Leandro Silva
Na Argentina, existe uma tentativa incessante de descobrir um novo Maradona. Ortega, Gallardo, Riquelme, Messi, todos esses já foram comparados ao maior ídolo do futebol platino. A Colômbia não tem Maradona, mas os colombianos vivem tentando descobrir um novo Valderrama. E, em 1999, o novo Valderrama da vez foi o meia Johnier Montaño, de 16 anos.
Não, Montaño não ostentava uma folclórica cabeleira como o ex-camisa 10 da seleção do seu país, tampouco o estilo era parecido. As semelhanças se baseavam apenas na qualidade do futebol. Depois de um começo avassalador, hoje Montaño joga no Sport Boys do Peru e já não parece ter mais fôlego para confirmar o que se esperava dele.
Em 1999, já atuando pelo Quilmes, da Argentina, Johnier tinha 15 anos quando foi convocado para o Sul-americano sub-17, disputado no Uruguai. Ele se salvou da péssima participação da Colômbia, última do grupo na primeira fase do torneio, e ainda conseguiu marcar um golaço de falta contra o Brasil.
Nesse mesmo ano, depois de completar 16 anos, Johnier disputou o Torneio de Toulon, da categoria sub-21. A Colômbia foi campeã e Montaño foi eleito melhor jogador da competição. A tradicional competição disputada na França era um prato cheio para os caça-talentos e as boas atuações de Johnier lhe valeram uma transferência para o Parma, da Itália, por aproximadamente 1 milhão de dólares. Mas a expectativa era de que esse fosse um investimento para o futuro e que ele não fosse imediatamente aproveitado pelo clube italiano.
Copa América
No mesmo ano de 1999, Ronaldinho, que ainda atuava no Grêmio, foi chamado para a Copa América, do Paraguai, graças às polêmicas embaixadinhas de Edilson na final do Campeonato Paulista, contra o Palmeiras, e, depois de um golaço contra a Venezuela, lançou seu nome para o futebol mundial. Johnier Montaño também foi convocado para essa competição em virtude do corte de um jogador consagrado, o atacante Faustino Asprilla, contundido.
Com a camisa 17, Montaño fez um grande campeonato e o ponto alto foi o confronto contra a Argentina, pela segunda rodada. O jogo vencido pela Colômbia por 3 a 0, ficou famoso por causa dos três pênaltis perdidos pelo atacante argentino Martín Palermo. Montaño, por sua vez, marcou mais um golaço.
Foi o bastante para começar a ser tratado como uma jóia preciosa pelos colombianos. E o Parma, que provavelmente emprestaria Johnier para um clube menor, acabou inscrevendo o jovem jogador na equipe principal com a camisa 26, junto com Buffon, Crespo, Ortega, Thuram, Cannavaro e Amoroso. Ao invés de um novo Valderrama, talvez eles buscassem um novo Asprilla, que tinha sido ídolo do clube.
Naquela época, ainda com a força da Parmalat, o Parma tinha um elenco talentoso e a concorrência por vaga no time era desleal para o menino de 16 anos. Na temporada 1999/2000, Montaño jogou pouco, como era de se esperar. Talvez fosse melhor para o futuro dele ter sido emprestado para uma equipe em que pudesse atuar com frequência e ser integrado ao Parma apenas quando estivesse mais maduro e adaptado ao futebol italiano.
Declínio
Mas a situação não melhorou na temporada seguinte e ele continuou atuando raramente. Na temporada 2001/2002, em busca de espaço para jogar, Montaño foi emprestado para o Verona. Foi inscrito com a camisa 11 e chegou com moral, mas não vingou. No final da temporada, já tinha perdido a condição de titular também.
A solução foi tentar um novo espaço, e mais uma rápida passagem pelo Piacenza na primeira metade da temporada 2002/2003. No início de 2003, porém, retornou ao Parma, já com 20 anos, inscrito com a camisa 11. O time já estava muito modificado. Adriano tinha chegado ao clube. Quem estava por lá também era Taffarell.
Johnier continuou sem espaço no Parma, as poucas apresentações não justificavam a expectativa criada em torno do seu futebol e a paciência já ia se esgotando. Em todo esse tempo, continuava atuando pelas seleções de base da Colômbia e o nível estava cada vez mais baixo.
