domingo, 27 de abril de 2008

Tem que ter disposição

Leandro Silva

A fórmula do Campeonato Baiano tirou a possibilidade de haver uma final, mas o clima hoje no Jóia da Princesa é de decisão. Não desprezando a força já comprovada do Vitória da Conquista, mas o Ba-Vi é um campeonato à parte e hoje é a quarta etapa desse torneio. O Bahia levou a melhor nas três primeiras. E depois de hoje, não adianta: os rivais só voltam a se enfrentar em 2009.

Se o tricolor vencer, o rubro-negro está praticamente eliminado. Um empate também deixaria o Leão em situação ruim. Por isso, vencer é a única saída para os rubro-negros que ainda não tiveram a chance de escolher a trilha sonora de um clássico esse ano.

Já teve ´Beber, cair, levantar´, ´Créu´ e por último ´Chupa que é de uva´. Qual será a trilha sonora do quarto Ba-Vi do ano?

A rivalidade está em alta depois da goleada da rodada passada. E para tricolores ou rubro-negros dançarem o créu da vitória, hoje, no Jóia, vai ser preciso ter muita disposição.

No Ba-Vi passado, a vontade e a entrega em cada lance dos jogadores do Bahia superou às dos jogadores do Vitória. Mas para tentar a quarta vitória em clássicos no ano, os tricolores terão que se entregar ainda mais porque os rubro-negros, mordidos pelo vexame, devem jogar com muito mais vontade.

Marcas– Invicto há 14 partidas pelo Baiano e há 12 no ano. O Bahia é o melhor mandante do campeonato, mesmo andarilho, e é o único invicto em casa. Por outro lado, o Leão é o visitante mais desagradável. Se perder hoje, será superado pelo Bahia.

Para preocupar os tricolores, desde 2001, o Bahia não consegue vencer a partida seguinte a uma vitória em Ba-Vi. Mas, naquele ano, o Bahia também venceu o Ba-Vi por 4 a 1 e conseguiu vencer o Flu de Feira por 1 a 0 na sequência pelo Nordestão.

Carrascos– Eles não são centroavantes como Marcelo Ramos, ou Agnaldo Capacete, que entristeciam as torcidas do Vitória e do Bahia, respectivamente, em um passado não tão distante, mas o dublê de volante e zagueiro Rogério, pelo lado do Bahia, e o meia Ramon, pelo Vitória, são os carrascos atuais dos rivais.

Rogério, que não levou nenhum cartão no Baiano, vem embalado depois de fazer três gols nos dois últimos Ba-Vis. O primeiro foi no palco da partida de hoje. No quarto Ba-Vi no ano, e do Jóia, o camisa 4 tentará seu quarto nos clássicos. Já Ramon este ano só atuou no clássico da semana passada quando deu a assistência para o gol de honra de Marco Antônio.

A fama de carrasco do camisa 10 vem da primeira passagem do meia pelo Leão, quando marcou muitos gols em Ba-Vis. Só no Barradão, foram cinco.

Mistérios– O destino, e a indisciplina deles, quis que os Ba-Vis da fase final fossem desfalcados dos goleadores das equipes. Se no primeiro Ba-Vi da fase final, o rubro-negro não pôde contar com o seu artilheiro Rodrigão, hoje é o Bahia que terá a ausência do seu goleador, Elias.Assim, a única dúvida na escalação fica por conta do substituto dele: Everton ou Ananias.

No lado rubro-negro, as dúvidas são muitas. Rodrigão volta, e Marco Aurélio também deve voltar depois da mal fadada experiência de escalar Willians na lateral. Enquanto isso, muitos podem perder o lugar. O goleiro Ney, muito criticado pelas últimas partidas, deve ser substituído por França, que era também perseguido por suas más atuações enquanto Ney estava de molho.O time pode vir mais fechado com a entrada do volante André Silva ao lado de Renan.

Os ingressos de meia só começam a ser vendidos hoje no Jóia.

Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 27/04/2008

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Akinfeev - Na teia do Aranha


Leandro Silva

Igor Akinfeev já é considerado o principal jogador russo. Nada de estranho se lembrarmos de casos de fenômenos precoces como Pelé e Ronaldo. Não seria nada estranho se Akinfeev não fosse goleiro, posição em que geralmente se exige uma maior experiência. E ainda mais quando o ´craque precoce´ joga na mesma posição de um dos maiores jogadores que já vestiram a camisa do seu país: o lendário Lev Yashin, o Aranha-Negra, que inclusive dá o nome para o prêmio de melhor goleiro das Copas do Mundo, desde 1994.

No entanto, se um desavisado assistir à suas atuações sem saber a sua idade, dificilmente vai imaginar que ali está um goleiro que ainda tem idade olímpica. Mas não é só por isso que ele é um garoto prodígio.

Ele está aqui, principalmente, porque já se destaca há um bom tempo. Essa, por exemplo, não será a primeira Eurocopa para o goleiro. Em Portugal-04, com apenas 18 anos, Akinfeev já era convocado como terceiro goleiro da equipe russa que não conseguiu passar da primeira fase. À época, o prodígio já tinha assumido a posição de titular no CSKA Moscou, um dos clubes mais fortes do país.

A estréia pra valer com a camisa da seleção russa principal, porém, aconteceu em 30 de março de 2005, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, em partida contra a Estônia. Depois disso, Akinfeev foi titular nos cinco jogos restantes, inclusive em um empate em 0 x 0 diante de Portugal. A vaga para a Copa, porém, não veio. Os russos terminaram em terceiro lugar, atrás de Portugal e Eslováquia, que cairia na repescagem.

Os títulos

Depois da Euro, na temporada 2004/2005, o jovem goleiro foi um dos nomes mais importantes na inédita conquista do CSKA Moscou na Copa da Uefa, em final contra o Sporting Lisboa. Akinfeev já conquistou, também, três campeonatos russos, em 2003, 2005 e 2006 e mais três Super Copas da Rússia, em 2005, 2006 e 2007.Na temporada passada , passou quatro jogos sem levar gols na Liga dos Campeões, caindo só diante do Porto na quinta rodada.

Não é à toa que Akinfeev é apontado como jogador-chave da Rússia para a Eurocopa que será disputada nesse ano. A condição de maior destaque é favorecida pela ausência de nomes mais conceituados no grupo da seleção, mas, mesmo assim, outros países mais fortes sonhariam com um goleiro consistente como ele para resolver os seus problemas. Sorte de Guus Hiddink que pode contar com a segurança de Akinfeev como guardião de sua meta.

Grave contusão

Em franca ascensão, o goleiro teve uma lesão grave no joelho e ficou fora dos gramados de maio até novembro do ano passado. E assim que retornou foi convocado por Hiddink para as partidas decisivas contra Israel e Andorra, mas não atuou. Sua volta só aconteceu em 26 de março deste ano, quando a Rússia levou 3 x 0 da Romênia.

Na Liga dos Campeões deste ano, a sua ausência nos três primeiros jogos da equipe moscovita serve como uma das explicações para a pífia campanha do CSKA, que terminou com apenas um ponto em seis jogos contra Internazionale, Fenerbahçe e PSV. Mandriykin, goleiro reserva, foi péssimo e não conseguiu amenizar a falta de Akinfeev em campo. Mesmo de volta nos últimos jogos, o prodígio não pôde evitar um desempenho horroroso do Exército Vermelho.

Em janeiro deste ano, junto com os irmãos defensores Aleksei e Vasili Berezutski e o meia Yuri Zhirkov, Akinfeev renovou contrato com o CSKA até dezembro de 2011. Apesar disso, a expectativa é que, logo em breve, ele possa brilhar em uma liga de ponta no Velho Continente. Parece ser só uma questão de tempo.

