Desde
a saída do meia Eric Ramires para o Basel, da Suíça, em setembro do ano
passado, a camisa que mais mexe com o imaginário popular estava vaga no elenco
principal do Bahia. O período de vacância durou até o início da semana, quando
o meia Rodriguinho foi anunciado e apresentado no CT Evaristo de Macedo, com a
incumbência de ser o novo camisa 10 do Esquadrão.
Durante
quase seis meses, apenas o meio-campista Ramon, destaque do grupo de transição,
atuou em jogos oficiais com a camisa, no Baiano, em que o clube não vem
adotando numeração fixa. Na Copa Sul-Americana, a responsabilidade é do
meio-campista Daniel, número 8 no restante das competições. Na estreia
continental, contra o Nacional do Paraguai, ele foi para o banco de reservas,
mas não atuou.
Se
a divulgação da camisa a ser usada pela maioria dos jogadores demora a
acontecer depois de oficializada a contratação, no presente caso o número
praticamente precedeu o anúncio do jogador, como pôde ser visto no vídeo
oficial do clube, utilizado para informar que o Bahia já tinha um novo 10.
Curioso
é que o jogador viveu até hoje os melhores momentos da carreira, no
Corinthians, quando conquistou dois Brasileiros (2015 e 2017), sendo um dos
protagonistas do segundo, usando outra camisa, a 26, ocupada no Bahia por um
dos principais destaques do elenco, o volante Gregore. No Cruzeiro, atuava com
a 23.
Mesmo
que não tenha o costume de usar esse número, é inegável que o meia parece
talhado para a missão. A maioria das torcidas do Brasil gostaria muito de ter
um Rodriguinho para chamar de seu, afinal “está faltando um camisa 10” é uma
das afirmações mais frequentes nas arquibancadas pelo país. Que ele não seja,
entretanto, refém da grande expectativa gerada pela contratação e possa mostrar
toda a qualidade da melhor maneira possível para o time.
Antes
de Eric Ramires, antecessor de Rodriguinho, a camisa 10 do Bahia era trajada
por Zé Rafael, que jogava mais pelos lados, e que recebeu o número depois de
uma excelente primeira temporada com a camisa 18 (mesma mudança que aconteceria
com Eric Ramires no ano seguinte).
Zé
Rafael, em 2018, deve ter sido o primeiro camisa 10 do Bahia, em anos de
numeração fixa, a completar uma temporada com regularidade e destaque, desde
Iranildo, no Brasileiro de 2000. Durante esse intervalo de 18 anos, entre
Iranildo e Zé Rafael, apontaria Geraldo, em 2002, Robert, em 2004, e Morais, em
2010, como aqueles que mais fizeram jus ao número mítico. Nos anos em que eles
brilharam, entretanto, o Tricolor não usava a numeração fixa.
O
primeiro 10 que acompanhei no Bahia foi Zé Carlos, fundamental para a conquista
do segundo título brasileiro, que completou 31 anos ontem. Zé Carlos terminou
como artilheiro do clube e atuou em todas as partidas. Em apenas uma não vestiu
a 10, pois entrou durante o jogo.
Não
demorou muito e outro camisa 10 passou a encantar. Luís Henrique, um dos
grandes destaques do Brasileiro de 1990, em que o Tricolor foi semifinalista.
Assim como Zé Carlos, Luis Henrique também chegou a ser convocado para a
Seleção enquanto jogava no Bahia.
Uéslei,
marcado por outras camisas, como a 11 e a 8, também honrou o número 10. Em
1994, ano do gol de Raudinei, em que o Bahia chegou às quartas de final do
Brasileiro, era com o simbólico número que ele se apresentava.
publicado originalente no jornal A Tarde do dia 20.02.2020
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