quarta-feira, 4 de junho de 2008

Bombeiro retorna para apagar o incêndio tricolor

Leandro Silva

“Não vou mais apagar fogo de ninguém, senão eu acabo me queimado”. Com essas palavras, um magoado Arturzinho se despedia do Fazendão no dia 3 de dezembro do ano passado, depois de alcançar o maior objetivo do clube no ano: subir para a Série B do Campeonato Brasileiro.

Exatos seis meses depois, eis que o bombeiro está de volta para tentar apagar o incêndio no mesmo Fazendão. Provocado pelo péssimo início de Série B sob o comando de seu antecessor, o paulista Paulo Comelli. Inferior até ao da campanha do rebaixamento para a Série C, em 2005, quando nesta mesma rodada, tinha sete pontos.

E ele confirma a fama de bombeiro. “Eu nunca peguei nada fácil. Principalmente, na Bahia. Quando me convidam é porque a situação tá complicada”, disse.

Artur já passou por situações parecidas no Vitória, quando alcançava o objetivo e era mandado embora, para depois voltar.

Segundo ele, a negociação foi muito rápida. O contato teria acontecido na manhã de ontem e ele aceitou na hora.

Arturzinho explicou o que lhe fez concordar. “Três fatores me fizeram aceitar a proposta. O primeiro é que o convite demonstrou um reconhecimento pelo que foi feito no ano passado. O segundo é que trabalhar no Bahia é sempre uma satisfação. E o terceiro é que eu acredito, por mais que seja difícil, no acesso”.

Surpresa – Quem apostou na queda de Comelli apenas trocou dinheiro. Mas quem adivinhou Arturzinho seria o novo técnico tricolor pode jogar na Megasena que vai se dar bem demais.

Arturzinho leva uma ligeira vantagem no aproveitamento na comparação com Comelli.
“Surpresa” e “inacreditável” foram as palavras mais mencionadas pela cidade com relação à volta do comandante.

Se confiavam no trabalho do treinador, porque não o mantiveram no cargo quando subiu para a Série B?

A justificativa para a sua demissão na época foi o pedido de R$ 50 mil de salário entre outras exigências. Ele reclamou pela ausência de contra-proposta.
Dessa vez, o técnico evitou falar em valores. “Foi comprovado que não era a parte financeira”.

Seis meses afastado do comando de qualquer clube, Arturzinho chegou com fome de trabalho e encerrou a entrevista com pressa. “Deixa eu ir que eu já tô atrasadão”.

Novidades – Ele desceu para o campo principal de treino e já comandou o primeiro coletivo. O goleiro Darci, que pediu para deixar o clube no ano passado, incomodado em ser reserva de Paulo Musse, foi mantido na equipe titular no treino.

“Não teve problema algum. Ele que não quis trabalhar. Se eu guardasse mágoa, eu não estaria aqui”, disse Arturzinho. O arqueiro colaborou com o discurso do professor. “Isso ficou no passado e eu quero colocar uma pedra em cima”, disse.

Se a volta do antigo comandante pode ter causado calafrios no goleiro, deve ter sido comemorada por outros jogadores como o volante Emerson Cris, que ganhou o colete de titular.

Homem de confiança de Artur na Série C do ano passado, ele formou o meio de campo ao lado de Fausto, Elias e mais uma novidade, o garoto Ananias.

O zagueiro Cléber Carioca barrou Padovani. Galvão e Cazarine foram mantidos. Alison e Marcone continuaram de fora. O primeiro fez um treino físico, enquanto Marcone faria exames em decorrência de uma contusão no tornozelo direito. Outro que ficou de fora foi o volante Totó, com uma lesão na coxa.

Queda– A saída de Comelli foi desenhada desde a derrota diante do Santo André. Depois do jogo que o Bahia não conseguiu marcar mesmo com um jogador a mais. Ele se despediu pela manhã e demonstrou resignação. “Isso é natural do futebol”.


Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 4/6/2008

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