sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Caldeirão de Aço - Semana 42 - Exemplos de recuperação - publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 01.10.2020

A história do Esquadrão é repleta de exemplos que servem para dar confiança na recuperação iniciada com o triunfo de ontem contra o Botafogo. Em 2018, por exemplo, enquanto boa parte da população mundial concentrava as expectativas relacionadas ao futebol na Copa do Mundo, disputada na Rússia, eu, mesmo fanático pela competição, ainda dividia boa parte da minha preocupação com a situação do Bahia, que, àquela altura, tal como até a rodada anterior, figurava na zona de rebaixamento da Série A, após 12 rodadas disputadas, como agora.

O triunfo contra o Corinthians, por 1 a 0, com golaço do lateral chileno Mena, justamente naquela 12ª rodada em que a competição seria paralisada, foi motivo de esperança de que aquela situação fosse passageira. O time, comandado pelo interino Cláudio Prates, jogou com Douglas (Anderson), Nino, Tiago, Lucas Fonseca e Léo Pelé; Gregore, Élton e Régis; Zé Rafael, Élber (Mena) e Kayke (Allione).

Durante a paralisação, entretanto, após a perda da Copa do Nordeste, em casa, para o Sampaio Corrêa, já sob o comando de Enderson Moreira, o que mais se ouvia, nas escadas da Fonte Nova, era que não teria como aquela equipe, que ainda tem seis remanescentes no clube, garantir a permanência do clube na Série A. Sem público nos estádios, o discurso visto agora na internet é muito parecido. Desde a crítica generalizada à qualidade dos jogadores até a cobrança incessante por reforços.

Na prática, aquela campanha, que terminou com um 11º lugar, foi alcançada com praticamente a mesma escalação contestada naquele momento. A agonia não demoraria tanto e a equipe logo se encontraria, deixando aquela aflição para os outros. Na volta da Copa do Mundo, a equipe ficaria sete rodadas invicto, totalizando nove, somando com as duas antes da parada. Sobre as contratações, tão pedidas em 2018 e agora, apenas Gilberto, que encerrou longo jejum ontem, chegaria para tomar conta da camisa 9, garantindo os gols que, tal como agora, faltavam naquela época. Do restante da equipe, apenas Ramires, que seria promovido da base, garantiria um lugar entre os 11, em posição que antes contava com o rodízio entre Régis e Vinícius. Além de Edigar Júnio, que estava lesionado e retomaria a vaga de titular. O exemplo indica que contratações pontuais acertadas talvez possam fazer mais efeito do que uma reformulação geral cobrada sempre em momentos de crise.     

Esse foi o exemplo mais recente e mais parecido com a situação atual, até por causa do momento do campeonato, mas o Bahia já reverteu situações piores para permanecer na Série A. Em 2017, por exemplo, o time chegou a figurar na zona de rebaixamento em um momento anterior do campeonato, mas a situação mais crítica parece ter sido quando, faltando 12 rodadas, apesar de estar na 13ª posição, tinha apenas um ponto a mais que a zona de rebaixamento, e não conseguia evoluir de jeito algum. Paulo César Carpegiani, o quarto treinador, conseguiu organizar o time, que deu um salto em desempenho e resultados, e chegou a sonhar com a Libertadores, terminando em 12º. Em 2013, a permanência só foi carimbada após o sofrido triunfo da penúltima rodada contra o Cruzeiro. Sem falar do inesquecível gol de Edmundo contra o Flamengo que evitou a queda em 1996.

Agora em 2020, independente dos resultados, que não estavam acontecendo, identifico uma clara evolução nas três partidas mais recentes, contra Corinthians, Athlético e Botafogo, todas como visitante. Se as coisas estavam dando errado mesmo com boas atuações, ontem a estrela voltou a brilhar em lances como a perda de gol inacreditável do atacante Babi.

publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 01.10.2020 

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