Chega a ser estranho considerar como positivo um trabalho que começou com cinco derrotas em sete partidas, mas é exatamente assim que classifico a participação de Mano Menezes até o momento no Bahia, mesmo estando de volta à zona de rebaixamento. É necessário ir além dos resultados para entender os motivos pelos quais considero que ele tem dado uma contribuição importante para a equipe.
Fosse se apoiar friamente no aproveitamento dos pontos, a avaliação seria diferente. Afinal, com sete jogos sob o comando de Mano, o Bahia conquistou seis pontos, enquanto havia conquistado três a mais nas oito primeiras rodadas, com Roger ou Cláudio Prates no comando. Amanhã, contra o Goiás, o treinador passará a ter comandado a equipe em exatamente metade da campanha até o momento e, caso vença, igualará também o número de pontos, chegando a nove dos 18.
Se busca ainda igualar uma campanha que já era ruim, para buscar superá-la na sequência, eu me arrisco a imaginar que existe um consenso de que as atuações vêm sendo muito melhores do que nas rodadas anteriores à chegada do comandante. Mesmo nas derrotas, como foi contra o Fluminense, no domingo, o time parece mais seguro, competitivo, brigador e organizado. Falta ser ainda mais maduro.
No jogo contra o Fluminense, um momento, ainda no primeiro tempo, chamou a minha atenção e, simbolizou a capacidade de comando do treinador. O time insistia em tentar resolver as jogadas com pressa e entregava a bola para os cariocas, sendo atacado logo em seguida. Um pedido de Mano para que a equipe rodasse mais a bola, para conseguir jogar, foi prontamente atendido. E passou a haver uma infinidade de passes trocados, que, pela falta de objetividade não pareciam contribuir muito ofensivamente, mas ajudavam a evitar uma pressão e ainda irritavam os adversários.
No início da competição, os jogadores pareciam incapazes de realizar tais sequências de passes contra as equipes qualificadas da Série A. Os jogadores pareciam mais afastados em campo. A opção pelos passes era sempre mais forçada. Hoje, os atletas parecem mais próximos. A formação do meio com jogadores com a qualidade de Elias e Daniel também facilita que essa troca de passes tenha bom nível.
O maior problema da equipe era unânime. A imensa quantidade de gols sofridos. Nas primeiras oito rodadas, já tinha levado 14 gols, quase dois por jogo. Nas sete partidas sob o comando de Mano, o número já diminuiu para nove. Mas a confiabilidade do setor defensivo, se é que já se pode dizer isso, parece algo mais recente. Começando contra o Vasco, quando Ernando foi deslocado para a lateral. Os acréscimos de estatura e poder de marcação fizeram com que a bola aérea defensiva, que causou tanto estrago, não tenha sido um problema contra Vasco e Fluminense.
Os problemas contra o Fluminense foram outros. Na semana passada, disse aqui que as críticas a Gregore no momento atual estão muito mais relacionadas à má fase logo após o retorno do futebol. Reitero que as atuações do camisa 26, de modo geral, já se assemelham a seus grandes momentos no clube, mas com uma diferença perigosa. Embora o combate siga o mesmo, a postura um tanto descuidada em alguns lances isolados tem causado prejuízos, como no pênalti em Nenê.
É preciso evitar lances infantis que continuem jogando fora atuações consistentes. Nada de positivo valerá se a evolução no desempenho não for acompanhada urgentemente por uma ascensão definitiva na tabela.
publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 15.10.2020
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