sábado, 21 de dezembro de 2019

Caldeirão de Aço - Semana 01 - O frio na barriga da estreia - publicado originalmente no Jornal A Tarde do dia 19.12.2020


Com o término de uma temporada, independentemente da avaliação que se faça sobre a atual, as atenções já se voltam para a próxima. O Bahia terá caras novas em 2020, como o meio-campista Daniel, ex-Fluminense, único contratado até o momento para o elenco principal, comandado por Roger Machado. Outros, entretanto, chegaram para reforçar a equipe de transição, sob o comando de Dado Cavalcanti, e buscarão vaga no plantel, com o passar do tempo. Junto com Daniel, e os outros futuros anunciados, também lutarão por um lugar especial no coração do torcedor. 

Na cabeça desses jogadores, a empolgação com o novo desafio facilmente deverá estar se fundindo com a apreensão causada por ele. É exatamente essa mistura de sentimentos que toma conta de mim nesse momento em que escrevo o primeiro texto à frente desse respeitado espaço. O chamado frio na barriga. Contudo, ao contrário de muitos dos novos jogadores do Esquadrão, que provavelmente tiveram ou terão um contato mais profundo com o clube a partir do interesse e contato inicial para uma possível chegada, o Bahia é mais antigo em minha vida do que as minhas próprias memórias.   

Assim como tantos outros exemplos de vida que procuro seguir, - junto com aqueles passados por minha mãe, Jumari -, o amor pelo Bahia foi transmitido naturalmente por meu pai, Everaldo, meu grande companheiro de arquibancada, seja na Fonte ou em Pituaço. Ainda bem que meus irmãos, Lucas e Renato, também seguiram a tradição, que vai sendo guardada por meu afilhado Bernardo, neto dele, de dois anos, que já vibra ao ver as cores do Esquadrão.

Para dar certo nesse novo desafio, um conselho aos novos contratados é conhecer a fundo a história da nova casa. Perceber a grandeza e respeitar o esforço e o talento de quem veio antes. Assim, como se faz necessário valorizar o trabalho monstro de Samuel Lima à frente do seu ´Empurrão Tricolor´. Samuel é um grande jornalista, que respira o Bahia, e pelo qual sempre me senti representado aqui.

Também é preciso entender a grandeza e o comportamento da torcida do Bahia. Necessário se faz ter a exata noção de que será impossível agradar a todos. Críticas certamente virão, mas se o torcedor perceber entrega, respeito e comprometimento com o clube, ele se tornará um grande aliado. Será o estímulo necessário para que o trabalho se torne um prazer e que haja uma genuína satisfação em dar o melhor dentro das quatro linhas, seja em campo, ou no interior dessa coluna de tão respeitado jornal.

Quem não estará estreando em 2020 é o treinador Roger Machado que teve emoções intensas logo em sua primeira partida na área técnica do clube, com direito a gol no minuto final, decidindo classificação na Copa do Brasil, contra o CRB. Ainda que o time tenha caído de rendimento no segundo turno do Brasileiro, o saldo geral do trabalho do ex-lateral-esquerdo é positivo e a sua continuidade no comando também pode ser avaliada como importante. Agora, terá a oportunidade de participar mais efetivamente da montagem do elenco para a temporada.  

Em 10 anos, Roger será apenas o quarto treinador mantido após um final de temporada, depois de Enderson Moreira (2018), Guto Ferreira (2016) e Jorginho (2012). Desafio maior será terminar 2020 como o comandante. Algo que não acontece desde que Vadão passou o ano inteiro de 2004 à frente do clube, depois de chegar naquele mesmo ano. Roger poderá igualar o feito do mestre Evaristo de Macedo, único treinador no século a completar uma temporada inteira depois de ser mantido ao final da anterior, em 2001. Que o desempenho e os resultados ajudem.

publicado originalmente no Jornal A Tarde do dia 19.12.2020

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