Considero as atuações do lateral-esquerdo Juninho Capixaba e do meia-atacante Élber como as mais consistentes do Bahia no início de 2020. Curioso é que os dois tiveram passagem pela base tricolor. O primeiro retornou este ano, por empréstimo, depois de se destacar no Brasileiro de 2017 e ser negociado com o Corinthians que o repassou ao Grêmio. Já o segundo não chegou a ser revelado pelo clube, seguindo trajetória na base até se destacar profissionalmente por Cruzeiro e Sport e retornar em 2018, doze anos depois de deixar o antigo Fazendão.
No time titular, pode-se dizer, então, que apenas Juninho foi revelado pelo Esquadrão. No elenco considerado principal, antes da fusão forçada pela pandemia, apenas o meia-atacante Marco Antônio fazia companhia, embora Saldanha, titular da equipe de transição, tenha atuado em uma partida da Copa do Nordeste.
Bem pouco para um clube com tradição de revelar grandes jogadores. Na conquista nacional mais recente, por exemplo, quatro titulares eram crias do Fazendão: Zé Carlos, Charles, João Marcelo e Ronaldo.
Um time do Bahia que me marcou bastante foi o de 1994, que surpreendeu no Brasileiro, com uma campanha consistente, chegando às quartas-de-final. Aquela equipe também chamava a atenção pela expressiva presença de talentos nativos. Uéslei, Marcelo Ramos, Jean, Paulo Emílio, Ronald, Samuel e Nilmar deixavam apenas quatro vagas restantes na escalação titular para aqueles que não começaram na base tricolor. Odemilson, Lima, Souza e Raudinei costumavam completar.
Chamava ainda a atenção o fato de que os sete ainda eram bem jovens naquela campanha. Ninguém tinha mais que 22 anos. Uéslei, Paulo Emílio e Ronald tinham 22, Jean, Marcelo e Nilmar, 21, e o caçula era Samuel, que começou o campeonato com 19.
Quase todos se destacaram naquele ano. Por isso, foram titulares juntos. Boas campanhas em competições de base e carências na equipe principal também já promoveram outras subidas em massa de peças da base depois daquela turma de 1994. O resultado, entretanto, não costuma ser o mesmo.
Em 2015, por exemplo, após o rebaixamento de 2014, o clube chegou a ter como titulares em um momento ou outro da temporada: os goleiros Omar, Jean e Douglas Pires, o zagueiro Robson, os laterais Railan e Vitor Costa, os meio-campistas Feijão, Bruno Paulista, Gustavo Blanco, Yuri e Rômulo, além do atacante Zé Roberto, que foi bastante utilizado. A maioria tinha chegado à equipe principal naquela temporada ou na anterior. Apesar do título baiano e de ter sido finalista no Nordeste, a equipe não alcançou o acesso para a Série A.
Fica claro, portanto, que não existe uma fórmula pronta para que as joias da base possam prosperar. Depois de passar um ano como reserva, Jean voltou à titularidade em 2017 e Juninho Capixaba também terminou o Brasileiro como titular. Após a saída da dupla, somente Eric Ramires e Marco Antônio chegaram a ser titulares em momentos dos anos de 2018 e 2019.
Alguns dos outros nomes revelados pelo clube que foram titulares e nos deram alegrias, em diferentes medidas, no atual século foram: Nonato, Daniel Alves, Mantena, Jair, Danilo Gomes, Luís Alberto, Cícero, Elias, Valdomiro, Chiquinho, Neto Apolônio, Neto Potiguar, Paulinho, Bruno, Ávine, Marcone, Eduardo Neto, Rafael Bastos, Danilo Rios, Ananias, Paulo Roberto, Gabriel, Mádson, Pará e Talisca.
publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 04.06.2020
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