Bahia e super-heróis têm tudo a ver. Basta ver o mascote do clube: o Super-Homem, ou Homem de Aço. Além de Tricolor de Aço, sou fã de filmes e seriados com essa temática. Não venho, porém, falar dessa ligação institucional e histórica, mas das semelhanças entre o momento atual da equipe e um ponto fundamental do roteiro de quase todo filme de tal gênero. Aquele em que os heróis buscam um refúgio e tentam se reorganizar, depois de derrota clamorosa em uma das batalhas. Enquanto não voltam a enfrentar os vilões, tentam definir novas estratégias, arrumar reforços e recuperar as próprias forças, fortalecendo ou resgatando os próprios poderes.
Um dos exemplos para quem acompanha o Universo Marvel nos cinemas é a reunião dos heróis, depois de um grande revés, na fazenda da família do Gavião Arqueiro, no Vingadores – Era de Ultron - segundo filme da franquia. A analogia pode ser feita com esse intervalo de dez dias sem jogos da equipe, que segue se preparando no CT Evaristo de Macedo. É bem verdade que, nos filmes, essa pausa geralmente acontece depois da maior derrota dos protagonistas. No caso do Bahia, o 3 a 2 sofrido para o Corinthians está longe de representar esse momento, pelo placar,e, muito menos, pelo desempenho.
O retorno, contra o Athlético Paranaense, no sábado, entretanto, chega justamente no pior momento do clube na competição e no ano, já que, nesse meio tempo, o clube entrou na zona de rebaixamento. Esse momento dramático caberia perfeitamente em qualquer narrativa amparada na chamada jornada do herói, que não se restringe aos filmes de super-heróis. Aquele ponto de virada na trama.
Mano Menezes está tendo um tempo inédito para ele, desde que chegou, e para o clube, desde que o futebol voltou com intervalos mínimos entre uma partida e outra. Ele assume o papel do mentor que busca despertar em cada integrante do elenco do Bahia os seus antigos poderes que andam esquecidos. Além de definir as melhores estratégias para superar os adversários.
Ainda com relação ao momento do reagrupamento nos filmes de heróis, é nessa hora que eles buscam identificar outros potenciais aliados que ainda não aceitaram o chamado ao heroísmo para abraçarem a causa. No futebol, é a velha hora de contratar. Se a diretoria - confesso que eu também - achou que o Bahia poderia chegar ao final do Brasileiro sem contratar mais, após fechar o grupo para a disputa das primeiras competições do ano, já parece um consenso de que hoje é algo inevitável. Claro que a minha avaliação havia sido feita antes das quedas de rendimento individuais e coletivas e de algumas baixas, que precisam ser supridas.
Até o fechamento desse texto, o Bahia ainda não havia anunciado oficialmente nenhuma contratação. A especulação mais forte parece ser sobre a chegada do zagueiro Anderson Martins, que reforçaria a defesa mais vazada do Brasileiro. Entre outras especulações não tão concretas, confesso que o meu lado jogador de Master Liga se empolgou mais com a possível chegada do também zagueiro Ezequiel Garay, ex-Valência e seleção argentina.
É também a hora do retorno de alguns que haviam deixado a equipe, como é o caso de Eric Ramires. Que o tempo na Europa faça com que ele recupere os poderes demonstrados na temporada de 2019. Que Mano Menezes também consiga resgatar as qualidades esquecidas de tantos outros integrantes do grupo e que eles possam salvar o mundo, ou, mais especificamente, a temporada tricolor.
publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 24.09.2020