Depois de ser um dos principais responsáveis pelo título baiano do Bahia de Feira e passar por Bahia e Portuguesa, o atacante João Neto retornou ao clube feirense e já marcou três gols na estreia do Campeonato Baiano, no triunfo de 3 a 1 sobre o Juazeiro, colocando a equipe na liderança e ficando na ponta da artilharia do estadual. Triste é ver colegas de profissão dizendo logo após a rodada coisas do tipo: "só dá certo no Bahia de Feira", ou "só joga em time pequeno". Podem até ser afirmações verdadeiras, mas não podem ser comprovadas. E, realmente, não acredito nelas.
Principalmente porque ele me causou boa impressão na única oportunidade que o vi em campo com a camisa do Bahia, na estreia do Campeonato Brasileiro de 2011, contra o América Mineiro. Foram apenas poucos minutos, muita movimentação e um chute para o gol. Na época, imaginava que ele teria dificuldades para jogar durante o nacional porque concorria diretamente com o, até então, melhor jogador do elenco tricolor: Jóbson.
No entanto, acho que houve mais um erro estratégico envolvendo o binômio Bahia e destaque de equipe do interior. A adaptação jamais será fácil, há um salto na estrutura, na rotina, na pressão e ainda há, muitas vezes, problemas na formação do atleta. Mas há situações que prejudicam ainda mais o desenvolvimento desse jogador. A principal delas para mim é que o verdadeiro teste para o destaque deveria ser o próximo estadual e não o nacional.
Acredito que um jogador como João Neto, que se destacou no Campeonato Baiano de um ano, deveria ser contratado por um clube grande como o Bahia, imediatamente após se destacar, até para não perder a oportunidade. No Brasileiro, iria ser integrado ao grupo principal, para adquirir mais experiência e iniciar o processo de adaptação enquanto buscava, sem pressa, um lugar no time titular ou no banco de reservas. Sem pressa, se surgisse uma vaga ele estaria lá. Não surgindo, ele continuaria treinando e participando de competições com uma equipe B. Caso as chances no time principal aparecessem, e ele não fosse bem, ele voltaria a essa convivência maior com a equipe B. No início do ano seguinte, então, passaria realmente a ser cobrado, já que estaria disputando uma competição em que já estaria ambientado e com a experiência de cerca de oito meses em um grande clube.
O momento para João Neto ou qualquer outro destaque de equipes do interior estourar no Bahia seria agora, mas a cobrança e o veredicto acontecem de maneira precipitada. Chego a ver textos com a seguinte construção: "depois de ir mal no tricolor da capital, atacante volta com gols a equipe de Feira". Como foi mal? A não ser que digam que suas atuações em coletivos eram muito ruins. Ainda assim contesto, afinal treino é muito diferente de jogo. Lembro que o meio-campista Rivaldo, hoje no Sport, sempre se destacava nos treinos enquanto eu cobria diariamente o Esquadrão. Mas na hora do jogo era terrível. E o contrário também acontece.
O atacante chegou ao Bahia acompanhado de Diones e Jair. O volante Diones conseguiu mostrar alguma qualidade e foi até titular durante parte do Brasileiro, garantindo a permanência no clube. Quando Jair chegou, pelo que já tinha visto de Lomba com a camisa do Flamengo e de Jair com as camisas de clubes baianos, não tinha dúvida que o arqueiro campeão baiano deveria ser o titular. Mas Lomba foi muito bem e não deu espaço para a concorrência. Jair nem atuou, não deve ser um jogador caro, e acredito que também devesse ter continuado no elenco para 2012. O estadual começou e novos jogadores devem se destacar e chamar a atenção do clube. É necessário ter paciência para saber utilizá-los.
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