sexta-feira, 30 de maio de 2008

Os caçadores do ouro perdido

Leandro Silva

A medalha de ouro olímpica é o único título de expressão que o Brasil ainda não conquistou no futebol. Então, neste ano de Olimpíada, a maior obsessão futebolística do País pentacampeão mundial é o Ouro Olímpico, certo?

Não parece ser o que pensa a CBF, entidade máxima do futebol nacional. Amanhã e no outro sábado, por exemplo, o Brasil faz dois amistosos, nos Estados Unidos, contra adversários questionáveis como Canadá e Venezuela, visando o reinício das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, quando enfrenta dois dos adversários mais complicados: Paraguai, no dia 14, e Argentina, no dia 18.

Será que amistosos como esses contra adversários desqualificados pode ajudar na preparação para as eliminatórias? E a seleção olímpica? Já existe?

O fato é que, faltando pouco mais de dois meses para o início do torneio de futebol em Pequim – o Brasil estréia contra a Bélgica no dia 7 de agosto –, a Seleção Brasileira olímpica jogou apenas um amistoso. E foi contra a seleção da Série A do último Campeonato Brasileiro. Os adversários estavam de férias e, ainda assim, venceram a seleção montada por Dunga.

Insucessos – Talvez escaldada por vários projetos olímpicos que tiveram resultados mal sucedidos, a CBF parece inclinada a não demonstrar estar dando muita importância para os Jogos Olímpicos, temendo uma crise com uma possível derrota em Pequim que possa atrapalhar a preparação para a próxima Copa do Mundo em que a Seleção espera apagar a péssima imagem do fiasco de 2006.

Afinal, as conseqüências de um fracasso em Pequim podem ser enormes e muitos já pagaram o pato por fracassos olímpicos, como o técnico Vanderlei Luxemburgo, que acumulou o comando das duas seleções e foi demitido, não por causa dos seus problemas na justiça, e sim pela eliminação frente a Camarões na Olimpíada de 2000. Zagallo também se queimou depois do bronze em 1996, mas conseguiu se manter no cargo da Seleção Principal até a Copa de 1998.

Dificuldades – Para dificultar ainda mais a formação de uma base, dessa vez, não houve pré-olímpico. O sul-americano sub-20 do ano passado serviu como eliminatória para os Jogos e o Brasil ficou com a vaga. Mas poucos jogadores que carimbaram o passaporte brasileiro devem estar presentes em Pequim, por causa das mudanças naturais de rendimento e também devido ao limite diferente de idade.

Por isso, apenas poucos como Alexandre Pato e Lucas Leiva deverão ter o esforço recompensado por uma participação olímpica depois de garantirem a classificação brasileira.

Para amenizar a falta de amistosos, Dunga tem convocado jogadores com idade olímpica para os amistosos da Seleção principal como o de amanhã, quando sete jogadores foram convocados: Diego Alves, Marcelo, Henrique, Anderson, Diego, Rafael Sóbis e Alexandre Pato.

Jeitinho – A idéia de Dunga é ambientar os garotos. Uma justificativa para tal atitude é que a CBF teria muito mais dificuldade para conseguir a liberação dos jogadores se os amistosos fossem da seleção olímpica.

Mas o ‘jeitinho’ encontrado por Dunga e pela CBF para contar com os jogadores poderia ser melhor aproveitado, com uma maior utilização deles nos amistosos. No último, contra a Suécia, por exemplo, apenas o meia Diego começou jogando. Mas no segundo tempo, aos 15 minutos, Alexandre Pato fez a sua estréia na Seleção principal, marcando um golaço. Anderson, Hernanes e Thiago Neves entraram depois na partida.

Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 30 de maio de 2008

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