sábado, 4 de abril de 2020

Caldeirão de Aço - Semana 16 - Importados - publicado originalmente no Jornal A Tarde do dia 02.04.2020


Desde que a atual temporada começou, o nome do colombiano Stiven Mendoza já foi levantado um incontável número de vezes como possível reforço para o Bahia. E, com a atual parada, novamente as especulações foram retomadas. Não tenho informação privilegiada sobre a possibilidade de que esse antigo interesse de ambas as partes possa realmente ser transformado em realidade em 2020, mas aproveito para falar sobre alguns estrangeiros que vestiram a camisa do Bahia em outras temporadas, como o próprio jogador do Amiens, da França, que teve uma rápida (como ele), mas exitosa passagem pelo Esquadrão em 2017.

Na atual década (de 2011 a 2020), essa é apenas a segunda temporada em que o clube não conta com nenhum representante de outros países no elenco. A primeira foi em 2016. Nesse período foram 14 estrangeiros contratados. Quando eu era mais novo, era muito mais raro ver estrangeiros no futebol brasileiro. E, no Bahia, ainda mais. Na década de 1990, na minha adolescência, tenho a forte lembrança apenas de dois jogadores de outros países com a camisa tricolor. Por coincidência os dois eram goleiros: Rodolfo Rodríguez e William Andem.

O primeiro, uruguaio, é um dos grandes goleiros que vi no Bahia. Os mais jovens, que não acompanharam a trajetória dele, talvez tenham uma visão equivocada sobre a passagem dele pelo Esquadrão, motivada por aquele clássico gol que ele sofreu de Ronaldo, o Fenômeno, em uma goleada sofrida para o Cruzeiro. 

No entanto, ele foi muito mais que isso. Memória afetiva, ou não, o que me recordo é do uruguaio fechando o gol em diversas oportunidades, principalmente no Baiano de 1993, quando foi fundamental em toda a campanha, em que o Bahia foi campeão de ponta a ponta, conquistando os quatro turnos. Outra lembrança forte que tenho do arqueiro foi a corrida que ele deu até o vestiário do Inter, na Fonte, para tirar satisfações com o atacante Paulinho McLaren, após um triunfo do Tricolor por 5 a 4.

Aviso que a memória afetiva também pode influenciar a minha avaliação sobre William Andem, arqueiro de Camarões. A entrega que ele demonstrava a cada jogo compensava, para mim, o fato de ser um pouco atrapalhado. Foi titular em 1997, uma temporada para esquecer, mas que deixou a lembrança desse folclórico personagem.

O estrangeiro que mais gostei de ver atuando pelo Tricolor jogou ao lado de Mendoza. O meia argentino Agustín Lionel Allione vestiu a lendária camisa 8 do Bahia nas temporadas 2017 e 2018. Embora não tenha dado certo após o regresso em 2018, por seguidos problemas físicos, foi um dos destaques na primeira temporada, na conquista da Copa do Nordeste e na campanha de recuperação no Brasileiro.

Máxi Biancucchi, de passagem conturbada pelo clube, foi outro argentino que eu gostava muito de ver no Bahia, nas temporadas 2014 e 2015. Vi ainda outros tantos estrangeiros com a camisa tricolor, como os argentinos Emanuel Biancucchi (2014), Paulo Rosales (2013), os colombianos Armero (2017), Tressor Moreno (2011), o paraguaio Pittoni (2014 e 2015), o chileno Mena (2018), o venezuelano Guerra (2019), o estadunidense Freddy Adu (2013) e o boliviano Luís Gutiérrez (2012).

Teve ainda gente muito boa de bola que eu não vi jogar, como o atacante argentino Sanfilippo, que provavelmente foi o melhor estrangeiro, e um dos melhores jogadores, a vestir a camisa tricolor. Ele conquistou os Baianos de 1970 e 1971. Dos que eu não vi, além dele, meu pai colabora com a coluna, destacando o goleiro Buttice e o defensor Paes, ambos também argentinos. 

publicado originalmente no Jornal A Tarde do dia 02.04.2020

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