domingo, 3 de fevereiro de 2008

Vira-folhas da dupla Ba-Vi

Leandro Silva

No ano passado, no dia 21 de abril,o jornal A Tarde publicou uma matéria minha sobre os jogadores da dupla Ba-Vi que já mudaram de lado. Nada mais atual depois que o Vitória nessa semana contratou Danilo Rios e Carlos Alberto. Por isso, resolvi colocar essa matéria aqui no blog. No próximo final de semana tem Ba-Vi.

A lista da matéria já está velha. Segue a lista nova:
Hoje, o Vitória conta com os serviços de Carlos Alberto, Marcelo Silva, Danilo Rios e Moré. Já o Bahia tem apenas Pantico.

Com a ajuda do Mestre Paulo Leandro, montamos uma seleção de vira-folhas: Joel Mendes, Rodrigo, João Marcelo, Roberto Rebouças e Paulo Robson; Bebeto Campos, Léo Oliveira e Sena; Osni, Beijoca e Mário Sérgio.

Segue a matéria, na íntegra:

Ser chamado de vira-folha é uma ofensa mortal para um torcedor de futebol. Mas, no meio dos jogadores, o pensamento não é o mesmo.

E os torcedores têm que se acostumar a ver os ídolos do seu clube vestindo a camisa do maior rival. O veterano Sorato foi ídolo do Bahia no ano passado, e nesta semana chegou ao Vitória. Existe uma longa lista de jogadores que pularam de um clube para seu maior rival. Sorato é só mais um.

Ao lado de Gil Sergipano, João Marcelo esteve presente no principal momento da história dos dois clubes. O título do Bahia em 88, e o vice do Vitória em 93."Estava no lugar certo, na hora certa".

Só nos elencos atuais da dupla Ba-Vi, pode-se ver Emerson, Guilherme, Capixaba, Paulo César e Sorato no Vitória. Além de Paulo Musse, Emerson, Jairo, Preto e Fábio Saci no Bahia. Danilo, Tiago Neiva e Gessé passaram pela base do Leão. Além do técnico Arturzinho, que defendeu os dois clubes como jogador e treinador.

Antes, quando os valores eram outros, era muito mais complicado virar a casaca. Como disse o ex-atacante Beijoca. “Quando apareceu a chance de jogar no Vitória eu não vi com naturalidade.afinal não era muito comum”.

ÍDOLOS – A atual troca freqüente mexe com os torcedores, principalmente os mais jovens. Matheus Silveira, 13 anos, entrou no campo da Fonte Nova, ano passado, ao lado de Spírito. Tentou comprar a camisa 7 do Bahia que era vestida pelo atacante. Mas tudo mudou.

"Não gosto mais dele. Mudou para o outro lado".

A pesquisadora de comunicação da Unicamp Vera Toledo Camargo fala da importância do ídolo. "O futebol é um importante fenômeno social de massa. O ídolo é um dos componentes mais importantes desse processo."

O ex-lateral Rodrigo era flamenguista e fã de Zico. "Como torcedor, jamais aceitaria Zico no Vasco. Mas com a cabeça de jogador, acho uma coisa muito normal”.

A verdade é que existe uma grande mudança no pensamento coletivo. Antes, podia-se trocar de tudo, menos de time. Hoje, essa restrição já não existe. As crianças que sonham em jogar futebol não fazem mais cara feia para possibilidade de ter uma chance no maior rival do time que torce.

PONTOS DE VISTA – A pesquisadora diz que existem dois modos para analisar essa situação. O lado da paixão pelo clube, em que vestir a camisa do rival representaria uma atitude indigna. “Mostra que o jogador não tem valor para vestir o manto sagrado que é o símbolo do clube". A outra visão seria comercial.

"É a lei do mercado que comanda. O jogador busca o clube que paga melhor". Os jogadores se reconhecem como profissionais mas os torcedores esperam que eles encarem o futebol como muito mais que uma profissão.

TROCA NEM SEMPRE É TRANQUILA– O meio-campista paranaense Preto Casagrande jogou no Vitória e no Bahia, mas conseguiu conquistar rubro-negros e tricolores O meio-campista Preto é um ícone desse troca-troca entre rivais. Chegou ao Vitória em 1995 e conquistou a torcida. Seu jeito polêmico e as confusões que arrumava em Ba-Vis irritavam os torcedores do Bahia.

