sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Caldeirão de Aço - Semana 39 - Mudança de nível - publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 10.09.2020

A contratação de Mano Menezes tem sido encarada como mais uma comprovação da subida de patamar da instituição, nessa escalada em torno da retomada de toda a grandeza histórica. Ainda considero a chegada de Rodriguinho mais simbólica, pois Mano está parado desde o final de 2019, em que não teve boa temporada, enquanto o camisa 10 é um jogador que imagino que 19 das 20 torcidas da Série A gostariam de contar, provavelmente como titular. A única exceção seria o Flamengo, que já o teve como sonho de consumo recentemente. Mas é inegável que o comandante reforça toda a ideia de mudança de nível.

A insatisfação com resultados e desempenho em 2020 fez brotar afirmações repletas de hipérboles. Concordo com carências apontadas no elenco, mas não, com a inexistência de qualidade. É também inegável que a formação do plantel tenha mostrado que o respeito do Bahia no mercado está cada vez mais consolidado. Além de Rodriguinho, o clube conseguiu vencer disputa acirrada por Rossi, que fez ótimo Brasileiro pelo Vasco, tirou Daniel do Flu, também depois de um 2019 destacado, além de ter apostado em Clayson, que, apesar de vir de um 2019 apagado, e ainda estar decepcionando por aqui, já foi importante até em conquista de Brasileiro.

Que a chegada de Mano resgate aquela expectativa do início do ano e que ele possa contribuir com a mentalidade vencedora. Antes dele, Falcão havia sido o ex-treinador de Seleção principal com passagem mais recente pelo Bahia. E o hiato entre a passagem de Mano pelo selecionado e a chegada ao Esquadrão é bem menor. Afinal, ele deixou a CBF menos de oito anos atrás, em 2012, mesmo ano em que Falcão comandou o Tricolor, 21 anos depois da saída da Seleção, em 1991.

Mano trabalhará no CT que recebe o nome de outro treinador com passagem pela Seleção, Evaristo de Macedo, comandante campeão brasileiro. Os irmãos Zezé e Aimoré Moreira foram outros dois ex-técnicos da Seleção que treinaram o Bahia.

Depois de passagem longa e vencedora no Cruzeiro, que se encerrou após desgaste e queda de desempenho, e um trabalho sem muito brilho no Palmeiras, Mano busca voltar a se destacar. Claro que a prioridade segue sendo fazer uma ótima campanha no Brasileiro, seguindo o processo de evolução ano a ano, no entanto, a experiência bem sucedida de Mano Menezes em competições eliminatórias oferecerá certamente um acréscimo na expectativa com relação à Sul-americana. Mano tem nesse tipo de disputa as maiores conquistas do currículo. Foram três títulos da Copa do Brasil. Com o Corinthians, em 2009, e o Cruzeiro, duas vezes, em 2017 e 2018.

Mano teve o primeiro momento de projeção nacional no Grêmio, justamente o adversário da noite de hoje, em Pituaço. Cláudio Prates merece os parabéns pela forma como fez com que a equipe jogasse contra o Inter e tentará ser ainda melhor sucedido contra outros gaúchos. As mudanças promovidas parecem ter causado efeito positivo. A principal alteração, e mais visível, entretanto, foi na postura. Seguirei com a dúvida se a escalação foi determinante para a melhora de desempenho.

De qualquer forma, era preciso mudar. Embora não goste da ideia de Rossi fora do time, entendo que a mudança de esquema foi positiva nesse jogo específico. Em casa, como hoje, ainda é preciso ver se tal formação é a mais apropriada. Por hora, pelo momento dos jogadores, tenho a impressão de que o prejuízo com a ausência de um centroavante poderia ser menor do que a falta que Rossi faria. Mano tem histórico de preterir centroavantes mais fixos em benefício da mobilidade ofensiva. 

publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 10.09.2020 

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