sexta-feira, 1 de maio de 2020

Caldeirão de Aço - Semana 20 - Redenção - publicado originalmente no Jornal A Tarde do dia 30.04.2020


O próximo domingo, dia 3 de maio, marca os 60 anos da primeira partida disputada na Fonte Nova pela Libertadores da América e também do primeiro triunfo tricolor na competição. O Bahia estava disputando o torneio pela primeira vez, em 1960, sendo o primeiro representante brasileiro na história. Apesar de vencer, o sonho do título continental ficou pelo caminho na primeira fase, contra o San Lorenzo.

Naquela competição, começava mal a relação do argentino José Sanfilippo com a torcida do Bahia. No primeiro jogo, Sanfilippo fez um dos três gols argentinos. E o Tricolor, atual campeão brasileiro, tentou recuperar-se em casa no jogo de volta. Para essa estreia como mandante na Libertadores, o Tricolor foi escalado com: Nadinho, Nenzinho, Henrique, Leone e Beto; Flávio, Mário, Marito, Biriba, Carlito e Léo Briglia. Os três gols sofridos longe de casa foram devolvidos em Salvador, por Carlito (maior artilheiro da história do Esquadrão), Flávio e Marito. O problema é que Sanfilippo marcou duas vezes para o San Lorenzo, totalizando três gols no confronto.

O processo de redenção demorou para ser iniciado. Oito anos depois, Sanfilippo vestiria a camisa tricolor. E se tornaria um dos maiores nomes da história do Esquadrão. Chegou ao clube precedido de muita expectativa, pois, além de ter brilhado no confronto direto de anos antes, tinha o status de jogador de Copas do Mundo (1958 e 1962).

Apesar disso, também foi cercado de desconfiança por questão de idade, mas Sanfilippo, que é um dos maiores nomes do futebol argentino na história, deu razão àqueles que se empolgaram com a sua contratação e passou a encantar a torcida tricolor com muitos gols e lances de craque, entre 1968 e 1971, conquistando os campeonatos Baianos de 1970 e 1971. 

A segunda participação tricolor na Libertadores não foi boa e o clube nem chegou a jogar na Fonte Nova. A fase preliminar da competição em 1964 previa apenas um jogo contra o Deportivo Itália, da Venezuela, em Caracas, mas um empate em 0 a 0, forçou uma segunda partida no mesmo local. Dessa vez, os venezuelanos levaram a melhor e venceram por 2 a 1, eliminando o Bahia.

Até que em 1989, o Tricolor fez a melhor campanha no torneio e chegou a dar esperanças de que o título continental poderia ser conquistado. O Tricolor foi tão bem que terminou a competição oficialmente na quinta colocação, mas apenas o campeão, Atlético Nacional de Medellín, da Colômbia, com quatro jogos a mais, conseguiu terminar com mais pontos que o Esquadrão, com 17 contra 14.

O Bahia passou de fase, como líder do Grupo 2, vencendo os quatro jogos disputados no Brasil, contra Inter, Marítimo e Unión Táchira, e empatando os dois confrontos contra os adversários venezuelanos fora do País. Com a vaga, o Tricolor se credenciou a enfrentar o Universitário, do Peru, nas oitavas-de-final. Depois de um empate, em 1 a 1, em Lima, a vaga nas quartas-de-final veio com um triunfo por 2 a 1.

O adversário do Tricolor seria o Internacional. Se na decisão do Brasileiro, disputada em fevereiro daquele mesmo ano, os gaúchos foram apontados como favoritos, a situação parecia invertida. Afinal, o Colorado passou em terceiro lugar no grupo em que o Bahia foi líder. Além disso, em quatro confrontos recentes, o Esquadrão havia vencido três e empatado apenas quando podia empatar, na final. Mas o Inter venceu o primeiro jogo, por 1 a 0. E a forte chuva que prejudicou o estado do gramado, impediu que a vantagem fosse revertida na Fonte Nova, encerrando, de maneira triste, a excelente campanha, com um empate sem gols.

publicado originalmente no Jornal A Tarde do dia 30.04.2020

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