terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Entrevista com Rodrigo: treinador do Juvenil do Bahia

O ex-lateral-direito de Vitória, Corinthians, Cruzeiro e Seleção Brasileira, Rodrigo Chagas é treinador da categoria sub-17 do Bahia e está comandando a equipe sub-20 no Campeonato Baiano, enquanto Laelson Lopes está à frente do time na Copa São Paulo. Ele já trabalhou com 18 jogadores que participaram da Copinha e fala que a torcida tricolor pode esperar muita coisa boa por aí.

Leandro Silva - Quais dos jogadores da Copa São Paulo trabalharam com você?
Rodrigo Chagas - Quase todos. Doze estavam comigo no juvenil no ano passado. Mas também já treinei o sub-20 na Taça BH, então, desse grupo só dois jogadores não trabalharam comigo: o volante Fernando e o zagueiro Eduardo.

LS - Eu acompanhei três jogos do Bahia nessa Copa São Paulo e gostei muito de alguns jogadores, mas para você, que acompanhou em muito mais jogos e treinos e acompanha a evolução, quais são os principais destaques deste time?
RC - O (camisa 10) Fábio está sendo incontestável, né? Ele fez uma excelente Copa São Paulo e é um ótimo jogador. O Anderson também é um volante muito bom. Ele rouba a bola muito fácil e tem uma força tremenda. Ele jogou improvisado de meia e de lateral, mas foi um dos destaques da decisão. Foi um jogador que evoluiu muito de um ano para cá.O Filipe, volante, também é um jogador acima da média. Era o meu capitão e chama mesmo a responsabilidade. O Igor também fez muita falta nessa final. Ele joga muita bola.

LS- Madson era atacante e foi improvisado na lateral. Foi você que fez essa improvisação?
RC- Não. Foi o Laelson (Lopes) que fez. Uma improvisação que eu fiz foi o Laércio, que era lateral e eu coloquei como zagueiro, mas ele jogou a final como lateral e foi bem.

LS- Ainda teve aquela chance no final, hein?
RC- Nem me fale. Mas é o futebol. Fiquei muito chateado porque eles mereciam muito esse título, mas o goleiro (César, do Flamengo) fez a diferença. O goleiro do Bahia é bom, mas foi muito menos exigido.

LS-Você está treinando a equipe sub-20 no Campeonato Baiano da categoria. O próprio site do clube está chamando esse time de júnior B, mas teoricamente, pela idade, essa é que deveria ser a equipe principal, não?
RC-Nós estamos contando com jogadores como o (volante) Robinho, que já treinou no profissional.Além do (lateral-direito) Lucas, do volante Lenine. Mas acredito que o Laelson (Lopes) vai mesclar o jogadores (nascidos em) 1993, 1992 e 1991, e a base que ele deve colocar no Baiano é a da Copa São Paulo. Mas independente de quem for utilizado, o grupo do Bahia está muito forte. Não são só 11 jogadores. O Bahia vai lucrar em todos os aspectos com essa geração. Tanto com eles jogando aqui quanto com negociações.

LS-E como é que está a equipe no Campeonato Baiano?
RC- Vencemos as duas primeiras partidas (contra Serrano e Feirense) e estamos viajando daqui a pouco para Senhor do Bonfim, para enfrentar o Ipitanga. Eu coloquei como meta entregar a equipe para Laelson Lopes com 100% de aproveitamento. E vamos tentar chegar aos 9 pontos neste jogo. Robinho foi o melhor em campo contra o Feirense. Para a próxima partida, não vamos contar nem com Lucas, que foi relacionado pelo profissional, nem com Lenine, que se machucou no último jogo.

LS- Tenho a impressão que a Copa São Paulo está prejudicando os atletas com 19 e 20 anos, porque por mais que eles estejam mais preparados para atuar no profissional, a torcida acaba pedindo pela entrada dos garotos mais novos que acabaram se destacando na competição.
RC- Não é só isso. O futebol está exigindo que o cara apareça cada vez mais cedo. Hoje, as pessoas já querem que ele esteja no profissional já com 16 anos. Antigamente, o jogador podia estourar lá pelos 20, 21 anos, hoje mais não. Quando demora, acabam indo para times pequenos e um ou outro acaba retornando ou aparecendo em outro clube.

LS- Um exemplo é a lateral-direita dos juniores. Só vi uma partida de Lucas, no profissional, contra o Serrano, e gostei muito. Mas mesmo que ele esteja mais preparado para a equipe de cima do que Madson, a torcida deve pedir o segundo.
RC- Vai ser uma disputa boa. Eles são amigos e vai ser uma briga boa pela posição no Baiano.

LS- E o que você achou dos empréstimos de jogadores jovens como Roberto, Bebeto, Pink e Hélder para clubes do interior?
RC- Entra naquilo que nós já conversamos. Quando eles sobem pro profissional e não têm uma ascensão boa, por não ter muita oportunidade ou ir mal, acho que o ideal é emprestar mesmo. Para que possam retornar depois, mais maduros ou seguirem suas carreiras em outros clubes.

LS-O Baiano de Juvenil só acontece no segundo semestre. Como será o trabalho neste primeiro semestre?
RC- A gente usa este tempo para fazer um trabalho de correção em todos os aspectos. Na parte técnica, tática, musculação, fundamentos como o cabeceio. Além disso, a gente disputa algumas competições, como a Copa Rio, lá em Macaé.

LS- Algum tempo atrás, o Bahia quase não estava disputando competições interestaduais. Qual a importância desses torneios para o trabalho de vocês da base?
RC- Para nós, serve como referência do trabalho. E para os jogadores é muito bom porque dá experiência e maturidade.

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