Além do fraco desempenho em campo, o comportamento fora dele pode ser apontado como um dos principais fatores responsáveis pelo insucesso da carreira de Johnier Montaño. Sua presença nas seleções de base já era considerada prejudicial para o grupo e seus excessos nas férias de final de ano, na Colômbia, irritavam ao Parma. Todos os anos, ele costumava se atrasar na reapresentação ao clube.
O que pode explicar também a decadência de Montaño foi a perda de sua mãe quando ainda estava na Itália. O próprio Johnier assume que esqueceu o futebol por causa desse motivo e passou a não se interessar mais em treinar, jogar ou manter a disciplina.
Fim do sonho europeu
A paciência do Parma se esgotou no início de 2004, quando a equipe, cansada de esperar que a promessa se concretizasse, repassou Montaño para o América de Cali. Mas a terra natal não recuperou o futebol perdido de Johnier e ele também atuou muito pouco em 2004.
Uma nova transferência aconteceu em 2005, dessa vez para o Santa Fé. O time estava bem antes da chegada de Montaño, com 5 vitórias nas primeiras 5 partidas do campeonato. Posteriomente, no entanto, a equipe nem sequer se classificou para a fase final. E Johnier ainda ficou marcado por uma expulsão boba em um jogo decisivo contra o América de Cali.
Depois de jogar também no Qatar e em outras equipes menores da Colômbia, Montaño tenta reconstruir a carreira no Sport Boys, do Peru, e recuperar o tempo perdido. Tem sido considerado um dos principais destaques do futebol peruano. Bom para um recomeço, mas muito longe da expectativa criada com o seu início de carreira.
Ficha técnica
Nome completo: Johnier Esteiner Montaño Caicedo
Data de nascimento: 14/1/1983
Local de nascimento: Cali, Colômbia
Clube atual: Sport Boys
Clubes que defendeu: América de Cáli, Santa Fé, Cortúlua, Huilla (Colômbia) , Quilmes (Argentina), Parma, Piacenza, Verona e Lecce (Italia) e Al Wakra (Qatar)
Texto postado originalmente no site Olheiros.net no dia 22/11/2007
Na Argentina, existe uma tentativa incessante de descobrir um novo Maradona. Ortega, Gallardo, Riquelme, Messi, todos esses já foram comparados ao maior ídolo do futebol platino. A Colômbia não tem Maradona, mas os colombianos vivem tentando descobrir um novo Valderrama. E, em 1999, o novo Valderrama da vez foi o meia Johnier Montaño, de 16 anos.
Não, Montaño não ostentava uma folclórica cabeleira como o ex-camisa 10 da seleção do seu país, tampouco o estilo era parecido. As semelhanças se baseavam apenas na qualidade do futebol. Depois de um começo avassalador, hoje Montaño joga no Sport Boys do Peru e já não parece ter mais fôlego para confirmar o que se esperava dele.
Em 1999, já atuando pelo Quilmes, da Argentina, Johnier tinha 15 anos quando foi convocado para o Sul-americano sub-17, disputado no Uruguai. Ele se salvou da péssima participação da Colômbia, última do grupo na primeira fase do torneio, e ainda conseguiu marcar um golaço de falta contra o Brasil.
Nesse mesmo ano, depois de completar 16 anos, Johnier disputou o Torneio de Toulon, da categoria sub-21. A Colômbia foi campeã e Montaño foi eleito melhor jogador da competição. A tradicional competição disputada na França era um prato cheio para os caça-talentos e as boas atuações de Johnier lhe valeram uma transferência para o Parma, da Itália, por aproximadamente 1 milhão de dólares. Mas a expectativa era de que esse fosse um investimento para o futuro e que ele não fosse imediatamente aproveitado pelo clube italiano.
Copa América
No mesmo ano de 1999, Ronaldinho, que ainda atuava no Grêmio, foi chamado para a Copa América, do Paraguai, graças às polêmicas embaixadinhas de Edilson na final do Campeonato Paulista, contra o Palmeiras, e, depois de um golaço contra a Venezuela, lançou seu nome para o futebol mundial. Johnier Montaño também foi convocado para essa competição em virtude do corte de um jogador consagrado, o atacante Faustino Asprilla, contundido.