Prêmios individuais

Além da importância coletiva para o CSKA e para a Seleção, o jovem goleiro também consegue repetir o sucesso em campo nas premiações individuais. Em 2006, por exemplo, foi considerado o ´Goleiro do Ano´ pelos leitores da revista ´Ogonek´, da Rússia. No mesmo ano, foi consagrado como o melhor goleiro jovem do continente pelo jornal italiano Tuttosport.

Talvez, no futuro, Akinfeev possa conquistar o prêmio ´Lev Yashin´ de melhor goleiro de uma Copa do Mundo, sendo sucessor de Michel Preud'homme, Fabien Barthez, Oliver Kahn e Gialuigi Buffon. E por que não? Do próprio Aranha-Negra, melhor goleiro da Copa de 1966. Os primeiros passos para isso têm sido largos e incisivos.

Ficha técnica

Nome completo: Igor Akinfeev

Data de Nascimento: 08/04/1986

Local de Nascimento: Vidnoye, Rússia

Clube atual:
CSKA Moscou

Seleções de base que defendeu: Rússia Sub-21, Sub-20 e Sub-17

Texto publicado originalmente no site Olheiros.net no dia 22 de abril de 2008

domingo, 20 de abril de 2008

Caldeirão ou parque de diversões


Leandro Silva

Considerado um alçapão, o Barradão, palco do Ba-Vi de hoje, já foi muito mais temido não só pelo Bahia, mas por todos adversários do Vitória, incluindo os grandes do sul e do sudeste do País. Clássico no Barradão era sinônimo de pesadelo para a torcida tricolor, já que o Bahia passou oito anos sem vencer no caldeirão rubro-negro. Mas, hoje, o tabu mudou de lado e o Bahia já sustenta cinco clássicos de invencibilidade no estádio, quatro pelo Campeonato Baiano.

Desde maio de 2006, o tricolor não sai do Manoel Barradas derrotado. Outrora, um caldeirão fervente que gerava um clima assustador para o Bahia, será que o Barradão está se tornando um parque de diversões tricolor? Ou um ‘recreio dos tricolores’ como o diretor de futebol do Bahia Ruy Acciolly se referiu ao estádio em entrevistas depois da vitória no primeiro Ba-Vi do ano?

Os torcedores rubro-negros tentam explicar essa queda de rendimento nos clássicos em casa. “São coisas do futebol. Particularmente achei o Vitória favorito em todos os cinco últimos Ba-Vis, tanto é que em todos esses torneios terminamos na frente do Bahia”, diz Alexandro Ribeiro, um dos autores do livro ´Barradão - alegria, emoção e Vitória´, que conta a história do estádio do Leão.

Também autor do livro, Luciano Santos também encontra dificuldades para explicar a mudança. “Rapaz, é difícil explicar isso. A explicação talvez esteja mais do lado do Bahia do que do Vitória. Talvez, a gente tenha ficado um bom tempo distanciado do Bahia em termos de elenco e agora esteja mais equilibrado”.

Diretor de futebol do Bahia, Ruy Acciolly pensa da mesma forma. “O que mudou foi que o Bahia fez times melhores, mais fortes e os resultados apareceram”, opina.

Por mais que se tente diminuir a força dos tabus, é inegável a sua interferência nos resultados no futebol. A vontade de quebrar uma escrita desfavorável é diretamente proporcional ao nervosismo e à falta de confiança que atingem o lado menos favorável de uma escrita, o do faminto por uma vitória.

Queda– A queda de rendimento do Leão dentro de casa não é um fato restrito aos clássicos. Fora o retrospecto recente do Vitória contra o Bahia no Barradão, o desempenho do Leão contra outros adversários no estádio também não inspira mais confiança.

A prova disso é que o rubro-negro foi o pior dentro de casa entre os finalistas do Campeonato Baiano, na primeira fase. Se antes Vasco, Palmeiras, Cruzeiro, Internacional passavam por dificuldades no alçapão rubro-negro, hoje, equipes menores como o Poções, que era lanterna, conseguem vencer.

Além do Feirense que, mesmo eliminado, conseguiu fazer quatro gols no Vitória dentro do seu estádio e por pouco não venceu.

Antigamente comparado a outros alçapões do futebol brasileiro como a Vila Belmiro, ou a Arena da Baixada, estádios com dimensões menores em que a pressão da torcida é muito grande e os times da casa não costumam perder pontos, o Barradão hoje pode até ser um local prazeroso para visitar.

“O estádio ainda é um fator extremamente positivo para os nossos jogadores, Acredito que de 95 pra cá, o Vitória sempre teve bons elencos. Antes, era uma casadinha: elencos bons e o Barradão dando apoio. Acho que hoje os insucessos estão mais ligados à limitação do time”, rebate Luciano Santos.

Ele não concorda com uma perda total da força do estádio, mas reconhece que alguns fatores limitaram o poder de decisão do Barradão.

“No início, a pressão e a mística eram mais valorizadas. Hoje, com o estatuto do torcedor, tudo tem que ser muito neutro”, explica Luciano Santos. Segundo ele, não havia nada de absurdo nas práticas do Vitória antes do estatuto do torcedor, mas depois qualquer tipo de ´malandragem´ passou a ser coibida.

“Nunca aconteceu nada de extraordinário no Barradão. Tô falando por mim. Acho um bom estádio, bom de se jogar. Somos bem tratados lá. Não tenho queixa nenhuma”, diz Ruy Acciolly.

Alçapão– Apesar das três vitórias do Bahia e dois empates nos últimos cinco clássicos no Barradão, a vantagem do Leão ainda é enorme. Em 34 jogos, são 21 vitórias do Leão, seis triunfos tricolores e mais sete empates. Metade das vitórias do Bahia aconteceu nos últimos dois anos.

Mas quais características do estádio mais contribuíram para essa larga vantagem rubro-negra? “Acho que isso está menos ligado às características físicas do estádio e mais aos fatores psicológicos. A fama do Barradão fez com que essa idéia do alçapão fosse criada. E acho que foi o Bahia mesmo que criou essa mística com o objetivo de inviabilizar os jogos lá, alegando que os fatores extra-campo atrapalhavam”, diz Luciano Santos.

“Se o Bahia tivesse se conformado em atuar lá com naturalidade, não teria criado essa pressão e provavelmente, a vantagem poderia ser menor”, acrescenta.

“Esse temor nunca existiu, não. Fomos campeões (do Baiano) em 98 lá, também fomos bi-campeões do Nordeste em 2002”, finaliza Ruy Acciolly.

Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 20/04/2008

Darci costuma se dar bem no estádio do Leão

Leandro Silva

Durante oito anos, até aquela partida do dia 21 de maio de 2006, a simples menção de que iria haver um Ba-Vi no Barradão já era suficiente para causar calafrios em muitos torcedores tricolores e minar a confiança em uma vitória do Bahia.

A situação se modificou naquele dia, quando o Bahia conseguiu vencer por 1 a 0, resultado que não adiantou para o objetivo imediato do clube que era chegar à final do segundo turno do Baiano, mas foi de fundamental importância para o futuro do clube pois acabou com um tabu de oito anos e com o ´Fantasma do Barradão´.

“Não sei se é coincidência ou não, mas foi no meu primeiro Ba-Vi que o Bahia quebrou esse tabu”, diz o goleiro Darci.

Ele que ainda vestirá a camisa 1 do Bahia hoje, foi uma figura decisiva naquela partida. Quando o jogo ainda estava empatado, o arqueiro defendeu um pênalti que garantiu a igualdade no marcador até que no final, o zagueiro Laerte decretou a vitória tricolor.

Se Ramon diz que o Barradão lhe traz sorte, o goleiro pode dizer o mesmo. Nas três vezes em que atuou no estádio, pelo Bahia, saiu vencedor. Ou seja, esteve presente em metade das vitórias tricolores no Barradão.