Virou ídolo e arrumou as malas para Portugal. Depois apareceu a proposta para jogar no Bahia. "Eu estava desesperado, lá. Querendo voltar. E não tive dúvida". Ele chegou ao Bahia em 2001.

“Sabia que a aceitação da torcida iria ser difícil, mas os títulos e a minha produtividade e entrega me tornaram ídolo". Depois disso o meia já voltou a defender o Vitória, e está novamente no Bahia. "Graças a Deus sempre deixei as portas abertas nos dois clubes" Quem também tem boas lembranças dos dois times é o ex-zagueiro João Marcelo. Revelado pelo Bahia, o jogador fala que não teve como recusar a proposta do Vitória. "Eu estava recuperando o joelho no Grêmio, e não tive receio.

Sabia que a torcida do Bahia iria continuar a gostar de mim pelo título, e os rubro-negros me queriam no time". O ex-zagueiro diz que em Salvador é mais fácil mudar de time.

”Lá em Porto-Alegre a pressão é muito pior. Jogador que vai mal em Grenal, e que já jogou no rival, passa aperto“. Mas nem sempre essas trocas são tranqüilas. O atacante Osni teve uma chegada conturbada no Bahia. Os rubro-negros o acusavam de traição. “O Bahia acertou tudo com o Flamengo e depois comigo. O Vitória só foi fazer proposta depois que eu já tinha dado minha palavra”.

O atacante Uéslei teve receio da recepção da torcida do Vitória, depois de ser ídolo do Bahia. “Muitos ídolos de um clube acabam fracassando no rival. Por isso, duvidaram de mim”. O Pitbull se destacou no Vitória e voltou ao Bahia onde continuou ídolo.

Matéria publicada no Jornal A Tarde do dia 21 de abril de 2007

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Lista dos estrangeiros sul-americanos na Série A do Brasil

Leandro Silva

Por time:

Atlético Mineiro:

Ricardo Martinez - zagueiro - Paraguai - Libertad/PAR
Agustin Viana - Lateral-esquerdo - Uruguai - Nacional/URU nasceu em Chicago nos EUA mas é naturalizado uruguaio e já defendeu as seleções de base

Atlético Paranaense:

Viáfara - goleiro - Colômbia - América de Cáli
Edwin Valencia - volante - Colômbia - América de Cáli
David Ferreira - meia - Colômbia - América de Cáli

Botafogo:

Juan Castillo - goleiro - Uruguai - Peñarol
Ferrero - zagueiro - Argentina - Tigre /ARG
Escalada - atacante - Argentina - LDU/EQU

Coritiba:
Nenhum

Cruzeiro:

Giovanny Espinoza - zagueiro - Equador - LDU/Quito
Marcelo Moreno - atacante - Bolívia - Vitória

Figueirense:
Nenhum

Flamengo:

Hugo Colace - volante - Argentina - Estudiantes/ARG
Diego Gavilan - volante - Paraguai - Grêmio
Maxi Bianchucchi - atacante - Argentina - Sportivo Luqueño/PAR

Fluminense:

Dário Conca - meia - Argentina - Vasco

Goiás:
Nenhum

Grêmio:

Hidalgo - lateral-esquerdo - Peru - Internacional
Edixon Perea - atacante - Colômbia - Bordeaux

Internacional:

Ruben Bustos - Lateral-direito - Colômbia - Grêmio
Orozco - zagueiro - Colômbia - Independiente/COL
Sorondo - zagueiro - Uruguai - Defensor/URU
Guiñazu - meia - Argentina - Libertad/PAR

Ipatinga:
Nenhum

Náutico:

Ricardo Laborde - meia - Colômbia - Academia/COL

Palmeiras:

Jorge Valdívia - meia - Chile - Colo-Colo/CHI

Portuguesa:
Nenhum

Santos:
Nenhum

São Paulo:

Neicer Reasco - Lateral-direito - Equador - LDU/EQU

Sport:
Nenhum

Vasco:

Villanueva - atacante - Chile - Ulsan Jeonbuk Hyundai Motors-COR

Vitória:
Nenhum

POR PAÍS:

Colômbia (7)

Viáfara - goleiro - Atlético Paranaense
Edwin Valencia - volante - Atlético Paranaense
David Ferreira - meia - Atlético Paranaense
Edixon Perea - atacante - Grêmio
Ruben Bustos - Lateral-direito - Internacional
Orozco - zagueiro - Internacional
Ricardo Laborde - meia - Náutico

Argentina (6)

Ferrero - zagueiro - Botafogo
Escalada - atacante - Botafogo
Hugo Colace - volante - Flamengo
Maxi Bianchucchi - atacante - Flamengo
Dário Conca - meia - Fluminense
Guiñazu - meia - Internacional

Uruguai (3)

Juan Castillo - goleiro - Botafogo
Sorondo - zagueiro - Internacional
Agustin Viana - Lateral-esquerdo - Atlético Mineiro

Paraguai (2)

Ricardo Martinez - zagueiro - Atlético Mineiro
Diego Gavilan - volante - Flamengo

Equador (2)

Giovanny Espinoza - zagueiro - Cruzeiro
Neicer Reasco - Lateral-direito - São Paulo

Chile (2)

Jorge Valdívia - meia - Palmeiras
Villanueva - atacante - Vasco

Bolívia (1)

Marcelo Moreno - atacante - Cruzeiro

Peru (1)

Hidalgo - lateral-esquerdo - Grêmio

Venezuela* (0)
* Valdivia nasceu na Venezuela

A Invasão da América Espanhola no Brasil

Leandro Silva

A América Espanhola está invadindo o Brasil. Pelo menos no futebol. Os times que disputarão a Série A do Brasileirão deste ano contam com 24 jogadores estrangeiros de países sul-americanos em seus elencos.

O número ainda poderia ser maior se o Goiás tivesse sido rebaixado no lugar do Corinthians. Afinal, o time goiano não possui estrangeiros, enquanto o Corinthians tem três: o uruguaio Beto Acosta, o chileno Suarez e o argentino German Herrera.

O poder dessa invasão pôde ser visto desde o ano passado, quando dois dos três melhores jogadores do Campeonato Brasileiro eram estrangeiros, segundo o prêmio Craque do Brasileirão: o vice-artilheiro Acosta, que estava no Náutico, e o chileno Jorge Valdivia, do Palmeiras. Em 2005, um argentino já tinha conquistado o prêmio, Carlitos Tevez do Corinthians.

Salários – Isso tem acontecido porque os melhores jogadores nascidos no Brasil são seduzidos pelos altos salários na Europa e até na Ásia, abrindo espaço para atletas de destaque no cenário do continente.

É mais fácil e mais barato trazer um grande jogador no mercado sul-americano do que contratar um jogador do mesmo nível que seja brasileiro.

Por exemplo, o goleiro Juan Castillo, reserva da seleção uruguaia que foi contratado pelo Botafogo tinha um salário equivalente a 18 mil reais no Peñarol. Valor baixo para um jogador de seleção comparado aos salários dos brasileiros.

Dois destaques do último campeonato argentino, campeões pelo Lanús, o meia Valeri e o atacante Sand recebiam salários equivalentes a 8 mil e 500 reais. Pouco para a realidade dos grandes clubes brasileiros.

A concorrência por esses jogadores fica mais restrita ao futebol mexicano, que costuma levar muitos colombianos e argentinos que ainda não têm mercado no continente europeu.

Cada centro futebolístico se diferencia pelas condições econômicas nacionais, pelo peso dos patrocinadores, pelos investimentos dos proprietários dos clubes e pela capacidade de produzir jogadores.

Distribuição– Dos nove outros países filiados à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), até mesmo a Venezuela tem jogador em clube da Série A. Isso porque Valdivia, do Palmeiras, é naturalizado chileno. Mas na realidade, o Mago nasceu na Venezuela.

O país estrangeiro mais representado na primeira divisão é a Colômbia. São sete. E sua principal embaixada no Brasil é a Arena da Baixada, com três no Atlético Paranaense. David Ferreira e Edwin Valencia são destaques.

Entre os gringos da Série A, apenas o atacante nigeriano Abubakar não é sul-americano.