Com a camisa 17, Montaño fez um grande campeonato e o ponto alto foi o confronto contra a Argentina, pela segunda rodada. O jogo vencido pela Colômbia por 3 a 0, ficou famoso por causa dos três pênaltis perdidos pelo atacante argentino Martín Palermo. Montaño, por sua vez, marcou mais um golaço.
Foi o bastante para começar a ser tratado como uma jóia preciosa pelos colombianos. E o Parma, que provavelmente emprestaria Johnier para um clube menor, acabou inscrevendo o jovem jogador na equipe principal com a camisa 26, junto com Buffon, Crespo, Ortega, Thuram, Cannavaro e Amoroso. Ao invés de um novo Valderrama, talvez eles buscassem um novo Asprilla, que tinha sido ídolo do clube.
Naquela época, ainda com a força da Parmalat, o Parma tinha um elenco talentoso e a concorrência por vaga no time era desleal para o menino de 16 anos. Na temporada 1999/2000, Montaño jogou pouco, como era de se esperar. Talvez fosse melhor para o futuro dele ter sido emprestado para uma equipe em que pudesse atuar com frequência e ser integrado ao Parma apenas quando estivesse mais maduro e adaptado ao futebol italiano.
Declínio
Mas a situação não melhorou na temporada seguinte e ele continuou atuando raramente. Na temporada 2001/2002, em busca de espaço para jogar, Montaño foi emprestado para o Verona. Foi inscrito com a camisa 11 e chegou com moral, mas não vingou. No final da temporada, já tinha perdido a condição de titular também.
A solução foi tentar um novo espaço, e mais uma rápida passagem pelo Piacenza na primeira metade da temporada 2002/2003. No início de 2003, porém, retornou ao Parma, já com 20 anos, inscrito com a camisa 11. O time já estava muito modificado. Adriano tinha chegado ao clube. Quem estava por lá também era Taffarell.
Johnier continuou sem espaço no Parma, as poucas apresentações não justificavam a expectativa criada em torno do seu futebol e a paciência já ia se esgotando. Em todo esse tempo, continuava atuando pelas seleções de base da Colômbia e o nível estava cada vez mais baixo.
Além do fraco desempenho em campo, o comportamento fora dele pode ser apontado como um dos principais fatores responsáveis pelo insucesso da carreira de Johnier Montaño. Sua presença nas seleções de base já era considerada prejudicial para o grupo e seus excessos nas férias de final de ano, na Colômbia, irritavam ao Parma. Todos os anos, ele costumava se atrasar na reapresentação ao clube.
O que pode explicar também a decadência de Montaño foi a perda de sua mãe quando ainda estava na Itália. O próprio Johnier assume que esqueceu o futebol por causa desse motivo e passou a não se interessar mais em treinar, jogar ou manter a disciplina.
Fim do sonho europeu
A paciência do Parma se esgotou no início de 2004, quando a equipe, cansada de esperar que a promessa se concretizasse, repassou Montaño para o América de Cali. Mas a terra natal não recuperou o futebol perdido de Johnier e ele também atuou muito pouco em 2004.
Uma nova transferência aconteceu em 2005, dessa vez para o Santa Fé. O time estava bem antes da chegada de Montaño, com 5 vitórias nas primeiras 5 partidas do campeonato. Posteriomente, no entanto, a equipe nem sequer se classificou para a fase final. E Johnier ainda ficou marcado por uma expulsão boba em um jogo decisivo contra o América de Cali.
Depois de jogar também no Qatar e em outras equipes menores da Colômbia, Montaño tenta reconstruir a carreira no Sport Boys, do Peru, e recuperar o tempo perdido. Tem sido considerado um dos principais destaques do futebol peruano. Bom para um recomeço, mas muito longe da expectativa criada com o seu início de carreira.
Ficha técnica
Nome completo: Johnier Esteiner Montaño Caicedo
Data de nascimento: 14/1/1983
Local de nascimento: Cali, Colômbia
Clube atual: Sport Boys
Clubes que defendeu: América de Cáli, Santa Fé, Cortúlua, Huilla (Colômbia) , Quilmes (Argentina), Parma, Piacenza, Verona e Lecce (Italia) e Al Wakra (Qatar)
Texto postado originalmente no site Olheiros.net no dia 22/11/2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário