Recuperação de peças
Trocar ou reparar? É uma questão com a qual você já se deparou diversas vezes em sua vida. A melhor atuação do ano, no triunfo de ontem, por 3 a 0, contra o Vasco, representa bem que, às vezes, escolher a segunda opção pode dar certo. Além da recuperação na tabela de classificação, que parece ter sido iniciada, com dois triunfos, no intervalo de uma semana, ou três jogos, Mano Menezes parece estar buscando recuperar peças que podem vir a ser muito importantes no restante da temporada tricolor.
A grande atuação de Clayson contra o Vasco não começou ontem. A escalação da partida da quarta-feira da semana passada, com ele entre os 11, depois de uma chuva de críticas potencializadas pela perda do pênalti no jogo anterior, exemplifica bem a tentativa de recuperação. Contra o Botafogo, o camisa 25 já havia feito uma das melhores apresentações no ano e chamou a atenção por acreditar em algumas jogadas individuais que estavam sendo raras com a camisa tricolor.
Esse ainda não é o Clayson que fez o Bahia buscar a contratação, mas mostra uma evolução gigante. E ela pode estar acontecendo justamente por causa da insistência de Mano, que está ajudando na recuperação da confiança e daquele futebol que o fez ser destaque em título brasileiro no nem tão distante ano de 2017. Em três jogos, ele passou a partir para cima da defesa adversária, sem medo, fez um bonito gol, deu assistência, demonstrou raça. Mano poderia ter desistido dele, como parecia fácil. Mas não era o melhor caminho. Por causa do potencial de crescimento do jogador e também porque ele foi uma das maiores contratações da história do clube, em termos de valores. Não é um jogador emprestado que não mostra resultados e é devolvido.
É um exemplo do que me parece ser uma estratégia. Sempre fui contra o discurso sobre a falta de qualidade geral no elenco do Bahia por tudo que já vi deles, aqui ou em outros clubes, em outros momentos. E, se Mano Menezes conseguir recuperar essas peças, o crescimento talvez seja maior do que com a chegada de um caminhão de reforços. É importante dizer que, com a lenta, mas visível, melhora coletiva da equipe, as individualidades começam a aparecer ou ser notadas.
Um dos exemplos é Gregore. Acredito que as críticas que ainda são direcionadas a ele tenham muito mais a ver com a queda de rendimento após a paralisação do que com o momento atual. E cabe lembrar que foi a primeira má fase em duas temporadas e meia no Esquadrão.
Como bem disse o camisa 5 Elias, na entrevista de chegada, no futebol, para ganhar confiança, demora, mas para perder é rápido. E uma atuação consistente como a de ontem pode servir para dar uma certa tranquilidade. A escalação de ontem trouxe algumas situações interessantes. Gostei das entradas e atuações de Daniel e Rossi. A boa atuação de Ernando na lateral-direita, no final da partida contra o Sport, parecia ter sido mais motivada pela situação específica de jogo, mas Mano apostou nele na vaga do lesionado Nino, e o camisa 14 deu conta do recado, com direito a assistência incrível para o gol de Gilberto.
A opção, que não sei se funcionaria por muito tempo, ainda fez aumentar a altura e a força física da defesa, buscando evitar os temidos e repetitivos gols em jogadas aéreas de bola parada. Felizmente, a equipe terminou um jogo sem sofrer gol, algo que não acontecia desde a estreia, contra o Coritiba.
publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 08.10.2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário