sexta-feira, 22 de maio de 2020

Caldeirão de Aço - Semana 23 - Festival de gols e emoção - publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 21.05.2020

O confronto entre Bahia e Internacional, obviamente, é mais lembrado pela decisão do Brasileiro de 1988, mas outra partida entre os clubes, válida pela Copa do Brasil, também tem lugar especial nas minhas lembranças. O triunfo tricolor por 5 a 4 do dia 24 de maio de 1994, que completará 26 anos no próximo domingo, é um dos jogos mais marcantes que já presenciei na Fonte Nova.

A partida valia vaga nas quartas-de-final da Copa do Brasil e o Inter tinha a vantagem, pois havia vencido o jogo de ida, no Beira-Rio, 18 dias antes, com um gol do atacante Paulinho McLaren, que já tinha no seu currículo a artilharia do Brasileiro de 1991, com 15 gols marcados. Ele era justamente a maior arma do Colorado. Sérgio Guedes, Argel, Caíco e Mazinho Loyola eram outros nomes conhecidos dos gaúchos.

Precisando do triunfo, Joel Santana deixou de lado a fama de retranqueiro. Do primeiro para o segundo jogo, o Bahia teve três alterações na escalação. A principal delas, que alterou a ofensividade da equipe, foi a saída do volante Israel para a entrada do atacante Raudinei. Ele jogou na frente junto com Marcelo Ramos, que voltou no lugar do também atacante Zé Roberto. A outra mudança aconteceu na zaga, com Advaldo NBA substituindo Augusto. O restante do time era formado por Rodolfo Rodriguez, no gol, Odemilson e Serginho, nas laterais, Missinho, na zaga, Maciel, Uéslei e Paulo Emílio, no meio, além de Gilson, no ataque.

 Quando a bola rolou na Fonte, o Bahia foi logo para frente e marcou com um minuto de jogo, com o lateral-esquerdo Serginho, que atuou pouco tempo no clube, mas jogou demais. Um dos melhores da posição que vi no Esquadrão. Ele voou para cabecear, aproveitando cobrança de escanteio. Com seis minutos, Marcelo Ramos ampliou, de pênalti. Logo no início, a vantagem já estava revertida. Bastava segurar.

Só que o jogo, que já tinha começado de maneira insana, ainda guardava muita emoção para o restante dos 84 minutos. Aos 15 minutos e aos 17 minutos, o carrasco Paulinho McLaren marcou duas vezes, um de cabeça e outro de virada, e empatou o jogo. Agora a situação mudava e o Bahia precisaria de mais dois gols para ficar com a vaga. Foi o Inter, entretanto, que fez o terceiro antes do intervalo, com Mazinho Loyola tocando na saída de Rodríguez.

 No segundo tempo, o Tricolor teve a chance de empatar o jogo, mas Marcelo Ramos acertou o travessão em cobrança de pênalti. Em seguida, Paulinho McLaren não desperdiçou uma cobrança de penalidade máxima. E o Inter ampliou para 4 a 2, aos 17 minutos. O camisa 9 fez o terceiro no jogo e o quarto no confronto agregado.

O jogo e a classificação já pareciam resolvidos a favor do Internacional, mas o Bahia iniciaria uma das recuperações mais espetaculares já vistas no futebol. Aos 24 minutos, Uéslei, em cobrança de falta, fez o terceiro. A torcida inflamou o time e Marcelo Ramos fez o segundo dele na partida já aos 40 minutos. Se não acertou o alvo no pênalti, Marcelo compensou com um golaço de falta.

 Para completar a explosão, um especialista em gols em finais de jogos mostraria do que seria capaz meses depois, quando se eternizaria na história do esporte baiano. Raudinei aproveitou rebote depois de uma cobrança de falta de longe de Missinho e fez o quinto.

 Com o término, uma cena lendária foi protagonizada pelo goleiro uruguaio Rodolfo Rodríguez. Ele atravessou o campo inteiro correndo e desceu as escadas até o vestiário para tirar satisfações com Paulinho. O placar de 5 a 4 não foi suficiente para a classificação, mas sim para coroar uma partida incrível.

Os gols e lances do jogo

 publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 21.05.2020

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