Leandro Silva
O que o futebol e o rugby têm a ver? Poderia perguntar o leitor. A resposta é que a origem desses dois esportes está entrelaçada.
Os dois esportes se confundiam até o século XIX e era difícil descobrir as regras de um ou de outro. As críticas quanto à violência criavam uma pressão para que as regras do futebol fossem definidas e que ele fosse definitivamente separado do rugby que era considerado violento demais para ser um esporte. As regras do futebol moderno surgiram em 1863, na Inglaterra.
Talvez como herança desse parentesco com um esporte em que a essência é o contato físico, o futebol na Inglaterra sempre foi identificado apenas com força e violência. A habilidade? Essa era especialidade dos latinos. Mas esse mito vem sendo quebrado, claro que com a colaboração de latinos e africanos, e o Campeonato Inglês passou a ser considerado um dos mais atraentes, e bonitos de se ver, do mundo, além de ser o mais rico.
Desde a criação da Premier League, em 1992, a liga que cuida da primeira divisão local, e da venda de muitos clubes ingleses para milionários, os investimentos no futebol só crescem.
Graças a isso, os clubes podem manter os jogadores da seleção local. Do time que enfrentou e empatou com o Brasil, no dia 1º de junho, em Wembley, apenas David Beckham não atua mais no futebol inglês. Além disso a organização e os altos salários conseguem seduzir destaques de outras seleções.
A criação da Premier League marca uma espécie de ressurreição do futebol inglês, que parecia acabado com a violência dos famosos hoolingans, os torcedores ingleses.
NOVA TEMPORADA – Muito já se falou sobre o fato de as casas de apostas inglesas pagarem menos para um apostador que acredite na existência de vida em outros planetas do que naquele que aposte que alguma outra equipe além das quatro principais - Manchester United, Chelsea, Liverpool e Arsenal - consiga chegar ao título. Isso dá uma noção do favoritismo desses quatro gigantes.
Na atual temporada, até o Arsenal está sendo um pouco descartado desse grupo seleto de favoritos, depois da perda do craque Thierry Henry, que foi para o Barcelona. A tendência é de um novo campeonato bi-polarizado entre Manchester United, atual campeão, e Chelsea.
INVASÃO BRASILEIRA – Dos grandes centros europeus, a Inglaterra sempre foi a que menos contou com jogadores brasileiros nos elencos de seus clubes. Para atuar na Premier League, um jogador de alguma nacionalidade que não faça parte da União Européia precisa ter atuado em pelo menos 75% dos jogos da seleção do seu país nos últimos 12 meses. A rotatividade na seleção brasileira é muito grande e isso sempre atrapalhou a contratação dos brasileiros.
Na última temporada quatro brasileiros atuavam nos quatro grandes: Gilberto Silva, Denílson e Julio Baptista no Arsenal e Fabio Aurélio, no Liverpool. Apenas Gilberto Silva era titular. Destes, somente Júlio Baptista deixou o futebol inglês, mas o Arsenal repôs a colônia brasileira com Eduardo da Silva, que atua na seleção da Croácia.
O Liverpool contratou Lucas Leiva, do Grêmio para fazer companhia a Fábio Aurélio. O Manchester United levou Anderson, do Porto, e o Chelsea, enfim, vai poder utilizar o zagueiro Alex, da seleção brasileira, contratado junto ao Santos e repassado ao PSV. O Chelsea ainda tenta, a todo custo, tirar o lateral, revelado pelo Bahia, Daniel Alves do Sevilla. Outros brasileiros que chegam ao futebol inglês são o zagueiro Cláudio Caçapa, agora no Newcastle, além de Elano, ex-Santos, e Geovanni, ex-Cruzeiro, no Manchester City.
CARAS NOVAS – Os brasileiros também poderão ver em campo o argentino ex-corintiano Tevez, contratado pelo Manchester United, depois de salvar o West Ham do rebaixamento na última temporada. Além de Tevez e Anderson, o Manchester se reforça também com o meia-atacante português Nani, adepto dos dribles de efeito como o seu companheiro Cristiano Ronaldo, que continua sendo o principal craque do time. E com o volante inglês Hargreaves, antigo sonho de consumo da equipe. Com a manutenção de Van der Sar, Rio Ferdinand, Carrick, Ryan Giggs e Rooney, o Manchester chega ainda mais forte para tentar o bicampeonato.
O Chelsea, famoso por movimentar e inflacionar o mercado de transferências, desde a sua venda ao milionário russo Roman Abramovich, está mais contido. As únicas chegadas de impacto, até o momento, são do meia Malouda, destaque da seleção francesa na última Copa e do zagueiro Alex. O meia Sidwell, o atacante Pizarro e o zagueiro Tal Ben Haim não parecem ter o padrão Chelsea de contratações.
O Liverpool se reforçou bem para a nova temporada, tentando ter elenco capaz de dar conta da Premier League e da Liga dos Campeões, sempre priorizada pelo clube nos últimos anos. O ataque que não empolgava tanto com Kuyt e Crouch, agora conta, também, com o espanhol Fernando Torres e o holandês Babel. Além das chegadas de Lucas Leiva e Benayoun para o meio campo. Bellamy, Fowler, Luis Garcia, Dudek e Zenden deixam o clube.
Entre os clubes que lutam por vagas em competições européias, o Tottenham contratou Darren Bent do Charlton e o Newcastle, além de Caçapa, contratou Allan Smith, do Manchester United e Geremi, do Chelsea. O West Ham se reforçou com Ljungberg, ex-Arsenal, Scott Parker, ex-Newcastle, e Bellamy, ex-Liverpool. O Aston Villa contratou Reo Coker.
Matéria publicada originalmente na edição do dia 10/08/2007 do jornal A Tarde
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