quinta-feira, 5 de junho de 2008

A Copa das estrelas

Leandro Silva

Amanhã, quando a bola rolar para Suíça e República Tcheca, vai começar a Copa do Mundo sem o Brasil e a Argentina, como é de costume se referir à Eurocopa, devido ao seu nível elevado. Mas se a Seleção Brasileira não participa da competição continental de maior prestígio do mundo, por questões geográficas, o País estará representado por seis jogadores e mais um treinador, o mesmo que levou o Brasil ao título mundial em 2002, na Alemanha, Luis Felipe Scolari.

Jogadores são seis: Pepe e Deco, de Portugal; Kuranyi, da Alemanha; Marcos Senna, da Espanha; Roger Guerreiro, da Polônia e Mehmet Aurélio, da Turquia. E poderia ser mais se Eduardo da Silva, atacante da Croácia, não estivesse fora por causa de uma lastimável lesão sofrida em um jogo pelo Arsenal.

A Argentina tem presença também na seleção italiana com o meia-atacante Camoranesi. Puro reflexo da naturalização desenfreada de jogadores com o intuito de atuar por outras seleções. O sentido de patriotismo é deixado de lado, mas não deixa de ser uma atração a mais para o torneio.

Na Euro de 2004, por exemplo, a presença de Deco e Felipão na seleção lusa fez com que muitos brasileiros torcessem pelo título português, que acabou não acontecendo depois de perder a final, em casa, para a Grécia, em uma zebra histórica.
Será que este ano o bicho listrado vai passear pelos gramados austríacos e suíços, também?

Antes mesmo de a bola rolar para a fase final, a zebra já fez estrago com a eliminação da Inglaterra, nas eliminatórias, desfalcando a competição com a ausência de uma seleção com a tradição inglesa e de grandes estrelas como Gerrard, Lampard, Rooney e John Terry. Melhor para as principais postulantes ao título que já se livraram de uma forte concorrente. Alemanha, Itália, França, Portugal, Holanda e Espanha são as favoritas, mas pelo menos uma delas vai cair na primeira fase, já que Itália, França e Holanda estão no mesmo grupo, garantindo um grande clássico em cada rodada da primeira fase desta 13ª Eurocopa.

História – A primeira Euro ocorreu na França em 1960, ainda chamada de Taça da Europa de Nações, e a extinta União Soviética ficou com o título ao vencer a anfitriã na final. Na Euro seguinte, ela voltou a enfrentar a seleção mandante na final, mas perdeu para a Espanha.

Apenas duas seleções já conseguiram repetir a dose e ficar com outro título. A recordista Alemanha, que venceu três vezes, e a França, com dois títulos.

Importância – Para demonstrar o prestígio que tem a Eurocopa, basta lembrar que, enquanto é muito comum ver os jogadores sul-americanos, principalmente brasileiros, pedindo dispensa para não jogar a Copa América, ninguém quer abrir mão de disputar a Euro. Exceto aqueles jogadores que resolveram se aposentar das seleções.

Com isso, o nível fica altíssimo e é possível ver tantas estrelas reunidas como Cristiano Ronaldo, Ibrahimovic, Van Nistelrooy, Henry, Ballack, Luca Toni, Fernando Torres, etc. Em compensação, hoje, a Liga dos Campeões tem uma constelação ainda maior, com a presença dos astros sul-americanos e africanos.

Em comparação com a Copa do Mundo, a Euro leva uma certa vantagem. Como são apenas quatro grupos, os jogos tendem a ser mais equilibrados desde a primeira fase, pois não há espaço para equipes muito fracas. Por outro lado, a ausência de escolas de futebol diferentes faz com que os jogos percam um pouco do charme da Copa, e os jogos se tornem mais monótonos.

Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 6 de junho de 2008

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