sábado, 2 de fevereiro de 2008

A Invasão da América Espanhola no Brasil

Leandro Silva

A América Espanhola está invadindo o Brasil. Pelo menos no futebol. Os times que disputarão a Série A do Brasileirão deste ano contam com 24 jogadores estrangeiros de países sul-americanos em seus elencos.

O número ainda poderia ser maior se o Goiás tivesse sido rebaixado no lugar do Corinthians. Afinal, o time goiano não possui estrangeiros, enquanto o Corinthians tem três: o uruguaio Beto Acosta, o chileno Suarez e o argentino German Herrera.

O poder dessa invasão pôde ser visto desde o ano passado, quando dois dos três melhores jogadores do Campeonato Brasileiro eram estrangeiros, segundo o prêmio Craque do Brasileirão: o vice-artilheiro Acosta, que estava no Náutico, e o chileno Jorge Valdivia, do Palmeiras. Em 2005, um argentino já tinha conquistado o prêmio, Carlitos Tevez do Corinthians.

Salários – Isso tem acontecido porque os melhores jogadores nascidos no Brasil são seduzidos pelos altos salários na Europa e até na Ásia, abrindo espaço para atletas de destaque no cenário do continente.

É mais fácil e mais barato trazer um grande jogador no mercado sul-americano do que contratar um jogador do mesmo nível que seja brasileiro.

Por exemplo, o goleiro Juan Castillo, reserva da seleção uruguaia que foi contratado pelo Botafogo tinha um salário equivalente a 18 mil reais no Peñarol. Valor baixo para um jogador de seleção comparado aos salários dos brasileiros.

Dois destaques do último campeonato argentino, campeões pelo Lanús, o meia Valeri e o atacante Sand recebiam salários equivalentes a 8 mil e 500 reais. Pouco para a realidade dos grandes clubes brasileiros.

A concorrência por esses jogadores fica mais restrita ao futebol mexicano, que costuma levar muitos colombianos e argentinos que ainda não têm mercado no continente europeu.

Cada centro futebolístico se diferencia pelas condições econômicas nacionais, pelo peso dos patrocinadores, pelos investimentos dos proprietários dos clubes e pela capacidade de produzir jogadores.

Distribuição– Dos nove outros países filiados à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), até mesmo a Venezuela tem jogador em clube da Série A. Isso porque Valdivia, do Palmeiras, é naturalizado chileno. Mas na realidade, o Mago nasceu na Venezuela.

O país estrangeiro mais representado na primeira divisão é a Colômbia. São sete. E sua principal embaixada no Brasil é a Arena da Baixada, com três no Atlético Paranaense. David Ferreira e Edwin Valencia são destaques.

Entre os gringos da Série A, apenas o atacante nigeriano Abubakar não é sul-americano.

Além dele, o lateral-esquerdo Agustin Viana, do Atlético Mineiro, nasceu em Chicago, nos Estados Unidos, mas é naturalizado uruguaio e até já defendeu a seleção celeste sub-20.

Partiram – Enquanto alguns chegam, outros que atuaram no ano passado já deixaram o País. Como o volante chileno Maldonado, do Santos, os atacantes colombianos Martin Garcia, do Vasco, e Dayro Moreno, do Atlético Paranaense, e os argentinos do Grêmio, o goleiro Saja e o zagueiro Schiavi. Além do boliviano Arce do Corinthians e o argentino Dudar do Vasco.

Não vingaram – A dupla Ba-Vi não aderiu à moda atual de se reforçar com atletas dos países vizinhos. O último estrangeiro sul-americano por aqui foi o atacante Marcelo Moreno, que no rubro-negro era conhecido também como Marcelo Boliviano.

Ele participou do acesso do Vitória da Série C para a Série B em 2006. Curioso é que ele já defendeu as seleções de base do Brasil e depois optou por vestir a camisa da seleção da Bolívia.

No Bahia, nenhum representante dos países vizinhos atuou desde a saída do uruguaio Rodolfo Rodriguez, em 1994.

No mês passado, dois compatriotas do goleirão estavam fazendo testes no Fazendão. O zagueiro Miguel Lavié e o atacante Gerardo Larrosa Bracesco. Mas os dois acabaram reprovados nos testes e não integrarão o elenco tricolor. Lavié já acertou com o Criciúma.

Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 3/2/2008

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