O
clima das tradicionais rodadas duplas que marcaram a história da Fonte Nova
poderá ser revivido no próximo sábado, mas com um diferencial: serão duas
partidas oficiais entre profissionais, envolvendo o Bahia. A situação acontece
em um momento em que os torcedores têm motivos para festejar os dois grupos: o
principal e o de transição, que vêm de triunfos marcantes.
A
equipe principal não atua desde quando venceu o Nacional, no Paraguai, com
autoridade, por 3 a 1, garantindo vaga na próxima fase da Sul-Americana. O
primeiro triunfo em uma partida oficial fora do País, algo que não aconteceu
nem mesmo quando o clube chegou entre os oito melhores da Libertadores e da
própria Sul-Americana, dá moral e atesta a evolução do desempenho na temporada.
Na
Copa do Nordeste, o Bahia chegou a figurar fora da zona de classificação para a
próxima fase, mas agora está entre os classificados, com oito pontos e tem a
chance de assumir a liderança do Grupo A. Isso acontecerá somente se vencer a equipe
detentora da melhor campanha da competição até o momento, o Confiança, líder do
Grupo B, com 13, e se o Botafogo da Paraíba não vencer o Imperatriz.
Após
momento de turbulência, com as duas derrotas do ano em um intervalo de três
dias, o time evoluiu e começa a justificar a expectativa criada durante a
formação do elenco. Precisa repetir na Copa do Nordeste o nível das duas
melhores atuações da temporada, ambas contra o Nacional, pela Sul-Americana.
Quebrar
a invencibilidade do Confiança em 2020 pode ser mais um atestado da evolução. Já
que o time sergipano parece ter iniciado o ano embalado pelo acesso para a
Série B, e, além de liderar a chave no Nordeste, ter se classificado para o
quadrangular final do estadual com a primeira colocação.
No
outro jogo de sábado, o adversário será o Doce Mel, penúltimo colocado do
Baiano. Líder e invicto, o Bahia pode se classificar com duas rodadas de
antecedência a depender dos outros resultados. O primeiro triunfo do ano em
Ba-Vis, no domingo passado, teve importância fundamental para o projeto do
grupo de transição.
Reforço
a minha confiança na qualidade desse time e do seu comando técnico, ampliada
pelo triunfo no Ba-Vi, mesmo mantendo a opinião de que todos os clássicos
deveriam ser disputados com os elencos principais dos clubes, por uma ideia de
valorização do clássico e do estadual. O jogo, porém, teve os ingredientes
marcantes dos grandes Ba-Vis, com direito a equilíbrio, rivalidade, raça,
provocação frustrada, golaço de falta, gol no lance final do jogo, e, o
principal, triunfo do Bahia.
Os
jogadores valorizaram a oportunidade e souberam jogar o clássico, mesmo com
atuações mutantes durante os noventa minutos. Pela constância, devo fazer
justiça ao goleiro Fernando Castro, que justificou a confiança depositada pelo
treinador Dado Cavalcanti, mesmo depois das boas atuações de Mateus Claus. Foi
uma partida segura com, pelo menos, duas ótimas defesas, e mais uma saída do
gol em que forçou o erro do adversário.
Na
coluna passada, chamei atenção para o fato de que o Bahia tem uma artilharia
comunitária no estadual. Ramon fez dois dos 10 gols marcados na competição. Oito
jogadores fizeram os outros oitos gols. No Ba-Vi, Anderson Jesus, de cabeça, e
Arthur Rezende, de falta, ampliaram a distribuição, e se juntaram a Gustavo, Saldanha,
Caíque, Régis Tosatti, Ignácio e Lepo, autores dos outros seis. Dos titulares de
linha mais frequentes, falta apenas Mayk, Edson e Alesson balançarem a rede.
publicado originalmente no Jornal A Tarde do dia 05.03.2020
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