Mais que isso, na segunda partida que atuou no Manoel Barradas, voltou a pegar um pênalti, na Série C de 2006, quando o Bahia venceu por 2 a 1.

Em 2007, Darci não ficou no Bahia e não participou dos dois empates do ano. Mas no atual Campeonato Baiano, ainda em fevereiro, Darci não voltou a pegar um pênalti, mas em compensação, fechou o gol e foi considerado melhor em campo. Fundamental para garantir a vitória por 2 a 0.

Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 20/04/2008

Dia de decisões no Sudeste

Leandro Silva

Hoje tem decisão no Rio de Janeiro, mas bem que parece semifinal. Com o Flamengo já garantido na final do estadual, Botafogo e Fluminense entram em campo hoje com dois objetivos: conquistar a Taça Rio e garantir a vaga na final do Carioca.

O Botafogo já venceu o Fluminense duas vezes nessa competição e até eliminou o tricolor na semifinal do primeiro turno.

No Fluminense, Cícero, revelado pelo Bahia está cada vez com mais moral. Principalmente, depois de ter feito o gol da vitória contra a LDU na quinta.
O técnico Cuca pode sacar o meia Zé Carlos, um dos principais jogadores da Taça Guanabara, do time, pela queda de rendimento e também pela volta do volante Leandro Guerreiro.

A rivalidade entre Palmeiras e São Paulo está pegando fogo depois do gol de mão de Adriano na partida de ida. Vizinhos, os dois únicos sobreviventes entre os grandes nas semifinais só enxergam um ao outro nesta semifinal que tem cara de decisão antecipada do Paulistão. E com certeza deverá atrair mais atenção do que a própria decisão. Se no Rio de Janeiro, a final de hoje está com cara de semifinal, a semifinal do Paulista parece uma decisão.

As duas equipes voltam a se encontrar hoje às 16 horas, depois de uma vitória para cada lado nos confrontos deste ano. Na fase de classificação, o Palmeiras arrasou o São Paulo e venceu por 4 a 1, mas levou o troco na hora mais importante, ao perder por 2 a 1 no domingo passado, no Morumbi, quebrando uma série de 10 vitórias do Verdão.

O Palmeiras precisa vencer por apenas um gol de diferença, já o São Paulo pode até empatar que fica com a vaga na decisão.

Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 20/04/2008

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Raio-X das lesões no futebol


Leandro Silva

"Jogador de futebol que não tem dor não é jogador de futebol". A declaração do atacante Luisão, campeão com a Sel eção Brasileira na Copa de 2002, é cada vez mais verdadeira se for analisado o alto número de lesões que vitimaram muitos craques pelos gramados no mundo, alguns nunca mais voltando a brilhar.

O atacante se recupera de uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho. Ele já fez nove cirurgias em sua carreira e quer voltar a jogar. Lesões que não deixam de ser paradoxo para o esporte, que tem a finalidade de gerar e não diminuir a saúde.

O futebol é um esporte de contato, mas isso não é determimante para lesões graves, no entendimento de especialistas em Medicina Esportiva. “A maior incidência das lesões ocorre nas contusões, nos traumatismos, mas não são necessariamente as mais graves. Nestas, muitas vezes, a pessoa está sozinha”, afirma Marcos Lopes, do Bahia.

“A lesão muito freqüente no joelho é no ligamento cruzado anterior. É grave, mas quase sempre não ocorre por trauma provocado pelo choque entre atletas”, complementa Rodrigo Vasco da Gama, médico do Vitória e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho.

Outras lesões freqüentes, para os médicos, são as ligamentais ou meniscais nos joelhos, as musculares e as entorses. E em menor freqüência, mas também graves, as fraturas e o rompimento do tendão de aquiles, que vitimou Preto, do Bahia, em 2007.

Companheiro de Luisão na Copa de 2002, Ronaldo entristeceu o mundo, mais uma vez, em 13 de fevereiro, quando caiu sozinho e teve outro rompimento do tendão patelar do joelho, agora o esquerdo. A imagem da queda solitária é quase um símbolo da fragilidade do corpo humano diante das exigências do futebol profissional moderno.

“A gravidade da lesão não depende do trauma direto. E as lesões tendíneas, como a de Ronaldo, por exemplo, principalmente no joelho, são as mais graves”, diz Marcos Lopes.

As contusões musculares também não necessitam de contato. Quem esquece quando Romário interrompia o seu tradicional pique, colocava a mão na coxa ou na virilha e deixava o gramado imediatamente?

O grande número de saltos, giros, mudanças bruscas de direção e velocidade torna o futebol um esporte com alto índice de lesões indiretas.

Vilões – Rodrigo Vasco da Gama não acredita que tenha aumentado o número de lesões graves no futebol. “Acho que seja uma fase. Ultimamente, alguns atletas vêm sofrendo lesões, mas eu não acredito que tenha aumentado, não”, opina o médico.

Mas quais seriam as causas das lesões, mesmo que elas não tenham aumentado? Alguns vilões apontados são o excesso de jogos, a carga excessiva de treinamentos e os tipos de chuteira.

“O tipo de treinamento é fator importantíssimo na soma das lesões. Treinamento e condicionamento. Quanto mais o indivíduo treina, quanto menor o intervalo de um jogo para outro, maior o risco de lesão. E quanto pior o condicionamento, maior o risco de lesão”, diz Marcos Lopes.

Vasco da Gama também enaltece a importância de um bom condicionamento físico. “Um atleta bem condicionado fica menos vulnerável às lesões. Se ele não estiver bem condicionado, pode ter uma lesão qualquer muscular, com um mínimo de esforço”, diz.
ênfase física – Sinval Vieira, ex-diretor do Vitória, conta que na época em que trabalhava nas divisões de base do clube, um dos problemas físicos mais recorrentes nos jogadores era a pubalgia, causada pelo excesso de preparação física.

Para o médico Rodrigo Vasco da Gama, as queixas procedem, pois o excesso de trabalho nos clubes favorece o desgaste dos ligamentos e causa realmente problemas no púbis.

“Um jogador que atua 90 minutos precisaria pelo menos de 48 a 72 horas sem atividade para recuperar as micro-lesões. Pode fazer regenerativo, mas treinamento com bola, não”, explica Marcos Lopes.

“A gente acabou com os coletivos no Bahia. Antes, quando o time jogava no domingo, os treinadores faziam coletivo na terça, para jogar na quarta. Coletivo é uma partida de futebol. Hoje, o time joga domingo, faz regenerativo na segunda, técnico tático na terça para jogar quarta. É o perfeito, porque quanto mais aumenta a carga, ela vai lesando devagar o músculo até que ele explode. Tanto o músculo quanto os tendões e a cartilagem”.

O excesso de partidas no ano é outro ponto em que os médicos dos dois clubes concordam como sendo um dos principais agentes causadores de lesões. Para eles, o ideal seria um jogo por semana.

Chuteiras – Eles discordam apenas quanto à possibilidade de determinados modelos de chuteira contribuírem para as lesões nos joelhos.

“Alguns predispõem que jogadores tenham esse tipo de lesão. O ideal seria a chuteira se adaptar ao seu pé e não o seu pé à chuteira. Mas a grama alta e determinados tipos de solo também favorecem o surgimento de lesões”, avalia Marcos Lopes.

Rodrigo Vasco da Gama discorda: “Não tenho experiência para falar disso, mas acho que não tem influência, não. Algumas são mais confortáveis que outras, mas não acho que contribuam para lesões, não”.

Marcos Lopes explica como a chuteira pode influenciar. “Quanto maior a trava, maior o risco de lesão, principalmente nos joelhos. A aderência maior força mais o joelho. Vai progressivamente agredindo o ligamento até a hora em que ele rompe”.

