domingo, 7 de janeiro de 2007

Divisões de base na Bahia

Leandro Silva

Os olhos dos brasileiros estão voltados para as divisões de base neste momento em que o Brasil estreou no sul-americano sub-20 e a Copa São Paulo de futebol junior começou. Por isso, eu resolvi publicar no blog a reportagem que eu fiz em 2006, para o Jornal Subescrito - Jornal Laboratório da Faculdade Social da Bahia -, sobre as divisões de base no Estado da Bahia e o êxodo, cada vez mais precoce, dos talentos baianos para outros lugares.

Segue a reportagem:

Meninos da Bahia ou do Mundo?
Jovens jogadores baianos saem, cada vez mais cedo, para jogar futebol em clubes de outros estados ou países

Leandro Silva

Tudo pronto para o Ba-Vi decisivo do Campeonato Baiano de 2007, os técnicos já divulgaram as escalações das equipes. Os craques do Bahia serão Daniel Alves na lateral-direita, Fabão na zaga, Jorge Wagner no meio campo, e Uéslei no ataque. Já o Vitória entrará em campo com os destaques de Dida no gol, Adailton na zaga, Junior, na lateral-esquerda, Vampeta no meio campo e Nadson comandando o ataque.

Não, amigo, infelizmente isso não é verdade. Enquanto todos esses jogadores, que foram revelados por Bahia e Vitória, desfilam pelos gramados do mundo inteiro, os clubes baianos contam com vários jogadores desconhecidos em seus elencos. Segundo o presidente da Federação Baiana de Futebol (FBF), Ednaldo Rodrigues, os jogadores baianos estão saindo, cada vez mais cedo, para jogar em clubes de outros estados e até mesmo países. Eles não são aproveitados pelo futebol local, que atravessa uma séria crise, com seus dois principais representantes na Série C - última divisão do futebol brasileiro.

Grande parte desses jogadores sai da Bahia com menos de 20 anos, com idade para atuar pelas categorias de base, deixando família e estudos para trás. “Tentei jogar no Vitória e no Bahia e não tive oportunidade, o jeito foi procurar outro espaço pra mostrar meu futebol”, diz Marcos Renan, 15 anos, baiano da cidade de Antas, que depois de participar de ‘peneiras’ nos dois clubes, acabou sendo reprovado. “Participar de ‘peneira’ é ruim, porque não dão muita oportunidade para a gente mostrar para o avaliador o nosso futebol”, afirma. Renan depois foi descoberto pelo Juventude [Caxias do Sul/RS], quando estava jogando na sua cidade, e hoje joga nas divisões de base do Internacional de Porto Alegre.

Efeitos da ‘Lei Pelé’

Se a má avaliação de jogadores é apontada como um dos fatores para a saída precoce de jovens talentos, esse êxodo também pode ser creditado à ‘Lei Pelé’, criada em 1998, no governo de Fernando Henrique Cardoso, e que acabou com o ‘passe’ no futebol brasileiro em 2001, deixando os jogadores livres ao término do contrato. Essa mudança prejudicou os clubes formadores de jogadores, que tinham na negociação dos seus ‘craques’ a sua maior fonte de renda. “O que FHC e Pelé fizeram foi uma verdadeira privatização do futebol brasileiro”, afirma Antônio Melhor, 51, profissional de marketing, que realizou um estudo sobre a ‘Lei Pelé’.

“A Lei Pelé prometeu libertar os jogadores dos clubes, mas acabou prendendo-os aos empresários”, diz Antônio. Ele acredita que o assédio em cima dos meninos da base que muitos dos pais, sem instrução, assinam qualquer documento e ficam nas mãos dos empresários, encarados por muitos como um ‘ mal necessário’ para a carreira futebolística. “Eles são o caminho para entrar nos clubes, mas se conseguir ingressar sem empresário é melhor, pois muitos agem de má fé”, diz Renato Silva, 17 anos, de Salvador, que pretende ser jogador. Já Marcos Renan, do Internacional, vê o empresário como algo positivo. “Acho melhor ter um empresário. Ele não nos deixa sem clube para jogar”, diz.

