Com o vexame da goleada sofrida para o Fluminense, a passagem do treinador
Falcão pelo Bahia chegou ao fim. A torcida tricolor será eternamente grata pelo título baiano que acabou com o incômodo jejum. Como legado, fica a valorização
de Gabriel. O garoto já demonstrava qualidade desde o Brasileiro passado, mesmo jogando, quase sempre, fora da sua posição, com René Simões e Joel Santana. Falcão, então, fixou o jogador na meia-direita, deu moral, ele foi o craque do Campeonato Baiano, e já deu 20 assistências para gols nessa temporada.
Falcão valorizou Gabriel, mas parece ter se tornado refém do seu maior
mérito. Como encontrou um lugar para o garoto, bem aberto numa linha de
quatro jogadores no meio de campo, Falcão passou o resto do tempo
tentando buscar um espelho do camisa 8 para jogar aberto pelo lado
esquerdo. No entanto, não havia um outro Gabriel no elenco. E, com essa
convicção, o treinador prejudicou Morais, Magno, Zé Roberto e, por
último, Mancini, forçando-os a jogar abertos pela esquerda, quando,
claramente, rendem melhor centralizados.
O Mancini da Roma seria um
ótimo nome para acabar com a procura de Falcão, mas o camisa 10 que
estava no Atlético não tinha mais condições de ser esse cara. E insistir
nisso prejudicaria o jogador e o clube. Mais centralizado que antes, o ex-atleticano jogou melhor e fez até gol contra o Coritiba, enquanto teve fôlego. Zé Roberto também evoluiu sem ter que jogar aberto pela esquerda, como quando era utilizado por Falcão.
Outro erro grave de Falcão era deixar o atacante Ciro esquecido no elenco tricolor, ficando, muitas vezes, fora até do banco de reservas. A seu favor, pode-se dizer que o pernambucano ainda está devendo no Bahia, mas há de se lembrar que o jogador teve poucas chances em boas condições. Quase sempre que foi utilizado jogou isolado no ataque ou ao lado de Júnior. Uma cena emblemática da sua relação com Falcão aconteceu na partida de volta da Copa do Brasil contra o Grêmio. Depois de passar quase toda a partida sem receber uma bola em boas condições, ele fez uma boa jogada e arriscou. Logo depois avisou ao treinador que era a primeira bola que ele recebia. Uma parceria com Souza precisa ser melhor testada, mas pareceu bem promissora no final da partida contra o Coritiba.
Exemplo de 2010 - Quando Renato Gaúcho passou pelo Bahia em 2010, um de seus
maiores méritos, que acabou sendo muito útil para o acesso alcançado com
Márcio Araújo no comando, foi recuperar e valorizar dois jogadores
revelados no clube: Ávine e Marcone. Que Caio Júnior saiba aproveitar a valorização de Gabriel sem ficar refém dela.
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