O médico do Bahia diz que muitos jogadores do elenco do clube procuram dicas sobre chuteiras com ele. “Inclusive, oriento a eles que, quando comprarem uma chuteira, usem nos treinos antes. O certo é o jogador nunca usar uma chuteira nova no jogo”, aconselha Marcos Lopes.

E existem tipos de chuteira ideais para as características dos jogadores? “Depende da posição do atleta. Por exemplo, em jogador rápido como Pantico, a trava deve ser menor. Para jogador de defesa, geralmente, a trava deve ser maior. Isso muda quando está chovendo, aí a trava é sempre maior”, explica Marcos Lopes.

Para escapar – No entendimento de Marcos Lopes, não dá para detectar uma predisposição em um atleta para determinados tipos de lesão. “O que a gente sabe é que, quanto mais leve, mais magro, o jogador corre menor risco de lesão. Veja a quantidade de pancada que Pantico toma, raramente fica afastado. Naldinho era a mesma coisa. Quanto mais pesado e menos flexível o atleta, maior o risco de lesão”, explica.

O médico tenta dar a receita para que os jogadores-leitores de ATEC driblem as lesões. “Primeiro é preciso um bom condicionamento físico. O atleta bem condicionado tem um menor risco de lesão. Segundo, um espaço de tempo maior entre os jogos. Terceiro, um gramado de boa qualidade. Quarto, uma chuteira de boa qualidade e alongamentos e fortalecimentos musculares”.

“Na verdade, a gente tem que diferenciar atleta de jogador. Quanto mais atleta, menos lesão. Quanto mais jogador, mais lesão, finaliza Marcos Lopes.

Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 16/03/2008

Contusões em lances violentos chocam mais

Leandro Silva

Algumas lesões também são causadas pelos choques inevitáveis no futebol. Várias delas por maldade do adversário e outras por imprudência ou mesmo acidente. Como o choque que vitimou Dodô, do Fluminense, na semana passada. Ney, do Vitória, e Renato Augusto, do Flamengo, passaram pelo mesmo problema, mas já voltaram a atuar.

“São lesões parecidas, trauma na face, com indicação de tratamento cirúrgico. Não acredito que estejam aumentando esses traumas violentos na face, região pouco vulnerável na prática do futebol. Houve recentemente três lesões, pode ser que levem seis, oito meses, sem ter outra”, opina Rodrigo Vasco da Gama.

Esse tipo de lesão causado pela violência do choque chama muito a atenção, mas muitas vezes é menos preocupante para o jogador. “Por exemplo, Dodô fraturou o malar. Vai ficar fora uns dois meses, mas para o futuro no futebol, nenhum problema. Já quem tem uma lesão no ligamento, volta com oito meses e, mesmo assim, alguns não conseguem voltar”, diz Marcos Lopes.

Mas nenhuma contusão chocou tanto o mundo neste ano quanto a fratura exposta na perna sofrida pelo brasileiro, naturalizado croata, Eduardo da Silva, do Arsenal, no jogo contra o Birmingham no mês passado.

O zagueiro Martin Taylor deu um carrinho violento no atacante da seleção croata, que correu o risco de ter a perna amputada se a cirurgia não tivesse sido rápida. A cena foi tão forte que os canais de TV se recusaram a passar o replay do lance.

Matéria publicada originalmente no dia 16/03/2008

Especialistas enaltecem a medicina esportiva no Brasil

Leandro Silva

A medicina esportiva avançou muito no mundo e pelo número maior de cirurgias envolvendo os jogadores atuais dá a impressão de que aumentou a quantidade de lesões. Mas é que muitos casos que no passado recebiam tratamento convencional hoje são diretamente cuidados com intervenções cirúrgicas.

E como está o Brasil nesse processo? “O nível de medicina esportiva e fisioterapia no Brasil é tão bom que os jogadores de destaque que estão lá fora vêm para o País para a recuperação”, diz Marcos Lopes.

A Bahia, segundo o médico, está um pouco abaixo desse nível. “O Estado mais avançado é São Paulo. Depois, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas. A Bahia está naquele patamar entre Pernambuco e Ceará”.

Rodrigo Vasco da Gama discorda: “Nós temos a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Joelho. Está todo mundo atualizado. Na Bahia e nos outros centros, fazem tudo da mesma forma. Mas logicamente a cirurgia tem que ser feita por um especialista bem preparado”, diz Vasco da Gama.

Então o que faltaria para que a Bahia alcançasse o patamar de São Paulo? “Falta dinheiro. Tem muita boa vontade, bons profissionais, mas falta dinheiro para comprar bons equipamentos”, diz Marcos Lopes. Para ele, essa realidade se estende aos clubes.

"Posso falar pelo Vitória que tem tanto o material humano quanto o material de recuperação dos atletas que se usa em grandes centros. Quase não faltam aparelhos comparados com outros centros”, diz Rodrigo Vasco da Gama.

Os dois médicos concordam no que diz respeito ao progresso das cirurgias esportivas no mundo inteiro. “Hoje tem bem mais recursos do que antigamente. O atleta hoje tem muito mais condições de se recuperar. Quando Zico teve aquela lesão de joelho não tinham a aparelhagem e não tinha o procedimento que se faz hoje. Se fosse hoje, tinha recuperado ele 100%. No entanto, ele teve que ficar limitado”, diz Rodrigo Vasco da Gama.

Quanto aos métodos paliativos para tentar adiar ou evitar as cirurgias, um dos mais utilizados é a infiltração, que é defendida por Marcos Lopes. “A infiltração só não deve ser feita em tendões. Mas as infiltrações articulares podem ser feitas. Tendo um critério”, diz o médico.

Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 16/03/2008

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Entrevista com Delcir Rodrigues, dirigente do Real Salvador

Leandro Silva

Delcir Rodrigues é diretor de futebol do Real Salvador e agente de jogadores. O Real é um clube baiano fundado em 9 de outubro de 2002 com o intuito de revelar talentos e futuramente conseguir ser a tão esperada terceira força do estado. Mas está parado e deve retornar às atividades, voltado apenas para a formação de jogadores.

O Real Salvador chegou a disputar torneios internacionais e montou uma equipe profissional que participou da segunda divisão do Campeonato Baiano. Um dos principais frutos do trabalho do time foi a revelação do meia Leandro Lima, contratado pelo Porto, em 2007, depois de se destacar com a seleção brasileira no último Mundial Sub-20. Recentemente, foi noticiado que o meia teria adulterado a idade.

Rodrigues é ainda um dos sócios cotistas do Real, que tinha o renomado Newton Mota, responsável direto pela ascensão do Vitória na década de 90, à frente do projeto. Durante essa entrevista, ele fala sobre a equipe, as divisões de base de um modo geral, as principais descobertas do time, as dificuldades em lidar com os “gatos” e também “segurar” as revelações nos próprios clubes.

Leandro Silva - Como funciona um clube que se dedica a apenas revelar jogadores?

Delcir Rodrigues - Um clube que se dedica à revelação de jogadores, como é o caso do Real Salvador, que atualmente está parado para modificar a filosofia, tem que ter uma rede de olheiros espalhada pelo Brasil todo. E tem que ter também seus próprios olheiros, que marcam peneiras em outros municípios e estados. Tem que conversar com a família, ver se é isso mesmo que ela quer para o menino. Depois tem que fazer todos os testes de saúde porque o clube tem que estar precavido quanto a isso. Se for aprovado, ele é alojado e procura um colégio porque não pode ficar sem estudar.

Leandro Silva – E você continua trabalhando com o futebol enquanto o Real Salvador está parado?

Delcir – Estou trabalhando mais sozinho, buscando jogadores pelo Nordeste. Tenho até que mudar isso, procurar mais pela Bahia mesmo, porque sai caro.