Thomas Souza, 19 anos, é pernambucano, e se mudou para a Bahia na adolescência, após transferência no emprego de seu pai. Jogou nos Estados Unidos em 2005, no time Fuego (voltará para lá ainda em 2006), e já passou por sérios problemas por causa de empresário. “Um empresário nigeriano, ligou dizendo que estava tudo certo para me levar para o PSV Eindhoven, da Holanda, bastava pagar uma taxa. Quando eu ia pagar, a Interpol me ligou dizendo que rastrearam minhas ligações para esse empresário, e mandaram que eu me afastasse porque ele era procurado pela polícia”, diz.

Amor à camisa x profissionalismo

A legislação estimula o clube a vender rapidamente seus jogadores. Juntando-se a isso, o fato do atleta já ter um empresário que incentiva a transferência do jogador, cria um cenário propício para a saída dos atletas. “Não existem mais jogadores que ‘vestem a camisa’. O atleta está pensando em fazer seu ‘pé de meia’, sonhando em ser milionário”, diz Antônio Melhor. Essa discussão sobre o amor a camisa é polêmica, e para muitos, essa falta de ligação com um clube é também responsável por essa situação.

O jornalista esportivo Paulo Leandro, editor coordenador do A Tarde Esporte Clube do Jornal A Tarde, explica: “O objetivo dos jogadores passou a ser, não os títulos de campeão como fim, mas como meio para engordar a conta bancária dos empresários e do papai. Com a passagem da era moderna - quando existia uma identificação do clube com a comunidade e do cidadão com o clube do coração, se trocava de tudo, menos de time - para a era pós-moderna, quando não mais existem clubes locais, mas globais, e o transitório substitui a noção de perenidade, é possível que mude também a perspectiva e o olhar da criança. Mesmo se a oportunidade surgir no clube rival, salvo engano, uma noção de ‘profissionalismo’ acima de outros valores, faz crer que a resistência ao sacrifício diminuiu”, explica.

O exemplo desse ‘profissionalismo’ precoce para Paulo Leandro vem da sua própria casa. Seu filho, Hugo Leandro, 12 anos, que sonha em ser jogador de futebol profissional, diz ser torcedor do Vitória, mas jogaria sem problema no maior rival, o Bahia. “E se fosse jogar contra o Vitória eu jogaria normalmente, o que importa é a carreira”, completa Hugo.

Esse comportamento é quase um padrão para os garotos. “Eu gostaria de jogar no Bahia, ou no Palmeiras, mas jogaria com a mesma vontade no Vitória ou no Corinthians, os rivais”, diz Renato Silva, que já teve a oportunidade de treinar no Vitória, de futsal. Cada vez mais os jovens encaram a dupla Ba-Vi apenas como uma ‘vitrine’ para ir para outros clubes. “Os meninos buscam Bahia e Vitória como ‘trampolim’, pois ‘cai bem’ nos seus currículos, para ir, por exemplo, para algum time paulista”, afirma Thomas.

2 comentários:

Anônimo disse...

A vontade de ser jogador de futebol, começa na infância. Nos dias de hoje para ser um atleta de ponta, a preparação é diária e começa bem cedo. Observe este comentário abaixo:

Treino deste os 05 anos - Data nascimento 1994
Sou jogador de base
iniciei no futsal em escolinha e atualmente futebol de campo também sempre em escolinha
Sei jogar - treino porque confio em mim.
Não perderia meu tempo e nem vou fazer time algum perder tempo comigo.
treino todos os dias de segunda a sexta-feira - fundamentos - condicionamento físico e tático - tenho experiência em competições.
Hoje tenho 1,65 metros 09/10/2008
nos endereços abaixo você pode ver meus lances
http://br.youtube.com/watch?v=L6SKLegU_4I
http://br.youtube.com/watch?v=mk4Ap33Ak38
http://br.youtube.com/watch?v=u6XhnUFzOBs

Pagodeiros disse...

Sou de Vitória da Conquista eO queria ir pra um time pois sei q eutenho compatibilidade pra passa por divisões de bases e tenho certeza q sei joga e acreditO em miin