As palavras estampadas na camisa comemorativa vestida pelos jogadores corintianos logo após o final do empate contra o Vasco, em 1 a 1, casaram perfeitamente com a atitude do Corinthians durante a campanha do hexa brasileiro: "Fala pouco e joga muito". Verdade que é uma campanha da Nike e a escolha das palavras deve ter sido motivada por uma provocação ao Atlético, já que durante a competição, o meia Giovanni Augusto, do Galo, tinha dito exatamente que o time dele falava pouco e jogava muito. Parecem, entretanto, palavras muito adequadas para esse grupo do Corinthians, comandado justamente por aquele que eternizou a expressão "fala muito": Tite.
O mérito de Tite na conquista corintiana impressiona. Não pela falta de material humano de qualidade à sua disposição. Pelo contrário. Muitas vezes, quando um treinador é considerado protagonista em um título, o primeiro pensamento é de que ele contava com jogadores fracos e "fez mágica". Não é o caso do Corinthians. Uma atitude importante do comandante foi ter conseguido manter seus comandados distantes das polêmicas motivadas pela arbitragem. Enquanto grande parte da imprensa nacional alimentava as polêmicas e chegava a dizer que o campeonato estava manchado por benefícios ao time paulista, os jogadores permaneciam focados. Falavam pouco e jogavam muito.
Esse foi um diferencial importante, pois em um momento do campeonato - pelo meio da competição, próximo ao final do primeiro turno - os jogadores do Atlético Mineiro pareceram em várias partidas mais preocupados em escancarar que estariam supostamente sendo prejudicados do que em reverter placares e ganhar as partidas. Os atletas do time mineiro, e até o treinador Levir Culpi - que realiza um dos melhores trabalhos à frente de um clube na atualidade, no País -, "entraram na pilha". A imprensa dizia que o Galo jogava o melhor futebol da competição e que o Corinthians só estava na frente por causa dos árbitros. E eles acreditaram. Passaram a falar muito e não a jogar menos do que poderiam. Jogaram muito também. A campanha do Atlético comprova, mas menos do que o Corinthians.
No entanto, o maior mérito de Tite foi fazer com que os ótimos jogadores do grupo passassem a render mais do que em um passado recente, por exemplo. Graças aos seus conhecimentos táticos e também à sua condição de especialista em administração de grupo. Jadson, reserva no ano passado, recebeu proposta para sair no início do ano, e foi convencido pelo treinador a permanecer e brilhou. Quando Guerrero, Sheik e Fábio Santos saíram, houve propostas para as saídas de jogadores como Renato Augusto e Elias. Ambos permaneceram e brilharam. O zagueiro Felipe era criticado o tempo inteiro pela torcida e agora é campeão brasileiro como titular absoluto. Jovens como Guilherme Arana e Malcom terminam como titulares com grandes atuações, outros como o zagueiro Yago tiveram participações muito importantes em determinados momentos da competição. Ralf não rendia mais como nos velhos tempos. Foi para a reserva e quando teve nova chance como titular mostrou que ainda é muito importante para o clube.
Ralf foi fundamental para o meio de campo que foi o ponto forte do Corinthians. O camisa 5 carregou o piano enquanto Elias, Renato Augusto e Jádson brilharam. O prêmio de melhor jogador do Brasileiro de 2015 seria bem entregue a qualquer um desse trio. Para a grande maioria, segundo pesquisas e premiações, Renato Augusto foi o melhor da competição. Na minha opinião, foi Jádson, por ter desequilibrado jogos muito complicados para o time paulista e ter mantido uma regularidade durante todo o Brasileiro, mesmo nos momentos de turbulência de ameaça de desmanche.
A história de Vágner Love também foi interessante. A oportunidade de contratação apareceu. E pareceu interessante. Se Guerrero saísse, Love poderia amenizar a perda. Caso continuasse, pela facilidade de movimentação, poderiam atuar juntos ou Vágner Love poderia ser um suplente de luxo. Vindo do futebol chinês, o atacante sentiu dificuldade na adaptação. Vontade não faltava. A entrega impressionava, mas a familiaridade com os gols não era a mesma. A insistência, a confiança dada por Tite, e o esforço dele, fizeram com que os gols voltassem e o atacante deu a volta por cima.
A Seleção Brasileira também pode seguir se beneficiando com o Corinthians. Na convocação mais recente, foram quatro jogadores do time paulista. No triunfo contra o Peru, apenas o goleiro Cássio não atuou. Gil, Elias e Renato Augusto foram titulares e tiveram atuações destacadas. Ainda há espaço para Jádson.
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