Leandro Silva – E achando esses talentos, você manda para qual time?

Delcir – Seria para clubes como São Paulo, Atlético Paranaense, Fluminense, São Caetano, Palmeiras... Só time grande. Busquei o relacionamento com os clubes. Estou trazendo equipes como São Paulo e Atlético Paranaense para a Copa 2 de Julho de Juvenil em julho, que tem tudo para se tornar a maior do país.

Leandro Silva - Há alguma ambição profissional no Real?

Delcir – O Real, na administração do (Newton) Mota, trabalhava todas as categorias até o profissional. Agora, a preocupação é ser realmente um clube revelador de talentos. Vamos ter mirim, infantil e juvenil. Não vai ter nem júnior. Estamos fazendo um ajuste na nossa filosofia.

Leandro Silva - Como eram feitas as negociações dos garotos? Vocês usavam clubes grandes como vitrine ou a venda era direta?

Delcir – A parceria era com o Cruzeiro, mas já acabou. Não é à toa que o (Newton) Mota está no Cruzeiro.

Leandro Silva - Quais foram os grandes nomes que passaram pelo Real Salvador?

Delcir – Jéferson, lateral-esquerdo do Guarantinguetá que foi roubado dentro do Bahia, e o meia Leandro Lima (Porto). O goleiro Júnior, que se destacou na Copa São Paulo (em 2007) e hoje está no São Caetano. O Anselmo Ramon (atacante que se destacou na mesma edição da competição), que o Bahia vendeu pro Cruzeiro.

Mas nosso principal nome é o Guilherme, do Cruzeiro, né? Tem também o lateral-esquerdo Anderson e o Apodi (lateral-direito ex-Vitória), que estão no mesmo Cruzeiro. O Guilherme, lateral-esquerdo, que atuou no Vasco e agora está na Espanha (defende o Almería). O Eduardo, que o Bahia vendeu para o Botafogo (em 2008). E no Vitória tem Ramirez e Caíque.

Leandro Silva – Como você vê a questão dos “gatos” no futebol brasileiro?

Delcir – Eu trouxe um jogador para o Vitória há uns dois anos e ele se destacou logo na Copa Nike e o levaram para o Grêmio. Dentro do Grêmio, descobriram que ele era “gato”. Ele constava como sendo de 92 e na verdade era 87. Isso já é um “tigre”. Eu conheço vários “gatos”. Está cheio de “gato” por aí.

Leandro Silva – Pode dar nomes?

Delcir – Rapaz, é complicado. Senão, vão me processar.

Leandro Silva – E como foi o caso Leandro Lima?

Delcir – Leandro Lima foi um jogador que ficou com a gente durante três anos e, para a gente, ele era normal. Com o documento todo “limpinho”, dizendo que ele era 87. Ele na realidade é 85, mas só estou sabendo agora, através da imprensa. Ele foi roubado do Real Salvador para o São Caetano. Eu ajudava muito ele, mandava dinheiro para a mãe, trouxe chuteira da Itália para ele. E aí roubaram da gente.

O São Caetano divulgou uma nota dizendo que pagou ao Real. O Real vai entrar na Justiça pra saber em que conta ele depositou o dinheiro.

Leandro Silva – Você acha que a imagem do Real foi arranhada?

Delcir - Não arranha. Porque, como eu disse, o Real não foi responsabilizado. Já tem jornal em Portugal, acusando o irmão dele, Narcízio, que jogou aqui no Vitória, mas ninguém prova, não. Ele tem cara de menino. Não dava pra saber. Era um moleque fora de série. Era o destaque da categoria. Eu gosto muito dele.

Leandro Silva – E quais os cuidados para tentar detectar os “gatos”?

Delcir – Fazer pesquisa em colégio. Mas jogador de muito longe às vezes não tem como achar. Descobrimos vários gatos e mandamos embora. Teve um que ninguém desconfiava. Era o Giovanni, lateral-esquerdo, que foi pego como gato numa Copa São Paulo. Tínhamos emprestado ele. Felizmente, ele colocou a culpa num empresário. Esses “gateiros” têm que ir pra cadeia. Só vai mudar quando a Polícia Federal começar a pegar.

Leandro Silva – E o que você acha da Lei Pelé?

Delcir – Eu já sei que (a Lei Pelé) vai mudar. Pelé agora é investidor. Está montando um centro de formação de primeiro mundo em Jundiaí com o Paulista e o Lousanne, da Suíça. E ele vai ter interesse que se mude a lei que ele criou. A lei atrapalhou, claro. Se você é formador, gasta dinheiro com um menino desses e assina um contrato. Num segundo, já tem que se submeter ao que o empresário quer.

Leandro Silva - Como "prender" os garotos se a legislação só permite o estabelecimento de um contrato a partir dos 16 anos?

Delcir – A gente tem que fazer um trabalho diferenciado com a família. Ontem mesmo, eu estive na roça, mostrando quem eu sou, para acreditarem em mim. Se a gente fizer isso, inibe que esses espertalhões façam isso.

Leandro Silva - Como é o processo de formação da garotada? Ela deixa a equipe pronta para atuar no exterior?

Delcir – Já mandamos vários jogadores pro exterior.

Leandro Silva - Newton Motta continua à frente do projeto?

Delcir – Só é sócio cotista, mesmo. Porque ele hoje está no Cruzeiro. Eu também sou sócio.

Entrevista publicada originalmente no site Olheiros.net no dia 10/03/2008

terça-feira, 8 de abril de 2008

Reinado Britânico na Liga dos Campeões

Leandro Silva

Com a classificação do Chelsea, ontem, acabando com o sonho turco do Fenerbahçe, do Galinho Zico, depois de vencer por 2 a 0, a Inglaterra tem a chance de repetir o feito alcançado na temporada passada quando três dos quatro semifinalistas da Liga dos Campeões eram do país britânico. Só falta o Manchester United confirmar o favoritismo e completar o trio.

Apesar de todo o domínio dos clubes da Premier League na competição, no ano passado, quem se deu bem foi o intruso na festa, o Milan, de Kaká.

Naquela ocasião, Liverpool e Chelsea fizeram uma das semifinais, e o Manchester enfrentou o Milan na outra. Na final, o Liverpool foi derrotado pelo time italiano. Desta vez, até os representantes ingleses podem ser os mesmos.

Uma das semifinais vai se repetir entre Liverpool e Chelsea e o Manchester United pode enrentar, novamente, o intruso nas semifinais.

O jogo– Antes da partida de ontem, havia muita expectativa por uma chegada inédita do Fenerbahçe nas semifinais da Liga dos Campeões. No Brasil, essa torcida também era significativa, afinal, o treinador da equipe, Zico, é um eterno ídolo dos brasileiros pelo seu passado como jogador. Além disso, o Fenerbahçe teve cinco brasileiros em campo, ontem: Edu Dracena, Vederson, Mehmet Aurélio, Alex e Deivid. Além da ausência de Roberto Carlos. Isso sem contar os dois velhos conhecidos Lugano e Maldonado.

Mas o sonho do Galinho começou a ser desfeito logo aos três minutos, quando Frank Lampard fez um cruzamento perfeito para a área e o meia alemão Ballack cabeceou com estilo para superar o goleiro Volkan Demirel, abrindo o placar no Stamford Bridge.
A partir daí, toda a estratégia preparada por Zico ruiu, pois a vantagem mudou de lado. E aos 8 minutos, Joe Cole ainda acertou a trave turca.

Aos 14 minutos, o atacante Deivid, herói da partida de ida, tentou repetir o golaço do primeiro jogo com um chutaço de fora da área, mas como esse não é um lance que se acerta toda hora, a bola passou longe.

Um drama para o Chelsea surgiu quando o goleiro italiano Cudiccini teve que ser substituído pelo português Hilário, terceiro goleiro, já que o titular Peter Cech já estava desfalcando o time londrino.

