Sempre assisto a jogos pelos campeonatos nacionais da Europa e da Argentina durante os finais de semana. Procuro variar os times que acompanho, mas nessa temporada sempre tenho me programado para assistir aos jogos de uma equipe em especial: o Liverpool, e não tenho me decepcionado. Os jogos são sempre bons. Têm sido massacres ou embates carregados de emoção. É o velho ideal do "joga e deixa jogar".
E a partida de hoje, uma verdadeira decisão, contra o Manchester City, não fugiu a essa regra. Quando começou, parecia que a chave estava virada para o modo massacre. O jovem Sterling, em mais uma excelente atuação, fez um golaço, logo no início. O segundo gol nasceu de cabeçada de Skrtel, depois de cobrança de escanteio perfeita de Gerrard. O Liverpool poderia ter goleado já na primeira etapa.
Poderia. Como não matou o jogo, a chave foi modificada para o modo emoção. O time não repetia a atuação incrível do primeiro tempo e o Manchester City cresceu no jogo, sufocando. David Silva logo diminuiu e depois o Manchester chegou ao empate em chute desviado por Glen Johnson, que atrapalhou Mignolet. Toda a vantagem construída em uma primeira etapa quase perfeita foi arruínada e restava ao Liverpool aparentemente minimizar os danos e segurar pelo menos o empate, afinal o cenário era favorável a uma virada. Foi então que Philippe Coutinho desequilibrou com um golaço que coroou uma atuação memorável. Um gol com cara de gol do título.
Título inglês que o Liverpool não conquista desde 1990. Estou na torcida pelo fim desse jejum há alguns anos. A esperança, entretanto, costumava sair de campo logo no início das temporadas. Minha identificação com o clube cresceu bastante em 2005, quando li uma entrevista de Steven Gerrard, um jogador que admiro muito, falando que o seu time não tinha chances de conquistar a Liga dos Campeões da Europa porque estava um nível abaixo dos poderosos oponentes que restavam ainda na fase de oitavas (ou quartas). Gostei daquela sinceridade, mas torci para que eles conseguissem contrariar essa lógica. E eles conseguiram contrariar o prognóstico dado pelo seu principal jogador, com muita raça e dedicação, conquistando a taça, em final inesquecível contra o Milan.
O time de agora é marcado por um futebol ofensivo e envolvente, mas não deixa a raça de lado. Todos os jogadores parecem entender que não existe bola perdida. Peças fundamentais do ponto de vista técnico, Luis Suárez e Steven Gerrard também servem como ícones dessa entrega total. O primeiro, artilheiro do time, não foge de uma dividida e faz questão de participar do jogo o tempo todo. O segundo, capitão e bandeira do time, deixou de lado qualquer vaidade para recuar e passar a ser o primeiro volante, o mais marcador e dar um exemplo para todos os companheiros.
Liverpool 3x2 Manchester City
Liverpool: Simon Mignolet, Glen Johnson, Martin Skrtel, Mamadou Sakho e John Flanagan; Steven Gerrard, Jordan Henderson e Philippe Coutinho (Victor Moses); Raheem Sterling (Lucas Leiva), Luis Suárez e Daniel Sturridge (Joe Allen).
Manchester City: Joe Hart, Pablo Zabaleta, Vincent Kompany, Martín Demichelis e Gael Clichy; Fernandinho, Yaya Touré (Javi García), Jesus Navas (James Milner), Samir Nasri e David Silva; Edin Dzeko (Sergio Agüero).
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