sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Caldeirão de Aço - Semana 35 - 45 minutos para matar a saudade - publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 13.08.2020

Não foi tão empolgante quanto a goleada de 6 a 2 contra o Athlético Paranaense em 2017, nem quanto o triunfo por 3 a 2 no Corinthians no ano passado, mas pela terceira vez consecutiva em que estreou como mandante na Série A desde que retornou à Série A em 2017, o Tricolor começou vencendo. Em 2018, o Esquadrão também venceu o primeiro jogo em casa, por 1 a 0, contra o Santos, mas já havia sido derrotado na estreia. O 1 a 0 de ontem contra o Coritiba valeu demais pelos três pontos, mas também serviu para matar a saudade de uma boa atuação da equipe. Pelo menos por 45 minutos.

Minha teoria de que a queda de rendimento nas retas finais da Copa do Nordeste e do Baiano estava intimamente relacionada à questão física, em decorrência da grande quantidade de jogos em poucos dias, foi reforçada ontem. O intervalo entre a final de sábado e a estreia no Brasileiro foi maior do que qualquer tempo de espera entre uma partida e outra desde que voltou à atividade, chegando a 11 jogos em 17 dias. Não parece ter sido suficiente para recuperar plenamente os atletas, mas já serviu para possibilitar uma melhor atuação na primeira etapa.

Sem um centroavante de ofício, Rodriguinho jogou mais avançado que de costume, como já tinha sido utilizado por Carille na época de Corinthians. A troca de passes, que estava sendo um problema nas partidas mais recentes, melhorou sensivelmente no primeiro tempo, e o Bahia conseguiu envolver o Coritiba, faltando ainda ser um pouco mais incisivo.

Participando de boas triangulações, Rodriguinho foi decisivo ao sofrer o pênalti depois de boa jogada e também por cobrar com muita classe, com direito a cavadinha. Na segunda etapa, o time chegou a ser dominado durante boa parte do tempo pelo Coritiba, mas soube resistir e não desperdiçar os primeiros três pontos. Ainda desperdiçou boas chances de ampliar e garantir o triunfo.

Dando uma pausa no pensamento sobre o Campeonato Brasileiro, aproveito para enaltecer o tricampeonato baiano conquistado no sábado passado. Por mais machucados que estivessem os nossos corações, pela decepção na Copa do Nordeste, comemorei mesmo. Coerentemente com a minha postura desde o início do ano, quando, humildemente, tentava defender que o Campeonato Baiano deveria ser valorizado.

Aproveito para expor a minha opinião de que o clube valorizou a competição mais nas ações do que nos discursos. Nas atitudes, foi feito sempre o que estava ao alcance para vencer o 49º estadual, já que não seria possível usar o time titular por causa do calendário. Os grupos poderiam ter sido separados, o que cheguei a pensar que aconteceria levado por declarações públicas. Sem jogo no final de semana, força máxima na segunda final.

Deixo o meu apelo para nos próximos anos, se ele ainda existir, o estadual seja valorizado nos discursos, assim como nas atitudes. Não me parece inteligente diminuir a importância de uma competição que, por muitas vezes, garante o único título da temporada para o Bahia. Almejemos sempre o topo, como também faço, mas sabendo ser felizes com o que conquistamos. 

publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 13.08.2020 

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