Mas Hilário não deu chances para os turcos, fazendo importantes defesas durante todo o jogo e ainda contou com a sorte quando, aos 30 minutos, Lugano chegou perto do empate ao cabecear raspando a trave.

No segundo tempo, o Fenerbahçe continuou buscando o empate, permitindo os contra-ataques ingleses. O gol que acabou com as chances turcas aconteceu aos 42 minutos, quando Essien passou por Vederson e cruzou para a pequena área, onde Lampard finalizou.

Próximas fases – As partidas de ida das semifinais da competição vão acontecer nos dias 22 e 23 de abril e a volta acontecerá na semana seguinte, nos dias 29 e 30. A final vai ocorrer em jogo único, em Moscou, no dia de 21 de maio.

Matéria publicada no Jornal A Tarde do dia 9/04/2008

Liverpool confirma fama de time copeiro

Leandro Silva

Considerado o time mais copeiro da Europa nos últimos anos, o Liverpool confirmou a fama ontem ao eliminar o Arsenal depois de uma partida emocionante, que terminou 4 a 2 para o time da terra dos Beatles.

Desde a temporada 2004/2005, quando venceu o Milan em uma final histórica, o Liverpool monta boas equipes, mas não consegue brigar diretamente pelo título inglês. Em compensação, parece se sentir à vontade na Liga dos Campeões, competição que ele chegou à final na última temporada, mas foi derrotado pelo Milan.

Agora, o Liverpool vai enfrentar o Chelsea pela terceira vez na fase de semifinal da Liga. Nas outras duas, os Reds levaram a melhor.

O Jogo– O Arsenal, que precisava vencer, abriu o placar aos 13 minutos da primeira etapa, quando Diaby marcou para os londrinos depois de receber um passe de Fabregas. Mas, aos 30 minutos, o zagueiro Hyypia empatou de cabeça, para o Liverpool, depois de cobrança de escanteio de Gerrard. Mantendo esse placar, a partida iria para a prorrogação e posteriormente para a disputa de pênaltis.

O resultado seguiu inalterado por 40 minutos, e tudo já começava a indicar que os 90 minutos não deveriam ser suficientes para definir o classificado.

Mas, aos 25 minutos da segunda etapa, o espanhol Fernando Torres virou o jogo e deixou os donos da casa próximos da vaga. Crouch desviou um cruzamento de cabeça para Torres que girou e bateu colocado no ângulo.

Um gol àquela altura em um confronto tão disputado parecia ter sido decisivo, mas aos 39 minutos, Walcott deu uma arrancada impressionante e passou para Adebayor empatar para o Arsenal.

O empate por esse placar mudava toda a história da partida. Faltando apenas seis minutos, o Arsenal passava a ser o novo classificado. Mas não deu nem tempo para comemorar, porque no minuto seguinte, o holandês Ryan Babel, que tinha entrado seis minutos antes, mostrou ter estrela e foi derrubado dentro da área pelo zagueiro Kolo Touré.

Um gol colocaria novamente o Liverpool na frente. E a responsabilidade de cobrar um pênalti tão decisivo sobrou para o maior ídolo do clube, o capitão Steven Gerrard, que não desapontou. Cobrou bem e colocou o Liverpool em vantagem.

Bastava segurar o placar por mais cinco minutos. Mas o time do Liverpool fez ainda mais. Aos 47 minutos, o iluminado Ryan Babel, decisivo para a classificação, puxou um contra-ataque, superando Fabregas e deu números finais ao emocionante confronto inglês.

Matéria publicada no Jornal A Tarde do dia 09/04/2008

domingo, 6 de abril de 2008

Folia nas quatro linhas

Leandro Silva

Eles não têm o prestígio nacional de artistas como Tatau, Daniela Mercury e Cidade Negra que estão agitando a Micareta de Conquista, que se encerra hoje, mas os jogadores de Bahia e Vitória da Conquista protagonizarão a atração mais esperada do final de semana para os amantes do futebol baiano.

Afinal, os dois clubes disputaram, ponto a ponto, a liderança da primeira fase do Baiano. O Bahia ficou com o posto de líder por dois pontos. Hoje, às 16 horas, os dois times iniciam uma nova disputa, agora pelo título Baiano.

O palco do duelo entre os melhores do campeonato é o Lomanto Júnior. Lá, o Bode não tomou conhecimento de dez dos 11 adversários. A única exceção foi justamente o Bahia que conseguiu derrotar o alvi-verde conquistense, por 2 a 1.

A coincidência é que naquela ocasião, o jogo também aconteceu durante festa popular: o carnaval. Boa semelhança para o torcedor tricolor, mas para o torcedor alviverde é melhor que o time consiga mudar a história para não dançar novamente diante do tricolor da capital.

Retrospecto– O Bahia leva vantagem no histórico dos embates entre os clubes, que ainda é pequeno. Esse é apenas o quinto confronto entre os dois clubes pelo Baiano.

No ano passado, na primeira vez em que se cruzaram, o Bode levou a melhor vencendo por 2 a 0, em Conquista. Na volta, na Fonte Nova, o tricolor venceu por 2 a 1. Mesmo placar das duas vitórias tricolores contra o Bode este ano, em Conquista e em Feira de Santana.

Os artilheiros da história do confronto são Rafael, com dois gols, pelo lado do Vitória da Conquista, e Elias, com dois gols, pelo Bahia. Juleone, Sílvio e Diogo, fizeram os outros gols conquistenses e Fábio Saci, Harley, Neinha e Daniel, do Bahia.

Base mantida– Apesar da chegada de alguns reforços nas últimas semanas como Cléverson, Everton, Ayrton e Ceará, o técnico Paulo Comelli deve manter a base que alcançou bons resultados na fase classificatória.
O atacante Cristiano é o único dos novos contratados que deve ser alçado à condição de titular.

O sergipano estreou com o pé direito no domingo passado, marcando o primeiro gol do Bahia contra o Juazeiro, na partida em que o tricolor garantiu a primeira colocação no Baiano.

A dupla de ataque deve ser formada por Cristiano e Didi. Em nome de uma maior preocupação com a defesa, que já é a melhor do campeonato, Comelli deve escalar Rivaldo no lugar do garoto Ananias.

Segundo o treinador, o time fica pouco resguardado quando atua com Ananias e Elias juntos no meio de campo ao lado de dois atacantes. A chave para a utilização dos dois meias juntos é a saída de um atacante, como aconteceu no jogo contra o Colo-Colo, em Ilhéus, quando os dois revezavam na aproximação com Didi.

Rivaldo, criticado pelas atuações como meia ofensivo teve uma melhora depois que passou a ser utilizado como volante.

Manutenção– No Bode, a tendência também é a manutenção da base da primeira fase.

Por causa do bom momento dos titulares, jogadores como os zagueiros Jeferson e Hebert, com passagens por Vitória e Bahia, respectivamente, o meia Rodrigo Mucarbel, que já atuou no futebol grego, e o atacante Maurício, pelo futebol pernambucano, seguem na reserva, esperando por uma oportunidade.


Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 6/4/2008

Vitória e Itabuna lutam por boa largada

Leandro Silva

O equilíbrio existente entre Bahia e Vitória da Conquista, atestado pelos números da primeira fase, dá uma boa oportunidade para que Itabuna ou Vitória possam largar na ponta da tabela.

O jogo será às 16 horas, no Luiz Viana Filho, em Itabuna. No primeiro turno, o grapiúna venceu o Leão por 2 a 1, mas na rodada seguinte, levou o troco, com juros e correção monetária, no Barradão, com uma goleada de 6 a 0.

O Vitória leva vantagem no confronto direto recente contra o azulino. Desde que o Itabuna retornou para a primeira divisão do Campeonato Baiano em 2003, os dois clubes já se enfrentaram oito vezes. E apenas no primeiro turno do atual campeonato, o grapiúna conseguiu levar a melhor.

No ano passado, o Itabuna também conseguiu arrancar um empate em 1 a 1 no Barradão. Mas nas outras seis vezes que os dois se encontraram foi o Leão quem venceu. Com 6 a 0, neste, ano, 2 a 0, em Itabuna, no ano passado, duas vitórias por 6 a 1 e 3 a 0, em 2006 e, em 2003, pelas semifinais, duas vitórias rubro-negras por 1 a 0 e 2 a 0.

Marca Histórica– O jogo de hoje marca a centésima partida do meia Ramon Menezes com a camisa do Vitória. Uma motivação a mais para um dos grandes ídolos do Leão na década de 90.

Pela Seleção Brasileira, Ramon chegou a disputar uma Copa das Confederações em 2001, quando marcou um golaço de falta contra a França. Mas o Brasil perdeu por 2 a 1, com gols de Pires e Desailly.

Defesa– Entre os finalistas, o Vitória só tem a defesa superior à do adversário de hoje. Em uma parte da competição, a responsabilidade pelo mau desempenho do setor defensivo era colocada no goleiro França, que deixou o time com uma média de 1,25 gols por partida. Sofreu 10 em 8 jogos - o jogo contra o Camaçari pelo primeiro turno foi colocado na conta de França porque ele substituiu Ney aos 9 minutos do primeiro tempo.

Naquele momento, Ney tinha uma média de 0,71 gols sofridos por jogo, muito superior à de França. Tinha levado cinco gols em sete jogos.Mas depois de retornar como salvador, Ney levou 13 gols em sete partidas do Campeonato Baiano, ficando com uma média pior que a de França, 1,85 por jogo. Ao todo, na primeira fase, Ney ficou com uma média de 1,28 gols por jogo. Pouco pior que a de França. O que mostra que o problema pode não estar no gol.

Dúvida– O Itabuna contratou nessa semana dois antigos conhecidos do técnico Ferreira para reforçar a equipe do Itabuna. O volante Sandro foi campeão baiano em 2006 pelo Colo-Colo e o meia Márcio Carioca se destacou no Baiano do ano passado pelo Atlético, também sob o comando do treinador.

Enquanto Márcio Carioca, que disputou a Série A-3 do Paulista pelo Votoraty, ainda está fora de forma e só deve estrear contra o Bahia na próxima semana, o volante Sandro já pode jogar hoje. Se for escalado, Leandro Ceará, que sentiu uma lesão na semana pode perder a vaga.

“O Vitória tem um jogador que merece uma atenção especial que é o Ramon. Eu precisaria de um jogador específico para ficar na marcação. E pode ser o Sandro”, explica Ferreira.

Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 6/4/2008

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Vitória - Tentativa de recomeço

Leandro Silva

O Vitória apresentou, ontem, cinco contratados. Leonardo Silva, Ricardinho, Renan, Marco Aurélio e Diego. Todos eles têm uma coisa em comum: um passado não tão distante de relativo sucesso em âmbito nacional. Assim como o novo clube, buscam um recomeço.

O mais conhecido dos baianos é o zagueiro Leonardo Silva, sexto ex-jogador do Bahia contratado pelo Vitória em 2008, depois de Moré, Marcelo Silva, Carlos Alberto, Danilo Rios e Ramon. França já estava desde 2007.

Os ares de Salvador podem fazer com que o beque, de 28 anos, que foi rebaixado com o Juventude no Brasileiro do ano passado recupere o bom futebol que ele já demonstrou ter em 2004, na boa passagem pelo Bahia.

Ele ficou marcado por muitos torcedores por causa de uma falha, uma das poucas com a camisa tricolor, em uma partida contra o Avaí, pelo quadrangular decisivo da Série B, em que ele tentou dominar uma bola e deixou escapar para o adversário, que empatou o jogo e complicou o acesso tricolor. O primeiro gol daquele jogo foi de Leonardo.

Como estava no futebol árabe, Leonardo pode não ser inscrito a tempo de atuar no Baiano. Como as outras transferências são internas, os outros quatro devem jogar as finais do Estadual.

Eternas promessas – O volante Renan, de 24 anos, foi revelado pelo São Paulo e era considerado como uma jóia descoberta pelo tricolor do Morumbi, mas o tempo foi passando e, sem conseguir um lugar no time, saiu para procurar novos ares.
No Cruzeiro, também não conseguiu confirmar a expectativa em torno dele e caiu no ostracismo. Ainda tem tempo de tentar provar que a primeira impressão sobre ele estava correta.

Situação diferente do meia Ricardinho, de 32 anos, do Paulista de Jundiaí. Homem de confiança do técnico Mancini, que o comandou no time do interior paulista, ele é inconstante. Não conseguiu repetir as boas atuações do Paulista nos times grandes por onde passou, como Botafogo, Palmeiras e Coritiba. No Inter de Porto Alegre, conseguiu um certo destaque.

Companheiro de Ricardinho no Paulista, o lateral-direito Marco Aurélio, de 30 anos, tem no currículo passagens por São Paulo, Santos e Cruzeiro. É mais lembrado, porém, por ser considerado sósia de Robinho na época do Peixe, quando eram companheiros. Comparação apenas física.

Por fim, na outra lateral, Diego, de 24 anos, foi revelado pelo Vasco e foi titular por praticamente dois anos. Em 2007, disputou o Brasileiro pelo Goiás.

Matéria publicada originalmente na edição do Jornal A Tarde do dia 3 de abril de 2008

terça-feira, 1 de abril de 2008

Bahia: Melhor defesa sustenta a liderança


Leandro Silva

Os números atestam que o Bahia deveria ser considerado o maior favorito para o título de Campeão Baiano de 2008. O que enfraquece a euforia da torcida é a trajetória do time nos últimos anos e a seca de títulos que deixa o torcedor sempre desconfiado.

Se desde o ano 2000 o Bahia não chegava à fase final com a melhor campanha no Estadual, conseguiu isso em competições nacionais como a Série B de 2004 e a Série C do ano passado e de 2006. Nas três ocasiões, o tricolor ficou sem o título.
A campanha do Bahia na primeira fase de 2008 supera a do ano anterior apenas em dois gols de saldo, ficando empatada nos critérios de desempate.

O ponto forte do tricolor é notoriamente o seu setor defensivo, que levou apenas 13 gols em 22 rodadas do campeonato. Durante nove partidas, o goleiro Darci saiu sem buscar uma bola sequer no fundo de suas redes. Ele levou 11 em 20 jogos. Fabiano sofreu dois gols em dois jogos.

Nenhum time conseguiu fazer mais de um tento na mesma partida contra o Bahia, que tem a segurança de Alison, Rogério e Marcone, e o apoio de Fausto, que formam a melhor defesa da primeira fase com uma folga de nove gols para a segunda.

Poder de fogo – Enquanto isso, o setor ofensivo só supera o do Itabuna entre os finalistas. São 38 gols marcados. E os atacantes com mais gols – Pantico e Didi – têm apenas quatro.

Abrindo espaço para o meia Elias. Ele teve que fazer as vezes de dublê de artilheiro e marcou nove na primeira fase. A esperança para acabar com os problemas ofensivos é o atacante Cristiano, que estreou marcando contra o Juazeiro.

Local de jogo – No Armandão, o Bahia se sentiu bem a vontade e venceu seis das sete partidas disputadas no local. Apenas um empate contra o Feirense impediu a condição de 100% de aproveitamento em Camaçari.

No Jóia da Princesa, em Feira de Santana, o Bahia venceu quatro vezes e empatou outras três. Invicto como mandante, o Bahia tem o segundo melhor retrospecto entre os finalistas. Como visitante, tem o melhor desempenho, ao lado do Vitória.

