Quando se fala em Brasil e Uruguai sempre é lembrada a final da Copa do Mundo de 1950, mesmo 61 anos depois. Domingo tem Bahia e Internacional pela Série A do Brasileiro e, do mesmo modo, não há como não relacionar com os dois jogos da final do Brasileiro de 1988, conquistado pelo Bahia. O tricolor deu 2 a 1, na Fonte Nova, com dois gols de Bobô, e empatou, sem gols, no Beira-Rio, dando a volta olímpica. Estas partidas me marcaram tanto que escrevi um livro A União de uma Nação, sobre aquele título, que resgata com detalhes daqueles dois jogos e todo o clima das duas cidades. Recomendo a leitura, mas para não me repetir, vou lembrar de um outro confronto entre os dois clubes que não sai da minha memória e é um dos mais emocionantes que já presenciei na Fonte Nova. O triunfo de 5 a 4, do Bahia, pelas oitavas-de-final da Copa do Brasil de 1994.
Naquele dia 24 de maio de 1994, o Bahia tinha um bom time e tinha conseguido um resultado até certo ponto bom no Beira-Rio, no jogo de ida, perdendo apenas por 1 a 0, com um gol de Paulinho McLaren, atacante rápido e oportunista que marcou muitos gols com as camisas do Santos e do Colorado. Com aquele placar, o tricolor levou a decisão para a Fonte Nova, onde era muito forte, e precisava de um triunfo com dois gols de vantagem. A equipe do Esquadrão era formada pela base que conquistaria o título baiano em agosto daquele mesmo ano, com o lendário gol de Raudinei.
O Bahia entrou em campo com o próprio Raudinei e com outros grandes destaques como o goleiro uruguaio Rodolfo Rodriguez, o lateral-esquerdo Serginho, o meia Uéslei e o atacante Marcelo Ramos. Quando a bola rolou, logo com um minuto de jogo, Serginho, que depois chegaria ao Milan e à Seleção Brasileira fez o primeiro gol, levantando a torcida. Faltavam ainda 89 minutos e bastava um gol para garantir a classificação tricolor. Caso o resultado permanecesse inalterado a decisão seria por pênaltis.
No entanto, aos 6 minutos, a confiança da torcida tricolor aumentou ainda mais com o gol de um dos maiores artilheiros da história do clube, o atacante Marcelo Ramos. Bastava segurar o placar, mas logo aos 15 minutos, Paulinho McLaren diminuiu e dois minutos depois empatou. Para completar, Mazinho Loyola virou, aos 25 minutos do primeiro tempo.
No segundo tempo, a situação já parecia definida. Marcelo Ramos ainda mandou uma cobrança de p~enalti no travessão e a situação ficou ainda pior quando, aos 18 minutos, Paulinho fez o terceiro gol no jogo e o quarto do Inter. O Bahia precisaria de 4 gols em 27 minutos para passar de fase. Missão quase impossível. Mas aos 24 minutos Uéslei, o Pitbull diminuiu, em linda cobrança de falta. Aos 40 minutos, Marcelo Ramos, também em linda cobrança de falta empatou. E, aos 45, Raudinei, sempre ele, fez o quinto.
O resultado não foi o bastante, mas todos que estiveram lá jamais conseguiram esquecer da noite dos nove gols, da incrível virada, e da corrida que o veterano uruguaio Rodolfo Rodriguez deu no atacante Paulinho McLaren. O goleiro saiu debaixo da trave do gol da ladeira da Fonte das Pedras em carreira desabalada até o vestiário do outro lado do campo, perseguindo o atacante, que teve que se esconder lá por baixo. Inesquecível!
Bahia: Rodolfo Rodriguez, Odemilson, Missinho, Advaldo NBA e Serginho; Maciel, Uéslei e Paulo Emílio; Gilson (Naldinho), Raudinei e Marcelo Ramos. Técnico: Joel Santana
Internacional: Sérgio Guedes, Silvan, Argel, Anderson e Ricardo; Élson, Daniel Frasson, Caíco (Alexandre Gaúcho); Mazinho Loyola, Mazinho Oliveira (Jorge Antônio) e Paulinho McLaren. Técnico: Antônio Lopes.
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