Seja com a camisa 11 ou com a camisa 9, que marcaram suas passagens pelo Bahia, Nonato sempre demonstrou enorme aptidão para balançar as redes. Qualquer teste vocacional que ele, por ventura, viesse a fazer que não apontasse centroavante como resultado falharia terrivelmente. No próximo domingo, dia 5, o menino revelado pelo Tricolor, dono de estilo folclórico e boêmio, completa 41 anos.
Curioso é que se hoje em dia o atacante é praticamente uma unanimidade com relação à torcida, na época em que atuava com a camisa do clube, ele costumava dividir opiniões. As visões sobre Nonato pareciam seguir aquela lógica do copo meio cheio ou meio vazio. Havia quem reclamasse dos gols perdidos, mas eu sempre estive do lado dos que se deixavam inebriar pela felicidade causada por cada um dos 125 gols marcados com o manto tricolor, principalmente aqueles que maltratavam o rival.
Para mim, o posicionamento de Nonato compensava qualquer falha apontada pelos outros. Ele parecia sempre prever onde a bola iria estar em condições de balançar as redes. Seja originada de um companheiro, corte do zagueiro, rebote do goleiro ou da trave. Lá estava ele para finalizar. Vi muita gente com mais habilidade ou técnica que não teria como rivalizar com Nonato no quesito posicionamento.
Se dividia a torcida enquanto defendia o clube, fiquei emocionado ao comprovar o carinho e respeito que ele tem hoje, quando foi aplaudido efusivamente pela torcida tricolor em Pituaço, durante partida do Baiano deste ano, vestindo as cores do Vitória da Conquista. Atitude exemplar que poderia ser replicada mais vezes.
Maior artilheiro do clube no atual milênio, e sétimo maior goleador de todos os 89 anos, o paraense tem o nome gravado com letras garrafais na história do Esquadrão. Esteve em evidência em quase todos os grandes momentos do Tricolor na primeira década do século XXI. Seja nas conquistas do Nordeste de 2001 e 2002 ou no Baiano de 2001, na grande campanha do Brasileiro de 2001, ou no acesso para a Série B, em 2007, era sempre ele o goleador.
Jogou em 2000, mas começou a se firmar em 2001. Na nona rodada do Campeonato do Nordeste, foi escalado ao lado de Robgol. Cada um fez dois gols na goleada por 4 a 1 no Ba-Vi. Desde então, o entrosamento entre os dois só fez crescer. Certamente, é uma das duplas de ataque mais marcantes da história do Esquadrão. Na final, Nonato fez dois gols no triunfo de 3 a 1 sobre o Sport, que garantiu o título.
No mesmo ano, foi campeão baiano e se destacou no Brasileiro em que o Bahia chegou às quartas de final. Na goleada por 4 a 0 contra o Atlético Mineiro fez um dos gols mais bonitos do Esquadrão, com direito a lindo chapéu no zagueiro Djian. No ano seguinte, voltou a ser decisivo na conquista do Campeonato do Nordeste. Formando o “trio elétrico” de ataque com Sérgio Alves e Robgol, Nonato marcou 12 gols, atrás apenas de Sérgio Alves na artilharia geral.
Na fase decisiva, fez o gol da classificação na semifinal contra o Náutico, marcou mais uma vez no triunfo por 3 a 1 na primeira partida da final contra o Vitória, na Fonte. No Barradão, fez os dois gols do empate por 2 a 2, que garantiu o troféu de 2002. Em 2003, ainda foi artilheiro da Copa do Brasil, marcando nove gols, na época, ele também havia se tornado o maior goleador do clube na competição, com 15 gols.
Em 2007, retornou ao Bahia e foi imprescindível na campanha do acesso para a Série B, balançando as redes 19 vezes, atrás apenas de Túlio na artilharia geral. Chegou como 12º maior goleador do Bahia e saiu como sexto, sendo ultrapassado apenas por Marcelo Ramos desde então.
publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 02.07.2020
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