Não tem tanto tempo assim que os confrontos internacionais ficavam restritos à imaginação ou às lembranças dos torcedores tricolores. Hoje à noite, o Bahia enfrenta o Melgar, do Peru, na retomada da Copa Sul-americana, e a relação com os jogos continentais já é outra. Há, inclusive, a esperança de que, assim como em 2018, o Bahia consiga chegar longe. E que, dessa vez, as arbitragens não interrompam o sonho do título internacional, como aconteceu nas quartas de final contra o Athlético.
Por falar nas lembranças além fronteira, na Libertadores de 1989, os campeões brasileiros de 1988 enfrentaram uma equipe peruana nas oitavas de final. Depois de um empate, no Peru, em 1 a 1, com o Universitário, com o gol marcado por Osmar, o Tricolor venceu o jogo de volta na Fonte, por 2 a 1 e se classificou para as quartas de final. Marquinhos e Charles fizeram os gols.
Essa lembrança é bem melhor do que a do único confronto com um adversário peruano em sete participações da própria Copa Sul-americana. Já que o Bahia saiu da competição nas oitavas de final em 2014 depois de disputa de pênaltis contra o Universidad César Vallejo.
A expectativa é que dessa vez o Esquadrão elimine os peruanos. É tanto tempo desde a primeira fase da atual edição, que é bom lembrar que o Bahia chegou a esse confronto depois de passar pelo Nacional, do Paraguai, com duas excelentes atuações e dois triunfos tranquilos, por 3 a 0, na Fonte Nova, e 3 a 1, fora. Se no Brasileiro Gilberto começou a fazer gols recentemente e está distante dos goleadores, na Sul-americana, o camisa 9 tricolor foi o artilheiro da primeira fase, com três gols.
O primeiro foi marcado na Fonte Nova, em partida que contou ainda com um gol de Élber e o golaço de Gregore, primeiro com a camisa tricolor. Os outros dois foram feitos no Paraguai, quando Élber também marcou novamente. Curioso é que o jogo de ida talvez tenha sido a melhor apresentação da equipe antes da paralisação e aconteceu no momento de maior pressão, vindo de derrotas que custaram vaga na Copa do Brasil e a longa invencibilidade em clássicos. A partir dali, o time manteve a consistência até a parada do futebol.
Dessa vez, o Bahia volta à competição depois de um triunfo muito importante contra o Atlético Mineiro e de um bom período para treinamento. Com um número maior de vagas disponíveis para inscrição, entraram na lista vários jogadores da base que ainda não tiveram chance na equipe principal.
Além dos que foram mantidos, também entraram alguns jogadores do antigo grupo de transição, que era comandado por Dado Cavalcanti, que teve o regresso ao clube anunciado nessa semana. Nem serve muito como parâmetro, porque a atuação no primeiro tempo da partida contra o Atlético não foi boa, mas foi interessante ver que o Bahia iniciou com três integrantes daquele elenco – Fessin, Ramón e Édson -, ainda contou com a entrada de Alesson. Curiosamente, Saldanha, o mais utilizado do antigo grupo, não atuou nessa ocasião. Cada um, em diferentes níveis, já demonstrou qualidades na atual temporada. Torço e considero importante que o clube consiga contratar definitivamente os emprestados Ramón e Fessin.
Antes do Baiano, apontei aqui Gustavo, já negociado, e Fessin, como aqueles de quem mais esperava no elenco. Com mais ritmo, Fessin vem correspondendo às minhas expectativas. Outras peças muito conhecidas também foram inscritas agora, como Rodriguinho, Elias, Marco Antônio, Eric Ramires e Anderson Martins.
publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 29.10.2020