderam a meta tricolor
antes que eu começasse a acompanhar o futebol, como Nadinho, campeão brasileiro
pelo clube em 1959, o argentino Carlos Buttice (1972 a 1974), Joel Mendes (75 a
77), Renato 74 (70 a 72), Luis Antônio (75 a 80), outro Renato (79 a 82), que
trazia a experiência de ter participado de Copa do Mundo em 1974.
publicado originalmente no Jornal A Tarde do dia 23.04.2020