Com
o término de uma temporada, independentemente da avaliação que se faça sobre a
atual, as atenções já se voltam para a próxima. O Bahia terá caras novas em
2020, como o meio-campista Daniel, ex-Fluminense, único contratado até o
momento para o elenco principal, comandado por Roger Machado. Outros,
entretanto, chegaram para reforçar a equipe de transição, sob o comando de Dado
Cavalcanti, e buscarão vaga no plantel, com o passar do tempo. Junto com
Daniel, e os outros futuros anunciados, também lutarão por um lugar especial no
coração do torcedor.
Na
cabeça desses jogadores, a empolgação com o novo desafio facilmente deverá
estar se fundindo com a apreensão causada por ele. É exatamente essa mistura de
sentimentos que toma conta de mim nesse momento em que escrevo o primeiro texto
à frente desse respeitado espaço. O chamado frio na barriga. Contudo, ao
contrário de muitos dos novos jogadores do Esquadrão, que provavelmente tiveram
ou terão um contato mais profundo com o clube a partir do interesse e contato
inicial para uma possível chegada, o Bahia é mais antigo em minha vida do que
as minhas próprias memórias.
Assim
como tantos outros exemplos de vida que procuro seguir, - junto com aqueles
passados por minha mãe, Jumari -, o amor pelo Bahia foi transmitido
naturalmente por meu pai, Everaldo, meu grande companheiro de arquibancada,
seja na Fonte ou em Pituaço. Ainda bem que meus irmãos, Lucas e Renato, também
seguiram a tradição, que vai sendo guardada por meu afilhado Bernardo, neto
dele, de dois anos, que já vibra ao ver as cores do Esquadrão.
Para
dar certo nesse novo desafio, um conselho aos novos contratados é conhecer a
fundo a história da nova casa. Perceber a grandeza e respeitar o esforço e o
talento de quem veio antes. Assim, como se faz necessário valorizar o trabalho
monstro de Samuel Lima à frente do seu ´Empurrão Tricolor´. Samuel é um grande
jornalista, que respira o Bahia, e pelo qual sempre me senti representado aqui.
Também
é preciso entender a grandeza e o comportamento da torcida do Bahia. Necessário
se faz ter a exata noção de que será impossível agradar a todos. Críticas
certamente virão, mas se o torcedor perceber entrega, respeito e
comprometimento com o clube, ele se tornará um grande aliado. Será o estímulo
necessário para que o trabalho se torne um prazer e que haja uma genuína
satisfação em dar o melhor dentro das quatro linhas, seja em campo, ou no
interior dessa coluna de tão respeitado jornal.
Quem
não estará estreando em 2020 é o treinador Roger Machado que teve emoções
intensas logo em sua primeira partida na área técnica do clube, com direito a
gol no minuto final, decidindo classificação na Copa do Brasil, contra o CRB. Ainda
que o time tenha caído de rendimento no segundo turno do Brasileiro, o saldo geral
do trabalho do ex-lateral-esquerdo é positivo e a sua continuidade no comando
também pode ser avaliada como importante. Agora, terá a oportunidade de
participar mais efetivamente da montagem do elenco para a temporada.
Em
10 anos, Roger será apenas o quarto treinador mantido após um final de
temporada, depois de Enderson Moreira (2018), Guto Ferreira (2016) e Jorginho
(2012). Desafio maior será terminar 2020 como o comandante. Algo que não
acontece desde que Vadão passou o ano inteiro de 2004 à frente do clube, depois
de chegar naquele mesmo ano. Roger poderá igualar o feito do mestre Evaristo de
Macedo, único treinador no século a completar uma temporada inteira depois de
ser mantido ao final da anterior, em 2001. Que o desempenho e os resultados
ajudem.
publicado originalmente no Jornal A Tarde do dia 19.12.2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário