sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Caldeirão de Aço - Semana 10 - A camisa 10 - publicado originalente no jornal A Tarde do dia 20.02.2020


Desde a saída do meia Eric Ramires para o Basel, da Suíça, em setembro do ano passado, a camisa que mais mexe com o imaginário popular estava vaga no elenco principal do Bahia. O período de vacância durou até o início da semana, quando o meia Rodriguinho foi anunciado e apresentado no CT Evaristo de Macedo, com a incumbência de ser o novo camisa 10 do Esquadrão.

Durante quase seis meses, apenas o meio-campista Ramon, destaque do grupo de transição, atuou em jogos oficiais com a camisa, no Baiano, em que o clube não vem adotando numeração fixa. Na Copa Sul-Americana, a responsabilidade é do meio-campista Daniel, número 8 no restante das competições. Na estreia continental, contra o Nacional do Paraguai, ele foi para o banco de reservas, mas não atuou.

Se a divulgação da camisa a ser usada pela maioria dos jogadores demora a acontecer depois de oficializada a contratação, no presente caso o número praticamente precedeu o anúncio do jogador, como pôde ser visto no vídeo oficial do clube, utilizado para informar que o Bahia já tinha um novo 10.

Curioso é que o jogador viveu até hoje os melhores momentos da carreira, no Corinthians, quando conquistou dois Brasileiros (2015 e 2017), sendo um dos protagonistas do segundo, usando outra camisa, a 26, ocupada no Bahia por um dos principais destaques do elenco, o volante Gregore. No Cruzeiro, atuava com a 23.

Mesmo que não tenha o costume de usar esse número, é inegável que o meia parece talhado para a missão. A maioria das torcidas do Brasil gostaria muito de ter um Rodriguinho para chamar de seu, afinal “está faltando um camisa 10” é uma das afirmações mais frequentes nas arquibancadas pelo país. Que ele não seja, entretanto, refém da grande expectativa gerada pela contratação e possa mostrar toda a qualidade da melhor maneira possível para o time.

Antes de Eric Ramires, antecessor de Rodriguinho, a camisa 10 do Bahia era trajada por Zé Rafael, que jogava mais pelos lados, e que recebeu o número depois de uma excelente primeira temporada com a camisa 18 (mesma mudança que aconteceria com Eric Ramires no ano seguinte).

Zé Rafael, em 2018, deve ter sido o primeiro camisa 10 do Bahia, em anos de numeração fixa, a completar uma temporada com regularidade e destaque, desde Iranildo, no Brasileiro de 2000. Durante esse intervalo de 18 anos, entre Iranildo e Zé Rafael, apontaria Geraldo, em 2002, Robert, em 2004, e Morais, em 2010, como aqueles que mais fizeram jus ao número mítico. Nos anos em que eles brilharam, entretanto, o Tricolor não usava a numeração fixa.

O primeiro 10 que acompanhei no Bahia foi Zé Carlos, fundamental para a conquista do segundo título brasileiro, que completou 31 anos ontem. Zé Carlos terminou como artilheiro do clube e atuou em todas as partidas. Em apenas uma não vestiu a 10, pois entrou durante o jogo. 

Não demorou muito e outro camisa 10 passou a encantar. Luís Henrique, um dos grandes destaques do Brasileiro de 1990, em que o Tricolor foi semifinalista. Assim como Zé Carlos, Luis Henrique também chegou a ser convocado para a Seleção enquanto jogava no Bahia.

Uéslei, marcado por outras camisas, como a 11 e a 8, também honrou o número 10. Em 1994, ano do gol de Raudinei, em que o Bahia chegou às quartas de final do Brasileiro, era com o simbólico número que ele se apresentava.

publicado originalente no jornal A Tarde do dia 20.02.2020

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