Time-base –Darci, Marcone, Alison e Rogério; Fábio, Fausto, Ananias, Elias e Adilson; Cristiano e Didi. (L.S.)

Matéria publicada originalmente na edição do Jornal A Tarde do dia 1º de abril de 2008

Bode audacioso busca o título

Leandro Silva

O Bode quer se juntar a Fluminense e Colo-Colo na galeria dos campeões baianos do interior do Estado. A campanha do time dá esperanças para que isso aconteça.
Em segundo lugar na classificação geral, o Vitória da Conquista chegou a tirar a liderança do Bahia em duas oportunidades e disputou até a última rodada o título simbólico de campeão da primeira fase encerrada domingo.

O atacante Diogo, com experiência de ter atuado no Bahia e no Vitória, utiliza o velho discurso de união do grupo para tentar explicar a força do Bode.

Há alguma rodadas, Diogo, hoje com 10 gols, era o artilheiro da equipe e esperava a chance de superar Souza e ficar com a artilharia do campeonato, que escapou em 2006, quando foi vice-artilheiro.

“Naquele ano, Ednei estava iluminado. Eu estava. E ele muito mais. Fazia gol de todo jeito”, lamenta o bem humorado atacante. Mas hoje, o artilheiro da equipe e jogador que tem mais chances de tirar a coroa de Souza é o companheiro Tatu, com 13 gols.
Ofensividade –O camisa 11 tem uma movimentação que impressiona e casa bem com as características de Diogo e com a qualidade de toque de bola do Bode.

A coragem do técnico Elias Borges de priorizar a qualidade técnica dos seus jogadores na hora de escalar o time também deve ser ressaltada. O time não se acanha diante dos adversários.

A ofensividade do time pode ser exemplificada pelos laterais Rafael e Carlinhos, meias de origem, e de qualidade de ataque. Rafael é o terceiro artilheiro, com 8 gols.

O ataque é bem assíduo e apenas uma vez passou em branco, quando levou 1 a 0 do Camaçari. O mau desempenho do ataque nessa partida deve ter ficado entalado na garganta já que, no segundo turno, o Bode deu 5 no Camaça.

Equílibrio – Mesmo com a ofensividade que lhe garante o segundo melhor ataque da competição, não se descuida completamente do setor defensivo e tem a segunda defesa menos vazada.

Um grande trunfo para o Bode é o mando de campo. O time é o melhor ao lado da sua torcida. De 11 partidas, venceu dez e perdeu apenas para o Bahia. Mas, fora de casa, o aproveitamento supera apenas o do Itabuna. Nos confrontos contra os finalistas, o Bode leva vantagem contra o Itabuna e o Vitória.

Time-base – Rodrigues, Rafael, Artur, Sílvio e Carlinhos; Eder Silva, Edmar, Narcízio e Kléber; Tatu e Diogo. (L.S.)

Matéria publicada originalmente na edição do Jornal A Tarde do dia 1º de abril de 2008

Vitória: Primeira fase para ser esquecida

Leandro Silva

O Vitória deve comemorar o fato de que tudo recomeça do zero na fase final, porque a primeira fase do Leão este ano deveria ser esquecida, justamente na temporada da volta para a Série A.

Está certo que desde o início foi dito que o Baiano serviria apenas de laboratório para o Brasileiro. O problema é que a impressão que se tem é de que a primeira fase não serviu nem como laboratório. Parece que o Vitória jogou três meses do ano fora.
Apesar de tudo isso, o Leão chega em igualdade de condições com o tricolor e tem todas as chances de ficar com o bicampeonato estadual.

O que o torcedor do Vitória pode se orgulhar é da artilharia da equipe, que fez 50 gols. Foi o time que mais balançou as redes adversárias. Inclusive, em nove jogos, o rubro-negro fez pelo menos três gols. Chegou a fazer até seis gols na mesma partida, contra o Itabuna, primeiro adversário da equipe no quadrangular.

Solidários – A impressão que se tem é de que, no Vitória, não tem fominha. Porque 18 jogadores foram responsáveis pelos 50 gols do time. O artilheiro entre o elenco que vai para o quadrangular é o zagueiro Marcelo Batatais, que fez cinco gols. O goleador do time ainda é o atacante Índio, que já deixou o clube.
A saída de um artilheiro seria preocupante se o atacante em questão não tivesse perdido a condição de titular e não estivesse com moral tão baixa assim com a torcida.

Outro ponto positivo a ser ressaltado no Vitória é o desempenho como visitante, que é o melhor entre os finalistas, empatado com o Bahia.

Fraquezas – Por outro lado, o outrora temido Barradão não funcionou como um caldeirão na primeira fase e a torcida saiu na bronca cinco vezes. Com três empates e duas derrotas. É o pior desempenho entre os quatro finalistas em seus domínios.

Outro motivo de preocupação é o retrospecto no confronto direto contra os finalistas. O Leão venceu apenas o Itabuna.

Time-base – Ney, Alex Santos (Leumir), Marcelo Batatais, Anderson Martins e Gustavo; Vanderson, Bida, Jackson e Ramon; Michel e Rodrigão. (L.S.)
Matéria publicada originalmente na edição do Jornal A Tarde do dia 1º de abril de 2008

Itabuna: Para fazer valer a arrancada

Leandro Silva

Enquanto Bahia, Vitória da Conquista e Vitória demonstravam favoritismo para chegar à fase final, o Itabuna só conseguiu ficar com a vaga depois de uma arrancada no segundo turno do certame e uma invencibilidade de nove jogos, interrompida com a derrota no último domingo, para o Conquista.

O Itabuna não consegue liderar nenhum dos quesitos avaliados pelo ATEC e, por isso mesmo, pode ser considerado o grande azarão entre os quatro finalistas.
Um dos trunfos dos grapiúnas é o treinador Ferreira que, pelo terceiro ano consecutivo, consegue classificar uma equipe do interior para a fase final do Estadual.

No ano passado, foi terceiro colocado com o Atlético de Alagoinhas e, em 2006, foi campeão com o Colo-Colo, de Ilhéus.

E o treinador está otimista. “Eu acredito que, dando continuidade ao que foi feito, tem tudo para continuar repetindo a boa campanha nas finais”, disse.

O time azulino foi o único dos finalistas que não perdeu para o Bahia. Conseguiu, até mesmo, superar o retrospecto do Vitória nos jogos somente contra os finalistas. Mas depois de vencer o rubro-negro no primeiro turno, acabou levando 6 do próprio Leão, no Barradão, pelo segundo turno, na maior goleada sofrida pelo time.

Recuperação – O Itabuna saiu de uma oitava colocação ao final do primeiro turno para uma classificação com uma rodada de antecipação para a fase final.

O artilheiro do time é o atacante Juca, que já balançou as redes adversárias dez vezes e vê, de longe, a chance de ser o goleador máximo da competição. Afinal, teria que fazer uma média de um gol por jogo no quadrangular final para se igualar a Souza, do Fluminense, que já se despediu do Baiano.

Outros destaques do time grapiúna são o lateral Wescley, o meia Leandro Ceará e o atacante Jânio. Mas segundo Ferreira, a força do time está mesmo é no conjunto.
O Itabuna perdeu menos que o Vitória na primeira fase. Outra vantagem do time grapiúna sobre o Leão é com relação ao desempenho dentro de casa e no retrospecto contra os adversários da fase final durante a primeira fase.

Time-base – Vandré, Diego Aragão, Edson, Emílio e Wescley; Rondinelli, Paulo Henrique, Lei e Leandro Ceará; Jânio e Juca. (L.S)

Matéria publicada originalmente na edição do Jornal A Tarde do dia 1º de abril de 2008