quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O maior craque que vi...ainda vejo...e quero ver sempre

Euperko
Outubro é considerado por muitos o mês dos craques. Afinal, nasceram nesse mês nomes como Pelé (23/10), Garrincha (18/10), Maradona (31/10), Falcão (16/10), Careca (5/10), além do baiano Dida, um dos maiores goleiros que vi jogar (7/10). Mas foi no dia 3, mesmo do sueco Zlatan Ibrahimovic, que nasceu o maior craque que vi, ainda vejo, e quero ver sempre: Everaldo Silva. 

O sobrenome não é mera coincidência. Recebi dele, junto com o amor pelo futebol. O que eu não consegui manter foi a tradição de craques na família, iniciada por ele. Sorte que meus dois irmãos mais novos - Lucas e Renato - conseguiram. Zagueiro apenas esforçado, sempre me diverti mais vendo ele jogar do que em atuar. Parece outro esporte. Quando recebia um lançamento, por exemplo, eu só conseguia pensar no que fazer, quase sempre, depois que a bola chegava. Com ele é diferente. Enquanto a bola viaja, ele já sabe o que fazer. 

Mesmo antes de frequentar as arquibancadas da Fonte Nova, acompanhando o meu clube do coração - puxei a ele nisso - eu já ia para as arquibancadas do campo, da quadra ou do ginásio do clube do Campomar, ou dos clubes em que os times do trabalho dele jogavam. O futebol me encantou desde já. Bastava chegar nos locais de jogo que sempre tinha alguém para me dizer: "que pena você não ter visto esse cara jogar mais novo. Ele jogava ainda mais". E o orgulho só aumentava.
Clube dos Engenheiros de Mataripe

Quando ouvia isso, quase sempre ficava tentando imaginar se seria possível que ele jogasse ainda mais do que o que eu já via. Mas os relatos daqueles que viam ele jogando em Mataripe, município onde passou a infância e adolescência, são impressionantes. As pessoas de fora apostavam quantos gols ele faria em determinado jogo. Ou se o goleiro do jogo conseguiria sair sem sofrer nenhum gol dele. 

Um dia paro para lembrar mais times que ele jogou. De cabeça, sei que disputava Campeonato Baiano de futsal pelo Clube dos Engenheiros de Mataripe. Defendia o Juventus, em Mataripe, marcou época jogando no Euperko, os campeonatos internos do Campomar, e participava dos campeonatos do Asbac pela equipe do Gea, tendo sido campeão e artilheiro.

Desde muito novo, Everaldo já se destacava tanto no futebol de campo quanto no futebol de salão (futsal). Até hoje o seu chute de canhota mete medo em qualquer goleiro. Cobranças de falta, chutes cruzados, mas tem outra característica que sempre admirei no seu futebol. A visão de jogo e a capacidade de deixar os companheiros de cara para o gol. Ricardinho, nos áureos tempos do Corinthians, me faziam lembrar nesses aspectos.  

Com o passar do tempo, a torcida organizada nos jogos aumentou, com a chegada de meus dois irmãos. Para nós, sempre é um prazer vê-lo jogar. Uma coxinha, um guaraná Antárctica e excelente futebol. Quer melhor? Assim eram as manhãs de domingo na minha infância.

"Everaldo era muito bom. De todas as pessoas que já vi jogando bola, que não eram profissionais, ele é o que mais jogou bola. E é melhor do que a maioria dos profissionais. Você se lembra de Leandro, meio-campo do Bahia, em 1986? Jogava muita bola, né? Pois Everaldo jogava muito mais. Quando eu era bem mais novo, ele ia jogar em Madre de Deus, eu ia segurando as chuteiras dele pra comer pastel com guaraná. De vez em quando, no estádio, a gente encontra alguma pessoa que viu ele jogando bola mais novo e a pessoa sempre fala que ele tinha que ter sido profissional. E essa não é uma declaração de irmão, não. É uma declaração de quem sempre gostou muito de ver ele jogando", relembra Édson, irmão dele. 

O Botafogo, que retorna à primeira divisão do Baiano em 2013, e o Ypiranga tentaram contar com o seu talento no futebol profissional. Um mineiro, chamado Paulo Silva, também viu ele jogando em Mataripe, e queria levar ele para o Cruzeiro de toda forma, mas os tempos eram outros e ser jogador profissional não era algo que os pais sonhassem para os filhos. Por isso, seguiu nos estudos e no trabalho, além de desfilar seu talento nos gramados do futebol amador.

Já falei tanto dentro das quatro linhas, mas e como pessoa? Posso garantir que é mais craque ainda. Parabéns, pai.

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