Além dele, o lateral-esquerdo Agustin Viana, do Atlético Mineiro, nasceu em Chicago, nos Estados Unidos, mas é naturalizado uruguaio e até já defendeu a seleção celeste sub-20.

Partiram – Enquanto alguns chegam, outros que atuaram no ano passado já deixaram o País. Como o volante chileno Maldonado, do Santos, os atacantes colombianos Martin Garcia, do Vasco, e Dayro Moreno, do Atlético Paranaense, e os argentinos do Grêmio, o goleiro Saja e o zagueiro Schiavi. Além do boliviano Arce do Corinthians e o argentino Dudar do Vasco.

Não vingaram – A dupla Ba-Vi não aderiu à moda atual de se reforçar com atletas dos países vizinhos. O último estrangeiro sul-americano por aqui foi o atacante Marcelo Moreno, que no rubro-negro era conhecido também como Marcelo Boliviano.

Ele participou do acesso do Vitória da Série C para a Série B em 2006. Curioso é que ele já defendeu as seleções de base do Brasil e depois optou por vestir a camisa da seleção da Bolívia.

No Bahia, nenhum representante dos países vizinhos atuou desde a saída do uruguaio Rodolfo Rodriguez, em 1994.

No mês passado, dois compatriotas do goleirão estavam fazendo testes no Fazendão. O zagueiro Miguel Lavié e o atacante Gerardo Larrosa Bracesco. Mas os dois acabaram reprovados nos testes e não integrarão o elenco tricolor. Lavié já acertou com o Criciúma.

Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 3/2/2008

Alguns foram ídolos, outros viraram motivo de piada

Leandro Silva e Eliano Jorge

No ano passado, o time do São Paulo bicampeão brasileiro tinha apenas um estrangeiro: o equatoriano Reasco, que praticamente não jogou, por causa de uma grave contusão.

Mas outros 23 estrangeiros sul-americanos já tiveram a honra de conquistar o principal título nacional do País.

O colombiano Freddy Rincón pode ser considerado especialista por já ter conquistado a taça três vezes. Em 1994, com o Palmeiras e em 1998 e 1999, com o rival Corinthians, clube pelo qual faturou o Mundial de Clubes da FIFA em 2000.

Falando de outra competição nacional, a Copa do Brasil, 11 estrangeiros do continente também já ficaram com o título.

O colombiano Aristizabal e os paraguaios “Gato” Fernandez, Arce e Rivarola foram os únicos que conseguiram unificar as conquistas do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil.

Aristizabal, que foi capitão do Vitória, é o maior artilheiro estrangeiro da história dos Campeonatos Brasileiros.

Muitos sul-americanos se deram bem no Brasil e deixaram saudades nas torcidas. Como os argentinos Carlitos Tevez, Sanfilippo, Fischer, Fillol, Valido, Andrada, Poy, Sastre, Ramos Delgado, Doval, Renganeschi, Cejas, Sorín, Perfumo e o raçudo volante Mancuso.

Alguns uruguaios também tiveram passagens marcantes pelo Brasil, entre eles Rodolfo Rodríguez, Pablo Forlán, Darío Pereyra, Pedro Rocha, Diego Lugano, Hugo de León, Ancheta e Mazurkiewsky.

Assim como os paraguaios Gamarra, Arce, Rivarola, Bria, Reyes, Benítez e Romerito e os colombianos Rincón, Asprilla e Aristizabal.

fiascos – Outros, porém, são lembrados geralmente pelo fiasco. Como os chilenos Sierra, Héctor Tapia e Nelson Tapia, o peruano Jorge Soto, e os centroavantes uruguaios “El Tanque” Santiago Silva e Sebastián “Loco” Abreu.
A maior piada foi a contratação por engano do Santos. Trouxe o paraguaio Edgar Baez, acreditando se tratar de Richard Báez, da seleção, em 1997.

Houve ainda o argentino Amelli e o goleiro Henao, da Colômbia. Amelli tinha o maior cartaz no River Plate, mas não se adaptou ao estilo de jogo brasileiro e foi mal no São Paulo.

Henao se destacou na conquista da Libertadores pelo pequeno Once Caldas, da Colômbia, eliminando Santos, mas fracassou no time da Vila Belmiro.

Matéria de Leandro Silva e Eliano Jorge publicada no Jornal A Tarde do dia 3/2/2008